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    O acordar da manhã seguinte foi o pior da minha vida. Nunca antes tinha experimentado uma ressaca e não pretendia passar por isso de novo.

    Mas a questão era que não se tratava apenas de mal estar físico: meu ânimo arrastou pelo chão quando fui lavar meu rosto no banheiro, e continuou fazendo-o quando entrei na cozinha para pedir algo – qualquer coisa- que aliviasse a dor de cabeça. Não me sentia capaz de deixar Yerim me tocar novamente.

    Com a cabeça apoiada na bancada de mámore, a única coisa na qual eu podia pensar era que precisava de um abraço. Não de meus pais ou qualquer outra pessoa, mas de Seulgi. Precisava desesperadamente dos braços dela ao redor do meu tronco. De apoiar a cabeça em seu ombro e do cheiro de amaciante e shampoo cítrico misturados fazendo meu nariz coçar.

    Precisava que fôssemos Son Seungwan e Kang Seulgi de novo.

    Se teria que engolir minha paixonite idiota perto dela seria problema meu e das paredes do banheiro que me acolheriam, de mais ninguém.

    Vesti um moletom sobre a camiseta de pijama e beijei a testa de mamãe. A casa dos Kang era apenas a alguns quarteirões da minha, e eu sinceramente não me importava com quem pudesse me ver perambulando toda desgrenhada pelo bairro.

    Alguns minutos depois estava na porta de madeira escura que conhecia tão bem. Gayoon atendeu com um sorriso no rosto. Ela provavelmente sabia que eu. Sempre sabia, e assim como a filha, nunca julgava.

    A mulher de cinquenta e poucos anos apenas me abraçou com força e disse:

- Ela está lá em cima.

    Acenei para Minho, que comia cereal largado no sofá, durante o caminho, e subi as escadas, cada degrau como um desafio.

   Para quando fiquei frente a frente com a porta cheia de figurinhas meu coração parecia querer pular para fora do meu peito. Encarei as estampas infantis, lembrando do dia em que ajudei Seulgi a fixá-las. Tínhamos jogado todas nossas cartelas no chão e escolhido através de uma lógica duvidosa o lugar de cada uma.

    Espiei para dentro do quarto, ouvindo o ronco suave vindo da confusão que era a cama. Sorri involuntariamente, e me perguntei quando perdido alguém deveria estar para achar alguém roncando adorável.

    Com cautela, sentei ao lado de Seulgi e afastei os cabelos de seu rosto. Ela abriu os olhos, levemente atordoada. Quando focaram em mim, eu poderia jurar que brilharam, mas seria meu coração falando.

- Senti sua falta. – murmurou.

- Eu também. Agora, abra espaço para mim. Minha cabeça está me matando.

- Você está de pijama! – ela riu.

- Eu sei.

- Você veio me ver de pijama.

- Sei disso, Seulgi. Cala a boca e me abraça.

- Eu te amo.

- Eu também.

sleepover - seuldy/wenseulOnde histórias criam vida. Descubra agora