03 | casar?

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Não era só meu pressentimento que me dizia que havia algo de errado, era também o clima que habitava aquela mansão na qual eu cresci. Passei por nosso mordomo, comprimentando-o e seguindo para a sala do meu pai, me deparando com minha mãe em pé ao lado de meu pai, que estava sentado.

- Olá, pai, mãe. - digo.

- Por favor, filho, sente-se. - engulo o seco, sentando na cadeira em frente a mesa dele.

- Aconteceu alguma coisa? Algum parente morreu? - pergunto, preocupado.

- Filho, nós dois temos algo muito importante para lhe falar. - minha mãe disse, sua cara não era nenhum um pouco boa.

Apertei minha própria mão de nervosismo, não estava gostando nem um pouco do tom de voz que ela usará, era como se um funeral fosse ser anunciado a qualquer momento.

- Filho, você sabe muito bem que eu queria que você seguisse meus passos, que se tornasse um homem de negócios como eu. - concordo com a cabeça, afinal, meu pai nunca escondeu esse desejo dele.

- Achei que já havíamos chegado à conclusão de que eu poderia seguir meu caminho, conversamos sobre isso. - digo, sem entender o rumo dessa conversa.

- O problema é que.. as coisas mudaram.

- O que? Como assim mudaram?

- Estamos fazendo isso para o seu bem, querido. - minha mãe se intrometeu.

Eu não estava gostando nem um pouco do rumo dessa conversa.

- Eu conversei com alguns dos meu sócios a uns meses, foram longas horas de reunião, mas no fim chegamos a uma conclusão. - prendi a respiração. - Você terá que se casar com a filha de um de meus sócios, para manter a empresa em nosso sangue e obter mais lucros.

- Você só pode estar brincando. - isso precisava ser uma brincadeira.

- Infelizmente é verdade. - meu mundo estava caindo bem diante dos meus olhos.

- Você já se divertiu bastante tentando viver essa vidinha como fotógrafo como sempre sonhou. - ele revirou os olhos. - Mas não posso dispersar meu único filho deixando que siga uma profissão tão inferior como essa.

- Você disse que eu podia seguir meu sonho. - a essa altura meus olhos já estavam embaçados pelas lágrimas que queriam cair.

- Olha, eu atendi o pedido de sua mãe para deixar que você tivesse seus momentos de liberdade e mesmo contra a minha vontade, eu deixei que você tivesse seus dias de alegria.

Olhei para minha mãe, que evitava olhar para mim.

- Você sabia, mãe? - ela assentiu. - Você sabia e mesmo assim permitiu isso? Vendeu meu futuro por causa dessa porcaria de empresa?! - me altero.

- Me desculpe.. - ela murmurou.

- Como vocês podem? Que tipo de pais são esses que nem sequer pensam em seu próprio filho? - pergunto, as lágrimas já corriam livremente e minha voz se eleva. - Vocês sabem o quanto eu amo meu trabalho! E mesmo assim.. Mesmo assim foram capazes de me trair da pior forma possível.

- Isso tudo é para o seu bem! - meu pai disse, firme.

- Não, não é! - me levanto. - Isso é porque você é um egoísta que só pensa em si mesmo ou em dinheiro! É sempre dinheiro, não é? Cada vez mais e mais, sem se importar com quantas pessoas você pisa nesse processo. - eu já não me preocupava se estava gritando com meus pais.

- Abaixe esse tom de voz comigo, garoto! Sou seu pai, você me deve respeito.

- Por que eu deveria respeitar alguém que nem sequer faz o mesmo comigo?

Noivo em Fuga • jjk + jmWhere stories live. Discover now