Chá Calmante: Capítulo 11.

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  Tina não sabia muito bem para onde Newt a levava, mas sua feição era séria e ela não o incomodaria com perguntas do gênero, entretanto, quando aproximaram-se do local de destino, ela o reconheceu. Era uma pequena praça que havia bem próxima do Ministério, essa hora, ela estava vazia e tranquila o suficiente para que conversassem sem serem interrompidos.  Newt tinha mesmo uma ótima memória, já que, se dependesse dela, nunca pensaria em algo tão apropriado quanto ali.

    Ele colocou a sacolinha que antes carregava, com a comida que Tina havia pedido anteriormente no LeFrançois, em cima de uma das mesas de pedra presentes por toda praça e sentou-se em um banquinho feito também de pedra, Tina imitou sua ação, sentando-se no outro, bem próxima dele que logo pegou na mão dela com seu toque suave e reconfortante.

- Agora, pode me contar? - Ele pousou as orbes verdes e aflitas sobre a Auror, que olhava para baixo, e em seguida em seus olhos.

- Querido, Sinto muito por demorar tanto para te contar tudo, e por acabar arruinando a noite perfeita você planejou para nós. - Tina disse primeiro, enrolando um pouco quando se trata de assuntos "difíceis", como de costume. - Haviam alguns radicais que Dumbledore suspeitava serem apenas alguns alunos rebeldes que apoiam e pareciam seguir os ideais de Grindelwald, então, ele buscou minha ajuda para dar-lhes um susto, visando um pouco de paz em relação a comunidade mágica, que o pressionava quanto á algumas ameaças que estavam sendo feitas em Hogsmeade principalmente para aqueles que tem No-majs na família.   Não parecia nada muito perigoso e como não necessitava de atenção do Ministério por ser apenas um delito de estudantes aparentemente indefesos, aceitei. Mas... - Porpentina pressionou um lábio no outro, contendo sua vontade de chorar ao pensar no que viria.

- Meu amor, porquê não me contou? - Ele levou sua mão livre até o queixo dela, passando seu polegar em sua bochecha levemente.

- Você não deixaria que prosseguisse, por isso, Dumbledore e eu, achamos melhor não contar... - Ela fez uma pausa e buscou conforto no toque de Newt em seu rosto, tombando levemente o rosto levemente para o lado - Lembra quando você não me deixava sequer subir as escadas de nosso apartamento sem você e fez com que o Ministério me tirasse de quaisquer caso perigoso apenas gritando com Graves?

- Sim, quando esperávamos por Ártemis, era um tanto arriscado e... - Newt deu um pequeno sorriso de canto, mesmo sem Tina dizer as palavras, ele havia chegado á sua própria conclusão e pouco á pouco uma felicidade o preenchia, seu olhar mudará e Tina o notará rapidamente.
    Ela o faria sofrer e sabia perfeitamente disso, entretanto, não adiantava adiar o inevitável, precisava contar, mesmo que aquilo lhe tirasse o belo sorriso que ela amava, e contar logo, evitaria um sofrimento adicional.

     - Meu amor...eu o perdi, o perdi Newt...- Tina abaixou a cabeça, suas lágrimas quentes caindo em seu colo, sua angústia predominava e lhe parecia desesperador perder algo que fora seu por tão pouco tempo, três ou quatro meses era o que estimava, cada enjoou ou tontura repentina, cada pequeno chute, era uma lembrança que ela deveria tomar cuidado, sua saúde ás vezes vacilava e por isso Newt havia sido tão zeloso desde o momento em que ela lhe contou sobre Ártemis, ele ficou tão feliz com a notícia assim como estava momentos antes e fez de tudo para ser o melhor pai mesmo antes dela vir ao mundo.

    Seu marido permanecia quieto, levantou-se, seu sorriso não mais existia, foi até ela e só a abraçou forte,  Tina soluçava como uma criança, suas lágrimas agora molhavam toda a camisa de Newt que nunca se importará com este tipo de coisa.
- Meu amor...estou aqui com você. - Ele disse, com a voz embargada e o nariz avermelhado, e mesmo sem olhar para ele, Tina sabia que ele também estava chorando, ele não fez mais perguntas, sabia que seu amor estava sofrendo e não a torturaria desse jeito.
  Seu coração parecia despedaçado naquele momento, não havia mais nó em sua garganta, as lágrimas não podiam mais ser contidas, entretanto, dizer em voz alta, doeu muito mais do que só saber, era como se tudo agora se resumisse á estilhaços, ela ainda não tinha reunido coragem para ir à um médico, pois ouviria mais uma vez a verdade cruel.    Será que era sua culpa? O estresse, o trabalho e todo o esforço que fizerá nas últimas semanas, a pergunta martelava em sua cabeça deixando tudo pior.
  Conseguia imaginar perfeitamente como ele seria, talvez ruivinho ou moreno, com os olhos verdes como as folhas das árvores ou negros como o céu estrelado á noite, ela o amaria de qualquer jeito, e Newt também, o ensinaria sobre animais fantásticos como Ártemis e o deixaria comer bolo escondido dela, e ela, tentaria ensina-ló tudo que gosta e talvez ele até gostasse ou risse dos seus dotes culinários terríveis, correria pela maleta descalço com os pés tocando a grama e ganharia muitos doces dos Tios Kowalski, ouviria historinhas antes de dormir atentamente, e traria ainda mais alegria para eles. Bom, seria ótimo se tivesse acontecido assim, Tina pensou.
  Ela ouvia o coração de Newt, batendo próximo á ela, o seu consolo era saber que ele sempre estaria ali para ela, do anoitecer ao amanhecer, aquela era sua sinfonia favorita e ela a amava muito.
     
   [...]

O Scamander levou sua esposa para casa, o nariz e os olhos de Porpentina estavam vermelhos de tanto chorar e aquilo lhe partia o coração, vê-la sofrer também o machucava, tanto quanto a possível perda de seu filho.
    Entretanto, Newt sempre forá alguém esperançoso e não sabia se Tina havia ido á algum médico e nem perguntaria para ela sobre as circunstâncias agora, quando sua amada estivesse mais calma, tocaria no assunto, Uma centelha ainda existia, e a tristeza não a apagaria, somente a certeza.
  Ao chegar, todos estavam dormindo, ele fez um chá calmante, a ajudou á trocar-se, disse que tudo ficaria melhor ao amanhecer e lhe fez cafuné até que adormecesse, deitada confortavelmente em seu peito, ouvindo seu coração.

Na ponta dos pés | AFEOH [Newtina]Onde histórias criam vida. Descubra agora