Capítulo 9.

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Olá, meus amores.

— Drew, fofinho... — Dylan abriu um sorriso amigável para Andrew, o menor estava sentado ao seu lado, mexendo nos dedos de Dylan, comparando as mãos deles, Dylan tinha mãos macias —... Você está muito quieto hoje, aconteceu alguma coisa?

Não, é preguiça... — Andrew bocejou sonolentamente, há algum tempo ele tinha começado á ter aulas, de leitura e matemática básica, era cinco horas de aulas e ele estava exausto, naquela semana ele tinha estudado vinte e cinco horas, era muito tempo estudando, não é?

Andrew gostava muito de sábados e domingos, pois não tinha aulas e podia fazer as coisas que gostava em paz: jogar xadrez com Dylan, comer biscoitos que o senhor Francis fazia, curtir um bom descanso, Dylan lia algum livro interessante para ele.

— Eu nunca vi um cachorrinho com preguiça — Dylan riu, acariciando o couro cabeludo do menor, os olhos escuros brilharam para ele, as vezes parecia que Andrew estava o encarando, era apenas impressão mesmo, Andrew era cego.

Eu também nunca vi — Andrew deu de ombros, deitando a cabeça sobre o ombro de seu melhor amigo, Dylan era um ótimo travesseiro, tão confortável.

Dylan riu dessa fala engraçada, Andrew ria de si mesmo, ele era alguém divertido.

— Alguém virá no próximo sábado, acho que talvez... — Dylan comentou, Andrew ergueu a cabeça devagar e assentiu, o maior continuou falando sem animação alguma —... Talvez alguém seja adotado.

Eles provavelmente não vão me querer — Andrew resmungou para consolar á seu amigo e a si mesmo, ele deu um sorriso depois — Talvez adotem você, Lan, você é o mais esperto daqui.

— Por que você acha que eles não vão te querer? — Dylan perguntou, Andrew se ajeitou preguiçosamente ao seu lado.

Eu sou cego, estou sempre doente e não sou bonito — Andrew murmurou a resposta, parecia até não se importar enquanto falava, piscou sonolentamente, bocejando levemente — Bryan falou que eu sou muito feio, que meu cabelo parece um ninho de passarinhos, que minha pele é cheia de cicatriz...

— Hum, ninguém vai querer também, Drew, eu tenho catorze anos, os casais normalmente preferem as crianças mais novas — Dylan respondeu sincero, beijando a testa de seu melhor amigo com delicadeza — E não leve Bryan á sério, ele não sabe o que é beleza de verdade, ele é só um idiota sem noção alguma...

Eu sou bonito? — Andrew perguntou em uma voz baixinha, soando um pouco infantil enquanto falava tristemente.

Sim, você é bonito. Seu cabelo bagunçado é charmoso e muito macio, seus olhos escuros brilham como joias, sua pele é linda e macia, você é fofo e engraçado — Dylan respondeu em uma voz sincera, continuou o carinho nos cabelos macios, tão cheirosos, ele parou de falar e respirou profundamente para recuperar o ar, ele sentia que estava agindo feito um bobo por causa de Andrew — Que tal jogarmos xadrez, Drew?

Era divertido jogar xadrez com Andrew, ele não ligava de perder ou ganhar. Isso fazia o jogo ser bem divertido.

Andrew aceitou, xadrez era divertido, Dylan arrumou as peças em seus devidos lugares, Andrew com as peças brancas e Dylan com as pretas. A organização era sempre assim mesmo.

Dylan poderia trapacear se quisesse, até porque Andrew não veria, porém ele preferia ganhar honestamente. O importante no jogo é que ambos se divertissem um pouco.

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Dylan nunca teve muitos amigos.

A morte de seu irmão mais novo o fez perder a vontade de ficar em uma roda de amigos, ele começou á se fechar, afastando-se de todos e se calando cada vez mais. Dylan sentia como se estivesse se afundando em areia movediça, sufocando, morrendo lentamente, afogando-se em sua culpa e raiva.

Ele se sentia culpado pela a morte de seu irmão mais novo, ele ainda acordava no meio da noite procurando por Peter, tentando encontrá-lo, as vezes ele chorava ou pensava raivosamente no que poderia ter feito diferente. Peter estava morto. Era a sua culpa. Unicamente a sua culpa.

Dylan não sentia mais ânimo para manter conversas inteiras, estava cansado de fingir que estava bem e feliz, ele não se sentia bem há muito tempo. Ele preferia ficar sozinho, estudando ou fazendo qualquer coisa que o tirasse da linha de pensamentos nervosos e cansados.

Quando Dylan viu Andrew pela a primeira vez, o menor estava trêmulo, pálido e sozinho no meio do corredor, ele teve que ir conversar com o baixinho, pois sentiu medo de que alguém fosse fazer uma brincadeira de mal gosto com Andrew. O loiro saiu do piloto automático e foi ajudá-lo gentilmente. Andrew estava com medo e muito cansado, mas mesmo assim aceitou a sua ajuda e por algum motivo Dylan se sentiu bem, com uma sensação quentinha em seu coração.

Dylan tratou de cuidar de Andrew como se fosse a sua missão especial, ele sentia que devia fazer isso e por fazer isso se sentia bem ao ver o sorriso de Andrew. Era agradável e o fez passar menos tempo se culpando pela a morte de Peter.

Andrew era alguém legal e gentil.

Andrew não era alguém raivoso, ele tinha uma personalidade afável, boa e engraçada. O mais  novo tinha sofrido um inferno durante boa parte de sua vida, porém ele não desejava nada de mal á ninguém. Andrew tinha um bom coração.

Andrew era como um anjo doce e gentil.

Dylan gostava de protegê-lo.

Dylan sabia que não era um super-herói como os heróis de histórias em quadrinhos, sabia que não era forte o suficiente para isso, ele não se importava em não ser forte. Ainda assim protegeria Andrew, custe o que custar ele ainda cuidaria de seu amigo baixinho.

Andrew merecia ser protegido. Dylan faria isso pelo o tempo que fosse necessário, mesmo que no final Dylan fosse trocado por alguém melhor, ele ainda cuidaria do baixinho. Andrew era especial.

Dylan não achava que as pessoas permaneceriam para sempre em sua vida. Sua mãe tinha ido embora, seu pai estava preso, seu irmão estava morto. Ninguém nunca ficava para sempre em sua vida.

Dylan só não queria que Andrew sofresse o que ele tinha sofrido. Ele nunca desejaria o abandono, abusos, espancamentos e negligência á ninguém. Dylan queria que ele fosse feliz.

Andrew precisava mesmo ser protegido.

O menor era uma alma boa e inocente em um mundo cruel e monstruoso.

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Logan estava á dias pensando naquele adolescente. Baixinho e fofinho. Hum, não, ele não estava apaixonado no menino. Seu lobo estava agitado, pois o via como um filhote inocente. Bem, o que ele podia fazer pelo o menino?

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O que acharam do capítulo?

Até o próximo capítulo, meus amores.

Através da Escuridão.Où les histoires vivent. Découvrez maintenant