1 - parte 2

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DISPONÍVEIS ALGUNS CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.

Entrar no "camarim" dos modelos depois foi ainda mais humilhante do que pensei. Todos os olhares se voltaram para mim, eu não era a única intrusa ali, mas era a única acima do peso. Fingi que não me importava e puxei Lilian para perto.

— Então, Lil? Qual deles?

— Ah não, não funciona assim. Temos que conversar com alguns deles primeiro.

Aproximei-me do musculoso monstruoso, que provavelmente não conseguia ver o próprio pau que Lil citou, e comecei as perguntas. Ele me contou um pouco de sua história, do porque se tornou fitness, e eu confesso que esperava mais do que apenas querer aparecer, como era o caso dele. Ele era entediante e não precisei de Lilian me dizer isso para saber. Passei para o próximo, um japonês que tinha tantos músculos que parecia que suas veias esticadas se romperiam a qualquer instante. Ele parecia legal, mas falava português muito mal e eu não falava japonês, então, fui procurar outro.

As modelos femininas estavam em um canto, eram um número bem menor do que os masculinos e fiz uma anotação mental de não me aproximar delas de jeito nenhum. Mas, antes que tivesse a chance de falar sobre isso com Lilian, a ouvi gritar.

— Dustin, poderia nos conceder um momento?

E Dustin, o grosso, estava justamente rodeado pelas modelos fitness femininas. Bufei irritada e segui Lilian, não tinha outra escolha.

— Olha o que temos aqui. A observadora. Gostou do que viu, boneca? Acha que consegue falar comigo olhando meu rosto? — provocou ele assim que me viu, com um enorme sorriso arrogante no rosto.

Senti meu rosto quente e soube que estava corando. Eu detestava ser tão branca. Coloquei a franja enorme que caía sobre meu olho atrás da orelha e fingi indiferença.

— Você está vestido, então não vejo problema.

Ele riu, e uma mulher musculosa (que eu particularmente não acho bonita) que estava pendurada nele fez uma careta de desdém medindo-me com os olhos. Sua cara de reprovação ao meu corpo logo ficou estampada, mas para deixar evidente, ela ainda balançou a cabeça.

— O que uma garota como você faz por aqui? Veio nos tomar como exemplo para entrar em uma academia? Querida, você está precisando. Acredite, academia faz milagres.

— Na verdade, eu vim ver se o cérebro de vocês sobrevive apesar dos anabolizantes, mas pelo visto não. — retruquei tentando manter a calma.

Dustin riu alto, irritando ainda mais a miss músculos.

— Uou, a bonequinha é esquentadinha. E bem bonitinha — comentou ele.

— Ah, essa coisinha redonda? É, ela é fofa! — falou outra miss músculos pendurada nele.

Pelo menos eu tenho peitos de menina! Pensei em gritar, porém, apenas dei meia volta para escolher logo algum saco de músculos e ir embora, mas meu braço foi agarrado por uma mão enorme e quente. Virei-me para trás para encontrar aquele par de olhos negros cravados em mim.

— O que você quer aqui, boneca?

Bem nessa hora, a vaca da Lilian, que havia se afastado conversando com um dos deuses musculosos, apareceu empolgada gritando:

— Big, venha! Achei seu cara!

Enfiei o rosto nas mãos, por que ela tinha que usar meu apelido justo ali?

— Big? — o grosso perguntou com um risinho e a mulher feia pendurada nele acompanhou a gargalhadas.

Saí o mais rápido que pude e jurei matar Lilian quando chegássemos em casa.

— Esse cara aqui se tornou fitness porque era obeso. Ele teve um princípio de derrame por excesso de gordura e decidiu que deveria malhar para sobreviver, e agora é essa coisa toda que você está vendo.

— Douglas, prazer.

O musculoso a nossa frente estendeu a mão em minha direção e a peguei.

— Carolina, o prazer é meu. A Lilian te explicou do que preciso?

— Claro, você quer me seguir por uma semana e fazer um documentário com minha vida fitness, sem problemas. Isso de você postar em um canal conhecido do YouTube é verdade, não é? — Assenti e ele suspirou aliviado e feliz. — Ótimo, preciso de um patrocinador então essa propaganda será muito bem-vinda.

— Que bom! Vou deixar com você meu telefone, precisamos começar na segunda, então me ligue assim que for treinar para que eu possa acompanhá-lo.

Combinamos assim e nos despedimos. Lilian deu também seu telefone a ele, e quando perguntei porque ela estava fazendo isso, disse que era porque ela estava bastante disponível para ele, que apenas riu da tentativa dela. Quando estávamos saindo, um pé enorme surgiu do nada a minha frente fazendo-me tropeçar, mas duas mãos enormes me seguraram e aqueles olhos negros estavam acompanhados de pequenas rugas de expressão.

— Cuidado onde anda, Big, nos vemos por aí.

— Espero que não — respondi saindo finalmente daquele lugar.

— Adorei o Douglas gatinho, mas sendo bem sincera... — ela mordeu o lábio e calou-se.

— O que foi, Lil? Acha que escolhi o cara errado?

— Ah, qual é, Big, nós duas sabemos que o Dustin era o cara certo. Ele pode ser estranho, mas é o mais famoso, veio de fora, sem falar que o passado dele é um mistério. Sinto muito, mas ele teria garantido sua nota máxima nisso.

— Para onde vamos agora, Lil? — perguntei mudando de assunto.

Passar uma semana seguindo Dustin como um cachorrinho estava fora de cogitação.

— Uma lanchonete. Pelo amor de Deus, tantos músculos me deram fome.

De uma maneira geral, até que foi mais fácil do que eu imaginava.

DEGUSTAÇÃO - Um grande problemaOnde histórias criam vida. Descubra agora