4 - parte 2

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DISPONÍVEIS ALGUNS CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.

Cheguei exausta ao apartamento e joguei minha mochila no chão. Lilian estava estirada no sofá vendo televisão e eu sabia que já havia passado de sua hora de dormir.

— Acordada a essa hora, Lil? Aconteceu alguma coisa?

— Como foi com o professor? Pela hora que chegou imagino que ele não a tenha deixado trocar de profissão.

Notei que ela mudou de assunto, mas conhecendo-a bem, sabia que era só uma questão de minutos para ela colocar para fora.

— Ele não deixou, foi chato como sempre. Estava com o Dustin, ele me deixou esperando por três horas no saguão do hotel e depois foi o mais idiota possível comigo. Mas, depois que explodi com ele, acho que vamos ficar bem. Ele até respondeu algumas coisas, e Lil, acho que ele tem algo de sombrio. Não sei explicar...

— Você gravou? Eu gostaria de ouvir.

Joguei o celular para ela e cruzei os braços, esperando que me dissesse o que a manteve acordada até aquela hora.

— Sua mãe ligou — ela disse depois do que me pareceram horas.

— Hum, e o que ela queria?

Ela me lançou aquele olhar de sinto muito e soube que já ia me aborrecer.

— Um minuto — pedi.

Corri à cozinha e me preparei um chocolate quente. Eu o estava evitando há semanas, porque era um vício meu e eu precisava controlar meu peso. Mas, quando o assunto era minha mãe, eu realmente precisava de algo que me adoçasse antes de discutir.

Voltei à sala e a vi revirar os olhos em desaprovação. Sentei-me de frente para ela e fiz um gesto com a mão para que ela prosseguisse, enquanto matava a saudade do meu amigo delicioso, o chocolate quente.

— Ela queria lembrá-la que o desfile da Carine é na quarta. — Continuei olhando meu chocolate e ela completou — É o primeiro desfile dela, e ela espera que você vá.

Quase cuspi meu chocolate maravilhosamente quente.

— Eu? Para quê? Para ela poder me usar como exemplo de fracasso da família e exaltar como a Carine deu certo? Para ela poder dizer que apesar de ter minha influência, a caçula conseguiu ser o que ela sempre esperou que eu fosse? Não, obrigada. Fico feliz pela minha irmã, mandarei uma mensagem de parabéns para ela, mas de jeito nenhum vou colocar os pés naquele lugar.

Ela sentou-se no sofá e esperei por seu sermão. Lilian geralmente era dócil, mas quando eu fazia algo que ela considerava errado, enchia meu saco até me fazer mudar de ideia. Ela passaria a noite acordada se fosse preciso para me fazer ir à porcaria do desfile da minha irmã.

— Olha, Big, eu sei que é difícil lidar com sua mãe e toda essa pressão dela pelas filhas perfeitas, mas é sua irmã. Ela não tem culpa. Ela estava ali quando você passou no vestibular, estava ali quando perdeu sua virgindade, até mesmo quando conseguiu sua habilitação, lembra? Ela sempre esteve ali por você.

Maldita amiga dramática!

Deixei cuidadosamente minha caneca de chocolate de lado, e então, furiosamente, atirei a primeira almofada em Lilian.

— Eu te odeio, Lilian Esmeralda! Te odeio!

— Não grite meu segundo nome, sua vaca! — retrucou irritada.

Ela pulou sobre mim e por alguns minutos doloridos e divertidos, esqueci-me de que teria que ser, mais uma vez, o patinho feio para a família.


Quando saí do banho, ouvi apenas o grito de Lilian. Corri para a sala e ela estava com meu celular na mão, um fone de ouvido e se abanando desesperadamente.

— O que houve? Lilian?

Ela tirou o fone e andou até mim, parecendo sentir alguma dor no pé da barriga.

— Caralho! Ele disse para você! Ele disse, ele bateu uma pensando em você e consegue imaginar como é a sua... Caralho! Como você aguentou isso? Eu juraria que você pulou em cima dele e por isso demorou tanto, mas a gravação continuou com seu grito e seus passos para longe!

— Ele é assim, Lilian. Estava apenas me irritando.

— Essa voz era de um homem repleto de tesão e não de deboche.

— Ah, você também não! Ele é um muso fitness que tem uma mulher linda disponível a cada noite em sua cama. Eu sou apenas eu, acima do peso, desleixada e que não consegue fazer um homem gozar. Ele não estava com tesão, estava tirando uma com a minha cara. Mas conversamos sobre isso e ele não fará mais.

Ela começou a rir.

— Ah Big, ainda vamos ter longas conversas na madrugada sobre Jake Dustin. Esteja preparada, amiga, porque ele é o cara.

— Que cara?

— Que vai tirar essas teias de aranha.

— Rá, rá, rá. Ridícula!

— Estou com inveja de você, estou mesmo.

Tirei o celular de sua mão e fui para o quarto. Tranquei a porta, voltei a gravação para o início e esperei seu tom de voz mudar e ele começar a falar aquelas obscenidades para usá-lo como inspiração para um orgasmo solitário. Pelo menos eu tinha uma voz gostosa e algumas frases sujas para ajudar na imaginação e foi mais rápido do que nas outras noites.

— Para alguma coisa sua idiotice serve, Jake Dustin.

DEGUSTAÇÃO - Um grande problemaOnde histórias criam vida. Descubra agora