4. O bardo e a flauta

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É claro que algo tinha que dar errado e tudo culpa de uma caravana idiota formada por idiotas. Taehyung também tem culpa. Talvez a falta de sensibilidade de Jungkook – depois do ocorrido no Lago Infinito – também mereça os créditos. Está com raiva e querendo fugir, mas não pode.

Por que sempre me deixo levar por ele?

É início de tarde quente em meio as árvores em torno da estrada estreita. À frente, percebe um amontoado mais à frente, opta passar por ele e seguir o caminho. O rapaz ao seu lado, está animado, dizendo que há coisas interessantes a diante. O feiticeiro nem se importa, não parariam mesmo que o outro implorasse chorando.

Vê carroças gigantescas e coloridas, vozes elevadas cantarolando e instrumentos sendo tocados por humanos e elfos. Artistas idiotas que bloqueiam o caminho, cruzando a estrada maior, que o feiticeiro planejou evitar por inconvenientes, mas não pode deixar de passar por esta pequena parte. E, obviamente, os curiosos não deixarão de pará-los.

– Parem agora mesmo, viajantes – um homem prepotente põe-se a frente dos cavalos, como se pudesse controlá-los. Na verdade, Jungkook que se controla para não o atropelar. – Quem são vocês?

– Acabou de nos chamar de viajantes – retruca.

– Sim, mas... – ele se perde um pouco na argumentação. – Eu quero saber o que têm para nos oferecer.

– Nada, só quer-

– Ele é mercador, talvez se interessem por algo – anuncia Taehyung. O avermelhado estreita seu olhar para ele, irritado. Não devia ter dito aquilo. – Eu posso ver a arte de vocês? – pergunta em expectativa.

Seu garoto maldito, está me usando para agradá-los e se entreter em troca?

– Não queremos mercadorias, procuramos algo único – o homem gesticula sonhador.

– Hã, então... – o mais novo pensa rápido, nem dá tempo para Jungkook se pronunciar. – Ele pode ver o futuro das pessoas – sorri radiante, quase impossível de fazer sentimentos de raiva se instalarem no coração do feiticeiro. Quase.

Traiçoeiro de uma figa.

Os olhos de todos brilham interessados. Ecoam a frase até as carroças mais distantes, atraindo os outros e parando a carreata por completo. O mago faz uma careta ao imaginar o trabalho que terá.

– Eu cobro pelas previsões – se ajeita no banco de eucalipto.

– Não trocamos por dinheiro, mas por nossas artes – fala uma elfo de cabelos cor de mel.

Está prestes a recusar quando o rosado ao seu lado pega em seu braço e faz expressão de pedinte, com aquele bico detestável que sempre convence Jungkook a fazer suas vontades. E não é diferente. Ele rola os olhos, aceitando. Sairá no prejuízo por gastar sua energia e obter tecidos, objetos de argila, bijuterias e pinturas baratas, mas se isso satisfaz Taehyung, então tudo bem.

Ambos descem e o rapaz logo some com a proximidade dos artistas ansiosos para saber o que os aguardam no futuro. Mal consegue ajeitar os cavalos e pegar sua pérola gigante, enchem-no de perguntas tão idiotas que quer acabar com suas existências também idiotas e seguir seu rumo a muralha idiota que pode matar sua vida idiota ou melhorar esse mundo idiota. Está numa situação ridícula, com raiva de sua idiotice por acatá-la.

Na quarta previsão idiota de um elfo ainda mais idiota que provavelmente terá uma desilusão amorosa pela amiga, uma voz melodiosa e grave irrompe.

No início da primavera

As flores desabrocham devagar

Pure Flower • Taekook (em revisão)Where stories live. Discover now