1. A Loja Mágica

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Mais uma vez Taehyung é jogado para fora de um lugar. Já deveria ter se acostumado, mas, ainda assim, toda a rejeição que recebe dói. É claro que, de certa forma, ele tem culpa. Foi avisado diversas vezes para não pisar mais no jardim do senhor Choi, só que o cheiro, as cores e a beleza das flores o atraem inconscientemente. Ele quer estar entre elas, banhar-se no sol e ser amado como elas são. Hoje, infelizmente, foi pego. Em situações anteriores, sempre escapava.

O que mais o entristece é o fato de ser um local público, onde todas as espécies podem visitar tranquilamente, exceto Taehyung, um "sabe-se lá o que é". Levanta-se, limpando a terra das roupas e caminha cabisbaixo. Está na hora de parar, pensa, é odiado o bastante para provocar mais sentimentos ruins sobre si.

– Por que você ainda faz isso? – indaga uma voz severa.

O menor encara a figura alta de pele cobre, cabelos arroxeados, rosto redondo, olhos muito castanhos e vestimentas azuis que lhe dão ar de superioridade.

– Desculpe, não pude evitar – sorri, fraco.

– Não quero mais ouvir reclamações do Choi quanto a sua presença lá – anda ao seu lado. – É chato ver como papai e mamãe ficam com isso.

– Não repetirei, Nam, de verdade – fala como uma criança arrependida.

– Ah, Tae – o mais alto afaga as madeixas rosas do rapaz que se encolhe em seu tronco. – Já falei que podemos fazer um jardim lá em casa com todas as flores que quiser.

– Não vai ficar tão bonito – Taehyung morde o polegar, temeroso.

– É claro que vai! – o outro exclama, segurando-o pelos ombros. – Ficará do seu jeito. E o seu jeito é o melhor.

– Não é nada – faz careta. – Mas deixa para lá. Será um incomodo para vocês.

Namjoon para de súbito, agarrando Taehyung e pondo-o a sua frente.

– Para agora com essa diminuição – o encara, firme. – Você é um ótimo filho e irmão. Independentemente se é de sangue ou não.

– Não faço nada direito, como sou "ótimo"? – seus olhos esverdeados aflitos fazem o outro respirar fundo.

– Isso é normal. Eu também não acerto as coisas.

– Mas você é fada, Namjoon. Tem poderes incríveis, enquanto eu... – sua voz vai sumindo.

– Sabe cantar muito bem – balança a cabeleira púrpura, o encorajando.

– E para que serve cantar? – o mais novo desvia o olhar, desistindo.

– Sua voz acalma os corações aflitos, as pessoas aceitando ou não – impõe. – E seu cheiro é magnífico, melhor que qualquer outro.

– Melhor que o das camélias do senhor Choi? – pergunta, contido.

– Com certeza, elas são nada perto de você – Namjoon afirma, afável.

– Está dizendo isso porque as estou carregando – ele puxa sob a camisa um cordão com trouxinha amarrada. – O cheiro vem delas.

– Não, Tae, vem de você.

– Crianças, venham comer logo – grita uma fada da janela.

Eles não haviam notado que já estão em frente à casa. Namjoon tinha se esquecido que foi buscar o rosado justamente para o jantar. Correm para dentro, como se ainda tivessem dez anos de idade.

A família Kim é a melhor coisa que Taehyung poderia ter em toda a sua miserável existência. Eles não têm vergonha de o chamar de filho e, Namjoon, de irmão; de defendê-lo das ofensas dos demais, de cuidar e amar sem se importar com o que vem a ser o caçula. E ele é grato por tudo, porém não quer atrapalhá-los sendo a aberração que vive no povoado fada, os limitando e arranjando confusões das quais eles têm que resolver pelo menor ser um curioso e atrevido.

Pure Flower • Taekook (em revisão)Where stories live. Discover now