Pedrinhas no Assoalho: Capítulo 10.

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Depois de alguns minutos, estes que pareciam imensamente longos para Newt, Tina foi até a Sala, onde agora ele a esperava, com uma perna em cima da outra no sofá e observando a filha e a sobrinha.
A morena trajava um vestido amarelo vivo, uma faixa azul estava posicionada na altura do abdômen dela, Newt a observou dos pés á cabeça, sorrindo como o bobo apaixonado que era.
- Você está...linda. Você é linda sempre, só realçou. - Ele resmungou timidamente, mas suficientemente alto para que ela ouvisse, ela adorava aquele jeitinho de Newt, não parava de pensar que precisava relatar tudo que viu para Dumbledore, entretanto, se esforçava para deixar aqueles pensamentos de lado e pensar somente no seu Newt.

- Obrigada, querido. Vamos? - Ela disse, e ele respondeu com um sorriso, ela foi na frente, e ouviu Newt falar antes de sair "Voltamos já" e Queenie responder "Não vamos esperar acordados".
Sorriu como uma adolescente bobinha com o pensamento, entretanto, logo viu que aquilo poderia não ser algo positivo, pois não teria pretextos para omitir a verdade. Desceram as escadas, e andaram pelas ruas gélidas de Londres, os saltinhos da bota cano curto de Tina colidiam com as pedrinhas do assoalho, sua mente tonteava levemente e cada passo que dava parecia cada vez mais em falso.

Newt segurou o braço dela, e mesmo sem ele saber de seu estado, ela agradeceu mentalmente por isso, caminharam por mais uns dez minutos, ele contava sobre as novas espécies animais arquivadas do Ministério e sobre o quanto Geralt Gardner, um dos novos colegas de trabalho, o entendia.
Chegaram á uma fachada sem graça e adentraram o local, parecia abandonado, foram até uma parede onde uma tábua parecia estar solta e com um toque da varinha, o Le François foi vislumbrado.
Bandejas reluzentes flutuavam pelo local até suas respectivas mesas e bruxos conversavam animadamente, logo uma das funcionárias veio até eles, dando as boas vindas e guiando-os até sua mesa. Newt havia escolhido a mesa da sacada, ficava no segundo andar e de lá, as estrelas eram facilmente vislumbradas.
Puxou a cadeira para sua esposa e depois sentou-se no lado oposto da mesa, observou o cardápio por alguns meros segundos e quando olhou para Tina novamente, ela tremia levemente.
- Tina, está com frio? - Ela acenou a cabeça em sinal negativo, ainda tremendo, o ruivo então tirou seu casaco, levantou-se e deu a volta na mesa, colocando cuidadosamente o tecido nos ombros da morena. Voltou para seu lugar e eles finalmente escolheram algo do cardápio, ele sugeriu um vinho, mas Tina preferiu não beber, ele estranhou sua atitude, ela adorava Vinho Branco.
Ele a observou falar sobre os casos atuais dos Aurores atenciosamente, dando sua opinião quando pedida e concordando com algumas coisas, ver o entusiasmo dela era maravilhoso, e mesmo que fosse em um assunto no qual ele era um simples leigo, ele gostava de ouvir sua voz, admirar a expressão divertida dela.

- Newt... - Ela concentrou o olhar na comida que pousava sobre a mesa naquele exato momento, tocou um dos garfos.
- Sim? - Ele disse engraçado, colocando o pedaço de alguma coisa esquisita na boca, e fazendo uma careta.
- Eu estou...tentando de falar uma coisa, há algum tempo. - Tina o observou séria, enquanto ajeitava o guardanapo em seu colo.
- Eu percebi, você sabe que pode me contar qualquer coisa. - Ele sorri e concentra-se no próprio prato.
Tina começou a pensar no que diria e como transmitiria, não sentiu, as pequenas mãozinhas macias agarrando seu dedo, não havia ouvido ainda um choro ou uma risadinha desajeitada, não teve a chance de passar as mãos nos cabelos acobreados, ou na menor das chances, negros como os dela. Entretanto, algumas coisas ela já havia feito, já o sentiu chutar, soluçar e se mexer dentro dela, já ouviu seu pequeno coraçãozinho batendo em sintonia com o dela e mesmo não sendo muito, era o suficiente para fazer doer-lhe o coração quando pensava no assunto. Ela observava Newt vez ou outra, quieta e acanhada com a notícia trágica que daria ao marido, se perguntava se talvez, não contar fosse uma solução melhor, ela havia perdido a criança deles, entretanto, ele nem sabia que havia uma e um só sofrendo, já era o suficiente. Suspirou pesadamente, desafroxando o nó que havia em sua garganta, viu a lágrima molhar o guardanapo em seu colo e passou as mãos pelas bochechas tentando secar, não havia percebido que estava sendo observada por Newt, confuso e preocupado.

- Querido, estou em um caso com Dumbledore. - Ele a encarou, pressionando os lábios.
- Como aconteceu? - Ele cruzou os braços.
- Ele me procurou e eu não pude negar-lhe ajuda. - Se ajeitou na cadeira, aquela ainda não era a pior parte.
- Ele te expôs ao perigo? - Sua expressão amigável havia desaparecido, Dumbledore era um grande amigo dele e talvez se não fosse por ele, demorasse mais para reencontrar sua Tina, mas, se soubesse que ele havia a exposto ao perigo e feito com que mentisse pra ele, ficaria extremamente chateado.
- Não, eu estou bem, não inteira, mas bem. - Desviou o olhar para o casal de uma mesa não muito longe, que levantava-se.
- Tina, me explica, por favor.
- Eu não sei se aqui é um bom lugar para te contar isto... - Resmungou.
- Sem problemas. - Com um aceno de mão, pediu a conta e o prato quase intocado de Tina foi embalado para viagem. - Resolvido, pra onde você quer ir?
- E-eu não sei... - Ela se espantou com a rapidez do marido, Newt parecia ansioso e preocupado, agora sabia o motivo do comportamento estranho de Tina e torcia para que Dumbledore, não tivesse feito algo que trairia sua confiança apesar de provavelmente já ter feito, não sabia ao certo ainda se Tina havia escolhido mentir ou se aquilo tinha sido pedido á ela. Ele levantou-se da cadeira e estendeu a mão para ela, que logo quebrou o silêncio recém formado - Podemos ir para casa...

- Não, iremos para outro lugar, não quero preocupar Queenie e as meninas. - Ele Respondeu.

Na ponta dos pés | AFEOH [Newtina]Onde histórias criam vida. Descubra agora