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E então, chegamos na décima semana. Décimo sábado.

Encontrar Jimin em uma balada na décima semana fora, sem dúvidas, a melhor coisa que me aconteceu. Ele sorriu quando me viu, disse que tocou a campainha do meu apartamento e tentou me ligar diversas vezes para que pudéssemos ir juntos. E era verdade, ele o fez, mas eu passei o dia inteiro trabalhando e meu celular, por acaso, caiu dentro de um aquário — nem me pergunte como aconteceu.

E novamente, acreditei que o destino havia dado um jeito de nos juntar.

Admito que nunca vi Jimin tão lindo como naquela madrugada. Queria desabotoar cada botão de sua blusa social, morder suas orelhas que continuavam lindas sem as argolas costumeiras, e acima de tudo, queria beijá-lo. Queria beijar cada cantinho de seus lábios, cada perfeição de seu belo rosto e falar tudo que sentia pela sua pessoa. Creio que demoraria um dia para dizer tudo, porque meus sentimentos por Park Jimin são loucos e transbordam meu ser; nunca fui tão apaixonado por alguém.

Após a terceira dose de tequila, eu já estava solto demais. Comecei a brincar com seu rosto e arrancar sorrisos acompanhados de risadas manhosas do ruivinho mais lindo do planeta terra. Ousava alisar suas bochechas, afagar o lóbulo de sua orelha, e elogiar seus olhos sem vergonha alguma;fiquei tão mais apaixonado naquela noite... Elogiava-o de formas tão românticas que suas bochechas ficavam rubras. Desviava os olhos sorridentes sempre que algo fofo saía da minha boca, era tímido, mas sempre me olhava novamente porque queria ouvir mais.

No relógio marcava três da manhã quando Jimin fez uma cara de tédio e me chamou para caminhar enquanto chupava um pirulito de cereja. Perguntei o porquê dele sempre chupar o mesmo sabor de pirulito — acabei notando após um tempo de convivência —, e fiquei surpreso ao descobrir que ele curtia o sabor porque substitua o cigarro que na adolescência fora viciado. Fiz uma típica cantada sobre ele poder viciar-se na minha boca, eu iria substituir seu vício, sendo ele cigarros ou pirulitos. Deixei-o mais risonho e bonito conforme caminhávamos.

Na rua, todos passavam apressados enquanto ele se divertia com os gatos abandonados, atravessou a rua para entregar sua garrafa de água para um morador de rua e explicou o endereço de uma balada em alemão para um estrangeiro perdido, que agradeceu com um sorriso agradecido.

Incrível. Park Jimin é incrível.

Estávamos dentro de uma farmácia que funcionava vinte e quatro horas, analisando os poucos sabores e marcas de sorvetes que tinham lá. Pagamos o farmacêutico mal-humorado e levamos o sabor de morango de uma marca que não conhecíamos.

Eu gostava muito quando ele ficava em silêncio e desviava o rosto com um sorrisinho nos lábios. Seus olhos sorriam, suas bochechas sorriam, e seus lábios sorriam. Era uma mistura linda demais para uma pessoa como eu observar, acabei não aguentando e o agarrando por trás quando entramos em uma rua pouco movimentada. Automaticamente, nossa caminhada tornou-se lenta e cheia de tropeços, abraçá-lo por trás era péssimo quando estávamos andando, admito, mas nos rendeu boas risadas. Além de que pude deslizar meu nariz pela curva de seu pescoço e cheirar todo aquele perfume masculino e doce que Jimin emanava.

— Olha ali. — Ele apontou para a praça vazia, coberta por árvores verdes e iluminada apenas pela luz da lua. Havíamos chegado no bairro em que ele cresceu, perto da casa de sua mãe.

Nos sentamos sobre a mesa de xadrez da praça e começamos a comer — tentar para falar a verdade — o sorvete com a péssima colher de plástico que o farmacêutico nos deu. Acabamos desistindo de comer aquela porcaria na décima tentativa.

— Viu? Está do meu tamanho agora. — Falei, mordendo o lábio com um sorriso travesso.

Sempre soube que Jimin se irritava quando eu caçoava sua altura. Eu adorava.

Apenas estávamos do mesmo tamanho, porque eu permaneci sentado na mesa baixa da pracinha, e ele havia ficado de pé.

— Quer que eu quebre seus belos dentinhos de coelho, não é? — Disse com seu sorriso maligno maravilhoso estampado na face.

E é claro que eu puxei-lhe a cintura e abri minhas pernas para que ficássemos um pouco mais próximos, já que toda a distância era extrema quando o assunto era eu e Park Jimin.

Abençoada seja aquela praça vazia. Jimin estava do meu tamanho e por isso eu podia vê-lo perfeitamente. Pude sentir aquela bagunça louca no estômago, como quando tivemos nossa primeira conversa. Não hesitei em abraçá-lo, envolvendo suas costas com os braços e fungando a fragrância que vinha de seu corpo. A sensação de seus dedos mergulhando nos meus cabelos era deliciosa, tão deliciosa quanto ouvir seu coração tão acelerado quanto o meu.

Seu coração estava acelerado. Demais. Foi o suficiente para mim...

Não tenho orgulho algum de dizer que já coloquei tudo quanto é tipo de droga na boca quando era mais novo, porém, posso falar que tenho muito orgulho de contar que de todas elas, a mais alucinante era o gosto da sensação dos lábios carnudos de Jimin sobre os meus.

Nos agarramos como nunca antes naquela mesa de praça, pude beijá-lo como sempre quis, da forma que desejei desde que ele pediu para que eu segurasse o elevador pela primeira vez. Puxava seu lábio inferior com a boca, e curvava meu rosto sempre que desejava sentir mais a sensação das nossas línguas juntas, das nossas bocas se tocando. Jimin ficava todo manhoso quando eu mordia seus lábios e apertava sua cintura, e ele conseguia me deixar do mesmo jeito quando decidia sugar meu lábio inferior e arranhar minha nuca.

O resto da madrugada fora baseada em amassos e gemidinhos, nosso sorvete virou uma sopa e o céu estrelado se iluminou. Levei-lhe em casa quando o tempo passou a esfriar, pois ele mesmo já havia me dito que pegava resfriado facilmente e com pouquíssima friagem. E é claro que o levei na casa de sua mãe, porque levar-nos até o nosso prédio poderia demorar muito. Não queria que ele ficasse doente.

Jimin ficou todo bobo quando soube que eu me lembrei daquele pequeno detalhe sobre si.

Não é preciso dizer que eu fui para casa saltitando naquele dia, certo?

Agarrei meu travesseiro, rolei na cama, cantarolei no banho, e sonhei com corações dançantes. Não me julgue, eu estava completamente apaixonado.

O ruivinho do quinto andar {jikook}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora