55 - Luan.

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— Eu nem sei por onde começar, LN, tamo cercado de todas as formas — me serviu de mais um copo de whisky — Martins deixou geral cercado de dívidas — olhei pra ele desacreditado — Porra, tô na sede da Maria Luiza, no dia da guerra ela me disse que o Martins tava bem — neguei com a cabeça — Eu lá em Cabo Frio, LN, já sabendo que ele tava mal, liguei pra ela, ela falou que tava tudo bem.

— Caralho, inacreditável em como essa mulher fudeu geral, sumiu e não da nem pistas de onde tá! — falei fazendo ele concordar

— O cara que ta de frente é novinho, tem pouca experiência, tá só pra gerenciar mesmo, já tamo fraco de soltado — se serviu de mais whisky

— Cadê os outros moleques, paizão? — ele riu negando com a cabeça

— Geral meteu o pé, se tiver 20 fechando aqui ainda é muito, só ficou quem é cria do bagulho — caralho, eu não tava acreditando

— Porra, essa guerra tem que acontecer, Tico nos pede uns reforços, tu tem maior conceito — falei

— Mete o pé, escuta o que o Martins te disse, eles não te pegaram ainda por que tu é abusado — concordei — Mas eles só estão esperando um motivo pra te jogar no xadrez — falou — Não volta não, LN, isso aqui tá um campo minado — olhei pra ele — Eu não enxergo coisa boa nisso, por mais necessário que seja! — neguei

— Mas dinheiro acaba, papai, eu já tô me sentindo meio quebrado — ele negou — Preciso me vingar desse filho da puta, tu sabe que eu não vou deixar essa porra de lado — falei sério

— Esquece o tráfico, tu é um moleque inteligente, tem cabeça e tem disposição — falou olhando pro copo — Isso aqui é adrenalina que passa, eu sei que tu é fiel a facção, mas faz igual o Maycon, mete o pé — deu um gole

— Eu prometi pro Martins que não ia arregar e não vou — levantei —  Tô fechadão contigo, Tico, pra qualquer ko, nós vai reerguer nosso palácio po, seja com 10, com 30, 2000 — ele riu orgulhoso — Bora botar o plano em prática, porra! — falei rindo

— Teu caminho é esse mesmo né desgraçado — brincou me fazendo rir — Quando Ricardo me disse que tu ia bagunçar o RJ eu não tive dúvidas — gargalhei

Eu fiquei ali organizando a guerra com o Tico, iríamos ter que pedir reforço, isso era fato, estávamos fechados de toda forma.  Acionei o GB que brotou com o FB e passei as informações pra eles, logo Vitinho chegou também, o bagulho vai ficar de verdade.  

Quando eu cheguei em casa a Milena tava dormindo no quarto, o rosto vermelho de tanto chorar.

Fui na cozinha beber água e a Luana tava sentada na mesa, pensei em voltar, mas adentrei mesmo assim.

— Preciso nem falar nada — ela falou baixo

— Fala nada não, é melhor assim — botei o copo na minha

— Tinha necessidade daquilo, porra? — levantou puta

— Tu escutou a conversa? — ela concordou — Tenho meus limites, Luana, vou escutar seu namoradinho me insultando falando que vai me matar na minha cara e vou ficar quieto? — olhei pra ela — Não sei viver essa falsidade que vocês vivem não.

— Que falsidade, Luan? Só achei que você poderia ser um pouco compreensivo, não comigo, mas com o teu sobrinho — ri negando com a cabeça

— Pede compreensão pro teu namorado, eu tenho meus limites e se ele entrar no meu caminho, o bagulho vai ficar estreito — falei ignorante

— Olha a merda que você tá falando, deixa de ser ridículo — gritou — Larga esse espírito de ódio, Luan, porra, por mim — pediu com os olhos cheios de lágrimas

— Não tem espírito de ódio, porra, nem se mete, o ko é entre eu e ele, se você entrar nessa situação vai se complicar — caminhei pra porta de saída — Isso não tem nada haver com nós, é papo de bandido e polícia então fica fora! — completei saindo

Tomei um banho pra tirar a tensão que estava sentindo e deitei do lado da Milena.

Eu cai no chão sentindo minhas pernas tremerem, a ardência em minhas costas insuportáveis, tudo doía, eu sentia como se minhas pernas estivessem virando gelatina, todo mole, eu tô mole, mais um tiro, mais outro, na minha perna direita do, porra, estavam mesmo me fuzilando?

Fechei os olhos e quando abri minha mãe estava na minha frente, com os cheios de lágrimas, a mão estendida para mim, algo era dito mas eu não conseguia ouvir, eu tentei ssegurar a mão dela, mas meus braços estavam pesando toneladas.

— Mãe? — tentei falar, ela negou com a cabeça tampando os olhos

— Luan? — A Milena gritou de algum lugar, porra eu tentava levantar e não conseguia de jeito nenhum —  Fala comigo, por favor — ela implorou, eu ainda não conseguia vê-la — Alguém me ajuda, por favor, é o meu namorado — falou chorando de algum lugar

Mais um, agora em meu peito, porra mais uma agulhada, eu tô agonizando de dor já, o que esses filhos da puta estão pensando da vida? Já não basta a dor das costas e da perna.

Tentei levantar do chão sujo mas fui empurrado de volta ao chão, alguém pisava em minhas costas, me chutavam com força.

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Olhares - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora