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    Gostaria de dizer que as batidinhas na janela do meu quarto me acordaram quando Seulgi invadiu meu quintal naquela noite, mas a verdade é que eu mal tinha conseguido fechar os olhos.

    Bufei e empurrei o vidro para o lado.

- O que você quer? – rosnei.

    Em vez de me responder, ela pulou para dentro do cômodo.

- O que diabos deu em você hoje?

    Seulgi não estava me julgando. Ela nunca faria isso. Sua expressão era de pura preocupação.

- O que deu em mim? Não há nada de errado comigo!

- Você está esquisita desde que eu te contei sobre o Jaebeom.

- Não estou, não. – baixei o olhar, encarando meus pés como se fossem a coisa mais interessante no mundo. Seulgi tentou segurar minha mão, mas eu recuei.

- Pare de mentir pra mim. Tem algo te deixando assim.

- Eu já disse que não tem nada de errado!

    Meu tom de voz foi aumentando e as lágrimas começaram a chegar, intrusas. Nunca conseguia detê-las antes que caíssem.

- Olha pra mim.

- Não.

- Olha pra mim, Seungwan.

    Fiz o que ela mandou. Meu pulso estava acelerado.

- O que eu fiz pra você? Você tem que me contar. Você sempre me conta. Não se comporte comigo como com os outros, por favor.

- Não, eu não...

    De alguma forma, em suas tentativas de segurar minhas mãos, terminei entre seus braços. Ela me aninhou como sempre fez quando eu não estou bem e sentou na cama.

    Em seu colo, com o rosto escondido em seu pescoço, a agitação foi desaparecendo.

- Não surte mais, certo? Não vou simplesmente ignorar, você sabe disso.

    Assenti, e então ela nos deitou sobre os lençóis macios.

    Antes de cair no sono, ouvi Seulgi sussurrar:

- Amo você.

    Ela me amava. Eu superaria isso e tudo ficaria bem.

    Mas quando acordei ela já não estava lá. E as lágrimas voltaram.

    O dia foi uma tortura. Não ignorei Seulgi, porque isso é ainda mais desgastante, mas sorrir estava sendo difícil.

    Ainda mais no intervalo, com ela sentada ao meu lado, braço encostando no meu, me deixando nervosa, mas rosto virado para Jaebeom. Por isso foi um alívio quando vi Yerim caminhando em nossa direção. Ela beijou minha bochecha e sentou à minha frente.

- E aí? Quer dar uma volta?

    Sem nem responder, levantei e dei o fora dali. Não me dei o trabalho de olhar para trás.

sleepover - seuldy/wenseulOnde histórias criam vida. Descubra agora