Escarlate: Capítulo 7.

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Depois do jantar, Newt levou Artémis para o quarto, colocaria ela para dormir, já havia tomado banho antes do jantar e agora os cabelos outrora brancos, voltaram ao tom escarlate habitual.

   Algum tempo depois, a pequena menina já estava imersa em seus sonhos, devidamente aconchegada em sua cama, Newt procurou Tina, ela não estava no quarto, nem na cozinha, nem na sala. Viu a luz do banheiro acessa e caminhou pelo corredor até lá, a porta estava encostada, espiou e deparou-se com uma Tina totalmente concentrada em um papel que flutuava em sua frente, enquanto ela estava deitada na banheira, um pouco de espuma cobria seu corpo.

   - Newt? - Ela chamou, ao ouvir o barulho que ele havia causado por encostar na porta, que rangeu, alarmando-o.

   - Sim? - Colocou somente a cabeça para dentro do banheiro, e observou Tina rir de sua atitude.

    - Entre, querido. - Ela usou a varinha para levitar os papeís para o chão seco do lado de fora da banheira, e mudou sua posição, sentando-se.

  Ele entrou, encostando a porta, sentou-se no chão, com as costas encostadas na banheira.

   - Newt... - Ela o chamou, apoiando os braços na borda da porcelana e logo depois o rosto. - Como você se imagina daqui 10 anos?

    - Com você, só que, sem tanto trabalho. E Artémis, quase se formando em Hogwarts. - Sorriu, com o próprio pensamento.

   - Eu preciso te falar uma coisa... - "Vamos, Porpentina Goldstein, só omita isso mais um pouco, amanhã já é sábado." Sua mente martelava, ele tinha o direito de saber.

   - O que? - Ele virou-se para ela, finalmente olhando-a nos olhos, os ombros nús e a pele macia com pequenas gotículas d'água, ela mordeu o lábio inferior levemente, preocupada com algo, provavelmente, ele conhecia os sinais.

    - Eu estou á tanto tempo aqui, que minhas pernas estão dormentes. - Ela riu,  tentando se mostrar mais relaxada, as orbes verdes que a encaravam pareciam ter uma pequena esperança que logo se esvaiu quando ela decidiu não contar o que precisava.

   Newt levantou, e pegou sua varinha, ficou de costas e murmurou um feitiço.

- Wigardium Leviosa. - Tina foi erguida e logo, com um feitiço não verbal, fez com que a toalha se enrolasse nela. Colocou a varinha no bolso, e virou-se para ela, posicionando as mãos na altura de seus joelhos e em sua cintura. Pegando-a no colo, como uma noiva. Deu um beijo em sua testa úmida, enquanto andava até o quarto deles com ela no colo.

    Ele faria qualquer coisa por ela, bastava que lhe fosse pedido, aquele gesto não era algo extremamente necessário naquele momento, mas, ele a queria em seus braços, em sua proteção, havia sentido um aperto no peito durante toda a semana, desde que Tina começará á mentir para ele. Não sabia o que era, e desejava não ter que descobrir, é uma pena, que desejos, não passam de anseios da alma aos quais não é possível suprir em todas as ocasiões.

A colocou deitada na cama deles, seus cabelos estavam úmidos, e as bochechas e a ponta do nariz, vermelhas pelo vapor.

  - Tina. Preciso de uma coisa. - Ele se aconchegou ao lado dela, inalando o cheiro de seu pescoço, uma mistura do sabonete de rosas e café.

  Ela aguardou que ele falasse, virou-se para ele, de lado, e seus dedos caminharam pelos botões do colete. Soltou um "Hmm" que significava que estava ali, ouvindo.

- Eu quero que me prometa. - Pegou a mão que passeava pelos botões delicadamente e entrelaçou seus dedos com os dela, fazendo com que ela o olhasse, assustada pelo tom de voz sério dele. - Você não vai fazer nada perigoso, pelo menos essa semana, você promete? - Ela balançou a cabeça em sinal positivo, vendo a preocupação nos olhos de Newt que foi suavizada quando ela concordou, seus lábios se tocaram de modo apaixonado e ele acariciou sua nuca, depois, a abraçou bem forte, forte o suficiente para que Tina pudesse ver a angústia que habitava nele. Ele a encaixou em seu corpo, de modo que ela estivesse bem perto dele e ele pudesse sentir seus batimentos e sua respiração, ele tinha tanto medo de perdê-lá, aquela Americana que de primeira não simpatizou muito com ele, e que agora, era alguém pela qual ele cometeria qualquer loucura. Sua Tina.

  Ela acariciou sua bochecha com o polegar e depois, começou á lhe fazer cafuné, para que ele relaxasse. Aquela era sua vida, Newt era sua vida, Artémis, Queenie, Charllote e até Jacob havia se tornado parte dela. Não podia deixar que a sua confusão interna tirasse a paz deles, não queria continuar magoando Newt com suas mentiras por Dumbledore, entretanto, mesmo com seu receio e remorso, não pensou em desistir de ajudar o velho bruxo em momento algum.

  Depois de certo tempo, Newt relaxou e adormeceu, ainda abraçado á ela, Tina saiu de seu abraço, precisava vestir-se, não que se importasse. Sentou na cama de modo delicado, não queria perturbar o sono de seu britânico. Ela se perguntava como era possível, ele era tão protetor, carinhoso e apaixonado, mas também era tão sensível, ela via o medo evidente que ele tinha, medo de perdê-las. Era recíproco.

   Vestiu sua camisola branca de cetim, os detalhes com flores perto das alças, se aproximou novamente de seu marido, o puxando para perto novamente. Sempre forá assim, eles causavam este efeito um no outro, a calmaria e tranquilidade. Dormiu, certa de que o amanhã seria melhor. Ela estava errada.

A Goldstein passou as mãos na cama, onde ele deveria estar, imaginou rapidamente que ele estaria na maleta alimentando seus animais, a luz já entrava no quarto, a forçando á encarar a realidade, Tina passou as mãos pelos cabelos bagunçados e bocejou, levantou-se, sentando, e notou uma enorme e assustadora mancha escarlate tanto no lençol quanto em sua camisola. Levou a mão até os lábios, em espanto, sua calmaria se esvaíu ela já sentia o nó se formando na garganta, levou a mão á barriga em um desespero interno que só crescia.

Na ponta dos pés | AFEOH [Newtina]Where stories live. Discover now