Capítulo 2.

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Olá, meus amores.

Andrew estava reaprendendo algumas coisas, descobriu que fazia exatos dez anos que estava trancado no porão, desde que tinha três anos. Isso era muito tempo pelo o que todos tinham lhe contado, era no total três mil e seiscentos e cinquenta dias, a enfermeira tinha lhe dito isso, ele não compreendia realmente se o número era tão grande assim,, afinal sua rotina era sempre igual, todo dia parecia com o anterior, a mesma comida, as mesmas pessoas, tudo exatamente igual, não parecia que tanto tempo tinha passado.

Andrew estava muito atrasado em algumas coisas, durante todo aquele tempo no porão ele não teve direito á aprendizado, lazer, saúde ou qualquer outro direito básico, porém ele aprendia muito rápido. Andrew estava lentamente voltando á vida depois de dez anos trancafiado em um porão!

Andrew desenhava um vaso de flores, não sabia se o desenho estava bonito, mas imaginava que sim. Ele gostava muito de desenhar, isso o acalmava muito, ele sorriu fracamente ao ouvir a porta sendo aberta, achou que fosse a enfermeira, mas normalmente ela o cumprimentava em uma voz alegre, não houve um cumprimento dessa vez, quem seria?

Não é Esme — Andrew resmungou baixinho, sua voz meio chateada, ela sempre lhe trazia livros interessantes, alguns eram contos de fadas, Andrew gostava muito de que lessem para ele, pois ele ainda não sabia ler, a voz de Esme era sempre agradável e amigável.

— Ah, não mesmo, sou Logan — Uma voz masculina respondeu em tom de riso divertido, se sentando em uma poltrona — E eu sou muito mais legal que Esme.

Andrew negou com sinceridade, voltando a sua atenção ao seu desenho, Logan sorriu, ok, Andrew era realmente uma criança fofa e pequena.

Logan olhou para o desenho, vendo riscos tortos, círculos mal-feitos, o que o garoto deveria estar desenhando? Tentou interpretar o desenho, mas era difícil, talvez fosse apenas rabiscos indefinidos mesmo? Logan continuou olhando por minutos á fio até se cansar. Arte não se interpreta, mas se sente, ele tinha lido algo assim há algum tempo.

O menino de treze anos era adoravelmente baixinho, tinha um metro e quarenta, era muito magro para a sua idade, ele estava sendo tratado por um nutricionista para chegar ao peso que deveria. Logan avaliou os olhos escuros, onix, parecia belas joias escuras, os cabelos do garoto eram escuros também e ondulados, sua pele escura e com cicatrizes pálidas e rosadas.

Talvez Andrew fosse bonitinho se fosse mais saudável? Logan tinha descoberto há pouco tempo que nem mesmo as vacinas o garoto tinha tomado, por isso ele estava tomando as vacinas agora e sendo mantido longe dos outros pacientes.

A imunidade do garoto era baixa demais.

Andrew bocejou cansado, puxando a coberta para si, pegando o lápis de cor e pintando o desenho. Ele queria sair do quarto, mas não podia, Esme e um médico tinham lhe explicado que para melhorar era necessário ele ficar ali, bem, Andrew também não queria se afastar muito de seu quarto, apenas ir lá fora um pouco.

— Andrew, eles te batiam? — Logan perguntou curioso, imaginando se aquele garotinho tinha sido severamente abusado.

Andrew pareceu encará-lo, seus olhos ônix escuros aparentavam estar o olhando, era assustador e medonho, o menino deu um sorriso antes de inclinar a cabeça como um cachorro confuso faria, Andrew bocejou sonolento, piscando devagarzinho. Logan sabia que o menino era cego, mas mesmo assim se sentia sendo encarado, era assustador, os olhos escuros eram tão tristes e vazios como um túnel cheio de escuridão, era angustiante ver o brilho triste naqueles olhos.

Não todo dia — Sua voz soou baixinha no silêncio profundo do quarto, Andrew focou-se novamente no desenho.

Logan o encarou meio preocupado, o garoto parecia estar muito relaxado enquanto falava sobre os seus pais, ele nem mesmo tinha perguntado sobre os seus pais, parecia quase que não se importava com eles. Bem, Logan entendia, por que Andrew teria que se importar com pessoas cruéis e tão sádicas realmente? Não faria sentido, mas ele não estava tão acostumado á presença de estranhos, bem, talvez Andrew estivesse se esforçando para ser corajoso?

Andrew deixou o desenho rabiscado de lado, Logan o viu se deitando, mas o garoto não fechou os olhos, apenas parecia estar distraído em seus pensamentos, o que se passava naquela mente? Andrew se encobriu com a coberta quentinha e listrada do hospital, ele dobrava a manta em seus dedos, logo voltando á alisá-la, talvez um pouco nervoso, o que ele estava pensando?

— Hum... — O garoto resmungou sem saber muito bem o que dizer, sentia que estava sendo observado, não tinha ouvido aquele homem estranho indo embora, a porta não tinha batido, então ele estava esperando a pessoa ir embora para poder dormir, não conseguiria dormir enquanto tivesse alguém no quarto com ele.

— Bem, preciso ir, logo retornarei — Logan se despediu ao perceber o desconforto do mais novo, Andrew ficou quieto, ouvindo os passos, contando-os para conferir se ele realmente tinha ido embora.

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Andrew fechou os olhos escuros, caindo em um sono cansado e profundo, ele abraçava um urso de pelúcia velho, mas ainda fofo e decente, principalmente limpo, esse brinquedo o acalmava um pouco, era bom abraçar algo que não podia te machucar.

Andrew apertou o ursinho em seus braços, balbuciando algumas palavras enquanto dormia. Ele se virou na cama, se deitando em posição fetal e dormindo silenciosamente, Andrew colocou o seu polegar sobre os lábios, apenas os tocando e não o chupando.

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A situação de Andrew era difícil de lidar, ele estava tendo problemas por ficar em um hospital, estava em uma área mais afastada, porém ainda podia pegar doenças e infecções com facilidade por sua imunidade baixa.

Sua altura nunca se igualitariam com os de outras crianças de treze anos, talvez mais tarde ele ainda tivesse problemas de saúde, mas ele ficaria bem logo.

O quadro não era tão fácil de reverter. Por mais refeições, remédios e descanso que Andrew estivesse tendo ultimamente parecia que ele não estava melhorando de verdade, o garoto ainda parecia magro, ainda falava erradamente, sua saúde seguia sendo frágil. Eles sabiam que estavam obtendo algum resultado pois todos os dias Andrew comia um pouquinho mais sem vomitar, porém ele ainda era magro demais e isso era realmente preocupante.

Andrew não podia se aproximar dos outros pacientes, com facilidade ele poderia pegar uma gripe que o derrubaria, por isso o mantinham afastado de todos, não era por mal, era algo necessário.

Andrew ficava no quarto, pintando ou dormindo. Ele não tinha muito o que fazer de qualquer modo, era um pouco entediante estar sozinho, mas ele estava bem e ninguém o machucava, isso era ótimo, não é?

















❤💙❤💙❤💙❤💙❤💙❤💙❤
Se houver algum erro, me avise para eu conferir depois, ok?

Obs: eu achei que tinha postado esse capítulo 😅 mas agora tá aí. O que acharam?

Até o próximo capítulo, meus amores.

Através da Escuridão.Where stories live. Discover now