Capítulo 4.

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Olá, meus amores.

Andrew tinha uma rotina. Algo que o mantinha calmo e de bom humor, uma rotina fácil de ser suportada afinal.

Andrew acordava, ia ao banheiro, escovava os dentes e lavava o seu rosto para acabar com os resquícios de sono que ele ainda tinha. Quando ele voltava ao seu quarto, ele recebia o seu café da manhã, as vezes eram frutas em cubos (ele gostava de uvas e maçãs, achava melancia muito aguada e estranha, não gostava de frutas cítricas como laranja), as vezes ele um bolo de limão, panqueca ou mingau de aveia (que ele não gostava tanto, por causa da consistência estranha, mas ele comia pois não gostava de desperdiçar comida).

Após o cafê da manhã, Andrew conversava com Esme, ela falava muitas palavras complicadas que ele sinceramente não entendia, porém achava que não eram coisas malvadas, pois ela nunca parecia estar com raiva ao falar.

Andrew odiava palavras longas como otorrinolaringologista, ele nem conseguiu dizer isso nas primeiras quinze vezes que tentou e mesmo depois ainda se enrolava e falava errado pois esquecia como era, preferiu falar apenas otorrino por cansaço. Palavras tão longas o cansavam demais. Havia outras palavras difíceis, ela falava tanta coisa que as vezes ele sentia como se sua mente estivesse dando um nó de tão confuso que ele ficava, Andrew as vezes só queria silêncio.

Andrew desenhava até a hora do almoço, depois alguém ia ler para ele, as vezes eram pessoas de igrejas ou um enfermeiro que tivesse tempo livre. As vezes o livro era uma bíblia, que tinha histórias muito antigas e que tinham ocorrido á séculos atrás – Andrew não sabiam se eram apenas histórias ou acontecimentos reais –, porém Andrew preferia muito mais os contos de fadas, Andrew gostava muito de Mulan, era sua favorita, pois era mulher corajosa e guerreira. Atualmente ele suportava bem as pessoas, principalmente as que liam para ele, podia ser Esme ou o senhor gentil da igreja, ele os tolerava, desde que não tocassem nele, estava tudo bem.

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Andrew gostaria de saber como era passear na chuva, porém o seu pedido foi negado, pois ele poderia facilmente contrair uma gripe ou pneumonia que o deixaria mais tempo na cama. Ele não fazia a mínima ideia do que era uma pneumonia. Andrew achava que era outro nome para gripe ou resfriado, Esme tinha explicado, mas depois de dois minutos de explicação ele se destraiu com o barulho da chuva e sua mente viajou novamente.

Era um dia muito chuvoso, havia ventania, o hospital parecia assustador, não era tanto como o seu antigo porão, mas ainda sim assustador. Antes em dias assim Andrew sentia tanto frio que sentia o seu corpo doer, tremer e congelar, seus dedos das mãos e dos pés principalmente pois suas roupas e sua manta não o aquecia bem. O frio causava tanta dor como um chicote nas costas. Aqui no hospital não era frio, ele vestia roupas confortáveis e se sentia bem.

O hospital até que era aconchegante se comparado ao seu antigo quarto. Ele tinha travesseiros, seu colchão não tinha insetos ou cheirava mal por causa das suas sujeiras, ele tinha  cobertas boas e quentinhas para se aquecer, ele ficava distraído, as vezes ele podia brincar e Andrew podia beber chá de hortelã ou camomila. Andrew gostava de chá porque eram doces e aqueciam, principalmente de hortelã, pois era mais gostoso.

Andrew bocejou sonolento, hoje ele se sentia mais preguiçoso do que o normal, ele tinha ouvido alguém dizer que dias chuvosos deixavam todos com preguiça, ele provava agora que era a verdade mesmo. Dias chuvosos causavam preguiça. Ele estava encolhido na cama, abraçando o seu ursinho de pelúcia, entediado e sonolento demais.

Andrew queria sair na chuva um dia.

Eles prometeram que ele poderia quando estivesse 100% bem, o garoto se sentia muito bem agora. Então por que ainda não podia sair? Ok, ele poderia se machucar ou adoecer, mas ele iria ficar bem. Andrew queria sair, há tantos anos ele não tomava um pouco de sol ou brincava na chuva. Ele não lembrava de um tempo em que tivesse sido uma criança feliz e saudável, para ele parecia que toda sua vida havia se passado no porão.

Outra pergunta penetrou a sua mente na tarde chuvosa, ele adoraria saber quando poderia sair do hospital, por mais que se sentisse bem lá, Andrew odiava as injeções e os remédios de gosto ruim. Andrew adoraria ir embora logo.

Ele não sabia para onde iria depois do hospital, mas esperava não ser devolvido aos seus pais. Esme lhe disse que seus pais estavam presos por cárcere de privado e abusos, mas o que isso realmente significava? Que eles seriam presos no porão frio, com pouca comida, nenhum lazer ou coisas decentes? Andrew suspirou, bem, pelo menos ele não sentia mais dor.

Na verdade ele mal conseguia fingir se importar com os seus pais, afinal nenhum deles tinha sido muito afetuoso com ele. Então ele não se preocupava mesmo, não que ele quisesse vingança ou algo assim, ele pouco se importava se ambos ficavam bem ou não desde que ficassem longe dele, era compreensível?

Andrew não sabia se tinha tios ou avós que aceitariam criá-lo e amá-lo, afinal ele tinha passado dez anos longe de sua família porque seus pais tinham sido gananciosos. Bem, ele também não estava preocupado com essa situação, pelo menos por agora.

Andrew adoraria ter um pai, seria bom e menos solitário. Um pai de verdade, que o amaria e o aceitaria mesmo tendo uma saúde frágil e seus medos. Será que alguém assim existia?

Andrew apertou o seu ursinho de pelúcia. Um dia ele teria uma bela e grande família foi o que ele imaginou antes de finalmente cair no sono bom e tranquilo.

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Eu sei que o capítulo ficou meio entediante, me desculpe, logo isso ficará animado.

Até o próximo capítulo, meus amores.

Através da Escuridão.Where stories live. Discover now