O Reencontro

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A mulher que eu amei durante toda a minha juventude me ignorava completamente. Eu me sentia uma porta de blindex automática. Ela simplesmente passava por mim, não me via e eu abria espaço pra ela passar. todo santo dia. Eu a vi namorar os caras mais babacas da escola. Os que tinham Honda Biz e ficavam zoando quem ia a pé ou de onibus pra escola, aqueles mauricinhos que só sabiam falar sobre aqueles Tênis caros(Reef).

Namorava também aqueles caras chatos que tocavam a mesma musica do legião urbana, que eles aprendiam com aquelas revistas de "aprenda a tocar violão", além de ter namorado aqueles meninos superficiais de cabelinho de surfista jogado pro lado, que só precisavam jogar o cabelo fazendo aquele tique nervoso, para que um monte de meninas viessem até eles, sem que precisassem ter nenhum assunto, além de, claro, dos zé droguinha que toda escola tem.

O resultado disso tudo em sua vida foi notório: rodou feito azeitona em boca de banguelo, quicou em diversas rolas. Você deve estar pensando agora "Nossa, que despeitado.. pura inveja sua.". Eu tive inveja sim. pq eu queria ter sido um desses caras que puderam tê-la na cama. eu aguava, eu suspirava.. eu queria aquela mulher, mas outros a tiveram em meu lugar, então, tudo o que eu podia fazer era lamentar e odia-los mentalmente.

Depois de ter agasalhado inúmeros caralhos e ter mais horas de cama do que urubu de vôo, ela decidiu se casar. Casou bem! Com um cara que tinha uma situação boa para mantê-la, pois já que ela só tinha beleza, achou que não precisaria estudar, e então se agarrou ao primeiro trouxa com uma situação financeira confortável.Ela se acomodou, ja tinha um trouxa arcando com suas despesas dando altas regalias. Ela parou de malhar, teve 2 filhos e embarangou. Ficou tão sexy e atraente quanto uma garrafa pet. O então marido, tentou salvar a lataria e pagou próteses de silicone e cirurgias diversas. O casamento durou mais uns 2 anos. Pelo visto ele não quis mais ficar com ela e então propôs uma sociedade onde ele entrava com o pé e ela com a bunda.

Sozinha, com 2 filhos e uma pensão gorda mas sem marido, a nova solteirona estava na pista, doida para ser atropelada por um caminhão de caralhos.

Este foi o resumo que a setembrina me contou, em nosso encontro após darmos um match no tinder.Eu já estava trabalhando como garoto de programa nesta época. E no tinder eu usava uma regra básica para pescar clientes. Eu focava em mulheres com idade igual ou superior a minha, que fossem divorciadas, que tivessem algum problema de autoestima ou que tivesse alguma característica aparente que sugerisse que ela não fosse conseguir um sexo tão fácil quanto as demais meninas padrão do app. Ela caiu nesse filtro por corresponder a pelo menos dois desses critérios. 

Assumo que dei um sorriso maldoso de canto de boca quando ela caiu na rede.Foram semanas de conversa no tinder antes de marcarmos o encontro onde ela me contou aquilo tudo. pra variar, como eu era um ser invísvel na vida dela, ela sequer lembrava que eu era o imbecil que ela maltratou e estudou com ela até o final do segundo grau.

Os assuntos do encontro, pasmem, foram sobre como os homens eram cafajestes e objetificavam as mulheres. Ela também falou sobre ser descartada pelo marido por que ela não estava mais dentro do padrão de antes. puta ironia. eu estava rindo por dentro.Ela encontrou comigo sabendo que eu era garoto de programa e que iríamos transar, mas ela ainda parece que não estava ciente de que eu era a mesma pessoa que estudou com ela a vida toda. Eu tava puto pra caralho por ela não lembrar, mas ai eu acabei soltando: "Você não lembra mesmo de mim né? quando tinhamos 8 anos, no dia dos namorados, meu pai fez um encontro pra gente, lembra?" 

Ela franziu a testa se esforçando para lembrar de um acontecimento que pra mim foi muito marcante... ela demorou, mas lembrou! E completou: "Ahhhh eu lembro de voce! nós estudamos juntos! Aquele ursinho que voce me deu quando eu era pequena, eu adorei! Mas eu perdi pouco tempo depois! Que coincidência legal e bla bla bla whiskas sachê..."

Prosticontos - Parte 1Where stories live. Discover now