02

307K 15K 8.2K
                                    

Luíza: Como o senhor tá? - Suspirei, vendo ele no mesmo estado de sempre.

Deitado com a expressão cansada.

João: Não estou conseguindo respirar muito bem, mas está tudo bem.

Ele quis dizer que está morrendo, mas não quer me preocupar.

Isso me preocupa mais.

Luíza: Vamos pro hospital, pai...- Falei pegando os documentos que já ficavam separados.

João: Não, Luíza.. temos que comprar comida e não podemos gastar comigo.- Neguei já sentindo um nó se formando na minha garganta.

Eu não sou uma pessoa chorosa, sério.

Mas é meu pai, a poucos passos da morte na minha frente.

Ah, se eu tivesse dinheiro, tudo ia mudar.

Cada coisa que eu ia conquistar.

Cada sorriso que eu iria tirar do meu pai e dos meus amigos.

Eu trabalho em uma sorveteria aqui do morro mesmo, faço faxina quando tem disponível, mas isso não é o suficiente pra fazer o tratamento do meu pai.

Minha mãe nos abandonou quando meu pai perdeu toda grana.

Éramos ricos, mas tudo se foi de uma vez.

Luíza: Eu vou dar um jeito pai, você sabe que eu sempre dou.

João: Pense mais em você, eu já estou no final da vida, pequena Lú...- Neguei, beijando a testa dele.

Luíza: Eu ainda vou te dar o mundo.- Sussurrei sorrindo e saí do quarto.

Minha única opção de dinheiro fácil, era o Peixe.

Sim, ele me ofereceu uma parada aí, como ele disse.

Tenho medo de ser como prostituta.

Pensei bem em pegar o celular e discar o número dele.

Pena que eu estava sem crédito.

Isso seria um livramento?

Neguei com a cabeça, indo tomar banho.

Hoje era sábado e o dia tava mais quente do que o normal, não tava nem aguentando.

Coloquei um vestido florido simples e calcei uma sandália. A campainha tocou e eu parei de me arrumar, pra ir atender.

Luíza: Marta! Que bom te ver.- Sorri amigavelmente.

Marta: Oi minha filha, como seu pai está? - Me abraçou, beijando minha cabeça.

Luíza: Ele está bem, na medida do possível.- Sorri fraco.- Entre, acho que ele tava esperando por você mesmo.

Marta: Ótimo.- Sorriu.

Marta era uma velha conhecida minha e da minha família.

Quando minha mãe foi embora, ela que ajudou meu pai comigo e com si mesmo.

Ela entrou e eu fechei a porta, depois de ter a visão de um traficante passando correndo.

Voltei pro meu quarto e passei um simples gloss labial, peguei meu pobre celular e fui até o quarto do meu pai.

Luíza: Licença.- Bati na porta, abrindo em seguida.- Tô indo ali rapidinho na Rebeca, em minutos eu volto.

João: Não se preocupe, a Marta cuida de mim.- Brincou.

Marta: Cuido mesmo, filha.- Sorri, beijando a cabeça de ambos.

Luíza: Se o senhor quiser comer, lembre que a comida tá na geladeira, é só esquentar.

Ele assentiu levemente e Marta destacou que cuidava dele, que não precisava se preocupar tanto.

Visita Íntima Where stories live. Discover now