Escadas longas demais: Capítulo 9.

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A questão que lhe rondava era: O que uma aluna de Beauxbatons fazia em Hogsmeade? Não que fosse muito absurdo, mas era no mínimo incomum.

Ela desceu da espécie de palco que a tornava mais alta que os outros, andando calma e elegantemente no meio dos estudantes.

- O nosso propósito maior nasce aqui. Por anos e gerações convivemos com as regras e leis absurdas e opressivas do Ministério da Magia, é hora do mundo saber, saber que o mais forte sempre ganha, nós sempre ganhamos. - Um silêncio momentâneo prevaleceu, somente o som das respirações se misturando no ambiente quase claustrofóbico. - Nós somos deuses comparados aos no-majs, e eles se submeterão. Grindelwald se foi, mas sua missão, agora é nossa.

Alguns alunos bateram palmas curtamente, outros apenas observavam céticos.

Tina era uma dessas, estava incrédula, alunos de Hogwarts liderados por alguém de Beauxbatons adeptos de Grindelwald? Aquilo era loucura, e um problema um pouco maior do que Albus Dumbledore preveu.

Ergueu a mão, pedindo silêncio.

- Vejo aqui, alguns…petulantes, vocês estão aqui. Não há tempo para voltar atrás, todos neste recinto, façam uma fila. - Viu alguns dos presentes indo em direção a moldura, mas no lugar dela, encontraram apenas uma parede dura. Estavam presos ali, e para sair, teriam que mostrar-se submissos á Dorovichttie

Um elfo doméstico os organizou, um atrás do outro, o primeiro da fila soltou um grito abafado e agoniado, e então, era vez do próximo. Eles estavam sendo marcados, como animais, e aquilo não era algo comum, era diferente, um garoto franzino correu pela sala e Dottie se aproximou dele levemente, o pressionando contra a parede.

- Eu não vou contar, j-juro que eu não vou falar! Me deixa ir, eu juro! - Ele implorou, havia medo em seus olhos, alguns bruxos apontaram a varinha para ela, com medo que ela reagisse contra o garoto.

- Contar o que, querido? - Passou a mão enluvada pelo queixo do garoto, que virava o rosto com medo.

- Disso, dessa...ordem de lunáticos simpatizantes de um homicida!

A declaração dele veio seguida de uma dor profunda, que o fez abaixar-se, enquanto soltava ruídos.

- Devem estar se perguntando o que é isso, uma dose manipulada da maldição Imperius. - Deu de ombros, como se tudo fosse normal. - Essa marca que dei á vocês, não afeta-lhes nada, e todos tem o livre árbitro para decidir não participar da nossa causa, vocês só não tem a escolha de falar sobre isso ou não. Caso tentem, podem até morrer. - Ela deu um sorisso sádico - O nosso próximo encontro será na terça que vem, vocês saberão o horário. E cuidado, qualquer coisa que digam relacionado á esse lugar, pode ser mortal. Aqueles que já foram marcados conseguirão passar pela pintura. Vão.

- E os restantes? - Perguntou um garoto antes de pular em direção ao quadro que retratava uma parede.

- A vez deles, é agora.

Tina respirou fundo, precisava arrumar um jeito de sair dali sem receber a maldita marca, ou falharia em sua missão.

Tirou a varinha do casaco e se concentrou, seria uma tarefa difícil aparatar dali, mas aquilo era uma de suas especialidades, coisas difíceis.

E já havia aparatado dentro do Ministério da Magia, ali, era fácil, perto disso. Ou pelo menos, ela tentava se convencer, sentiu a mão enluvada tocar seu ombro, mas permaneceu com os olhos fechados, mantendo sua concentração, quando aparatou finalmente, sentiu uma dor mínima na altura do pescoço, ao se dar conta que agora estava em Hogsmeade, tocou o próprio pescoço, notando a ausência de sua medalinha de Thunderbird.

O céu já estava escuro, mas o tempo que passou na sala triangular, pareceram minutos, ela precisava ir até Newt, e conter o ímpeto de chorar em seus braços quando o encontrasse, lembrou-se de livrar-se das vestes de Hogwarts.

Andou uma parte do caminho, e depois decidiu que pegaria uma condução até Londres.

.

Ao chegar ao edifício, subiu as escadas rapidamente, porém quando chegou na metade do segundo lance, uma tontura repentina se instaurou, sentou no degrau e respirou fundo com um pouco de dificuldade, tudo doía um pouco. Aquilo não importava naquele momento, Newt havia feito reservas em um dos restaurantes favoritos dela, ele era tão atencioso, e mesmo não se sentindo tão atraída por coisas francesas naquele momento, não o decepcionaria, ao menos, não de novo.

Levantou-se fazendo um pouco mais de força que o normal, e subiu a escada devagar, um degrau de cada vez. Daria certo assim. Quando abriu a porta do apartamento, viu Charlotte e Artémis no tapete, brincavam com as maquiagens de Queenie, que cantarolava na cozinha, enquanto batia uma massa.

- Você está sempre cozinhando? - Tina disse, ao adentrar o cômodo sem ser percebida.

- É a massa dos pães de Jacob, para amanhã, estou só dando uma ajudinha. - Colocou a tigela no lugar. - O que é isso no seu pescoço?

- Isso? Não sei. Devo ter esbarrado em algum lugar. - Deu de ombros, fingindo não se importar e levando a mão ao local.

- Newt está se arrumando, é melhor ter uma boa desculpa sobre onde estava o dia todo.

- No Trabalho, é claro… - Não conseguia pensar em uma desculpa melhor que essa? A resposta era claramente não.

- O Sr. Graves veio aqui hoje. - Tina se assustou levemente, e tentou não transparecer, tarde demais.

- Viu? Você tá mentindo! Onde você estava? - Cruzou os braços.

- Eu sou a irmã mais velha aqui! E preciso me arrumar, depois a gente conversa. - Deu um beijo na bochecha da mais nova e seguiu para o quarto que dividia com Newt.

- Teenie! Não pense que vai escapar. - Resmungou.

Quando chegou ao quarto, Tina observou Newt por alguns segundos, que ajeitava a gravata borboleta na frente do espelho, ela aproximou-se e o ajudou á deixá-la do jeito correto.

Newt passou os braços pela cintura dela, e seus olhos se encontraram, ela desviou o olhar do dele, que levou uma das mãos ao queixo dela.

- O que foi, Tina? - Delicadamente virou o rosto dela para ele, fazendo com que ela o olhasse.

Tina pressionou os lábios, segurando o choro, o nó na garganta lhe deixava com uma sensação horrível, os olhos compreensivos e preocupados de seu marido a encaravam.

- O que é isso no seu pescoço? - Ele tirou a mão de seu rosto e passou o polegar em cima do corte. - Perdeu a medalinha?

- Eu não sei, devo ter esbarrado em alguma coisa. - Deu de ombros - Eu tirei para fazer alguma coisa, e não lembro onde coloquei. - Se esgueirou para fora dos braços dele - Eu vou...me arrumar.

   Newt ficou parado no meio do quarto, ele estava determinado, e descobriria aquilo que incomodava Tina.

Na ponta dos pés | AFEOH [Newtina]Onde histórias criam vida. Descubra agora