O Primeiro amor da minha vida

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Eu, quando criança, era considerado o menino mais alegre, bobo e brincalhão da escola, divertia todo mundo com piadas, trocadilhos e tiradas em sala de aula. Época boa, quando o que importava era o interior da pessoa.

Eu adorava aquela escola, mas meus pais me trocaram para outra instituição no meio do ano e, eu, como não tinha escolha, tive que ir.Cheguei cedo, sentei lá atrás, pois sou muito tímido. Os alunos, já entrosados entre eles chegavam aos poucos e formavam seus grupinhos. Não vou entrar no mérito do inferno que sofri nessa escola, pois o que mais tem são histórias de perversidades e bullying que sofri ali. A história de hoje é específica. Eu vou falar sobre a primeira vez que senti borboletas no estômago, que meu chão ficou distante dos pés e que meu coração disparou.

 Eu amei a primeira pessoa da minha vida. Vou chamá-la de "Setembrina" pra que ninguém se identifique com um baita nome feio desses. 

A aula há havia começado. a professora me apresentou para a turma, poucos me cumprimentaram. Achei normal, já que amizades já estavam estabelecidas e grupos já estavam formados. Fiquei na minha e fui estudar, pois escola é pra isso. Poucos minutos depois, uma menina entra na sala, era a Setembrina! 

Eu me senti como num comercial de produtos de cabelo, quando a modelo solta os fios e tudo fica em câmera lenta. Senti um gelado no corpo, meu coração foi ao estômago e voltou para a garganta, tive taquicardia e suei frio. Eu tinha apenas 8 anos e estava completamente apaixonado por ela. Menina linda, morena, cabelos longos e lisos e um sorriso legal. 

Naquela época eu sequer sabia o que era tesão, eu só sabia que eu queria aquela menina do meu lado para brincarmos, estudarmos e lancharmos de mãos dadas. Pra mim, namorar era isso.Fiquei desconcentrado e não consegui prestar atenção na aula. Só queria saber de olha-la. Na hora do intervalo, eu queria olhar pra ela, vê-la lanchando. Mas tomei coragem e dei um oi e ela me respondeu. Fiquei muito feliz por ela ter respondido, mas como ela estava com duas amigas lanchando, não atrapalhei. Fui tentar me enturmar com os outros garotos.

Ao término da aula, meus pais foram me buscar e eu super empolgado só falava dela. Por coincidência, essa menina era filha de um amigo do meu pai. Meses se passaram e estava perto do dia dos namorados. Todo mundo sabia que eu gostava dela, então, eu pedi ao meu pai que fizesse um lanche muito gostoso e legal para que eu pudesse convidá-la para lancharmos juntos na pizzaria que ele tinha. 

Meu pai combinou com os pais dela e então fez o que eu pedi. Um amigo do meu pai que sabia da história, comprou uma bola enorme cheia de chocolates dentro e um ursinho no meio. Eu fiquei feliz, pois eu tinha tudo ali para agradá-la. Por mais sorte ainda, ela morava perto da pizzaria do meu pai. 

Dia dos namorados chegou. Minha mãe me arrumou e fui para pizzaria do meu pai, onde ele tinha feito uma linda mesa rodeada de doces. Prato e talher colocado e até velas. Os pais dela deixaram ela lá e pediram para meus pais levarem quando acabasse. Eu estava achando tudo perfeito, era o dia mais feliz da minha vida. Sentamos a mesa, conversamos. Contei umas piadas. Ela era legal, mas não parecia interessada em nada alem de catar os doces da mesa. 

Pensei: "ah, os doces são dela mesmo, deixa ela catar." Meu pai veio com uma pizza enorme. Comemos e bebemos refrigerante de uva. Meu pai sacana, colocou em uma taça, pra parecer que era vinho. Ela comia feito um trator. Quando ela acabou de comer o último pedaço de pizza, disse que queria ir embora. Eu pensei que ela ficaria mais um pouco comigo, mas me enganei. Então, como última tentativa de impressiona-la, pedi para minha mãe buscar o presente que o amigo do meu pai comprou para eu dar a ela.

Quando ela viu, arregalou os olhos de felicidade, abraçou aquela bola enorme e disse "quero ir embora". Meu pai foi comigo e acompanhamos a Setembrina até o portão de sua casa. Meu coração estava acelerado, pois em minha cabeça, encontros terminavam em um beijo no rosto. 

O pai dela abriu o portão, ela entrou e sequer me deu tchau. Nossos pais se cumprimentaram e então voltamos para o bar. Ela sequer agradeceu. Foi a minha primeira noite de tristeza por amor de toda a minha vida. Estava na pizzaria do meu pai, ele me pediu para limpar a mesa que eu usei. E a cada passada de pano eu lembrava dela e me perguntava o que eu tinha feito de errado. Fui dormir triste e com um nó na garganta.

No dia seguinte, na escola, eu estava na expectativa dela conversar comigo e então esperei o intervalo. Ela realmente veio falar comigo. Ela disse que queria me pedir uma coisa. Eu fiquei super feliz! Fomos até uma das mesas que ficavam no fundo do pátio da escola e ela sem cerimônia abriu a boca e começou a falar: 

"Eu queria pedir pra você não falar pra ninguém que eu fui na pizzaria do seu pai ontem, pois eu e minhas amigas achamos você muito feio e estranho. Eu não quero namorar voce e também não quero ser sua amiga. eu gosto do Guilherme.'

Eu só balancei com a cabeça em sinal de tudo bem. Estava morrendo de vergonha e com muita vontade de chorar. 

Meus olhos estavam cheios de lágrima. Mas não pisquei pra lágrima não cair. Ela se levantou e saiu. Eu passei todo o intervalo sentado no mesmo lugar, me perguntando por que eu nasci feio. Só chorei de tristeza quando cheguei em casa, escondido dos meus pais.

Respeitei a decisão dela. Estudamos até o final do ensino médio juntos. e
Eu a vi beijar e namorar todo tipo de caras da escola e toda vez que eu via, eu sentia uma punhalada no peito.

Mas o mundo deu voltas. Em Março de 2018 nós nos reencontramos e a história foi muito, mas muito diferente. Ela não estava mais lidando com o Marcos. Estava lidando com o Hector.

Essa história porém, vou contar no próximo capitulo.

Prosticontos - Parte 1Where stories live. Discover now