5º Capítulo

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Obrigada pelos comentários.

É muito importante ter essa resposta de vocês.

Agora, boa leitura!

5 – O dia que eu achei que não tinha nada demais

Ripper continua me visitando, no entanto, desde que fui atacada pelo desconhecido, ele vem mais de uma vez no dia, pela manhã, e as vezes a noite. Sempre me questionando as partes que mais gostei no livro.

Hoje ele está ainda mais casual do que de sempre. Suas roupas são claras, ao invés das pretas que costuma usar. Ele tem o cabelo um pouco maior do que quando cheguei aqui, apesar de ainda ser um pouco no estilo raspado. Há muito não vejo novas cicatrizes e aquela da sobrancelha parece ter sarado completamente, restando apenas um fio de pele elevado.

- Eu não entendo uma coisa Marina – ele sorri depois de me ouvir falar do livro por uma hora direto -  porque a mulher do cara é a única que continua a enxergar?

- Eu não sei – eu sou sincera a respeito disso no livro – mas penso que há um propósito na história com o fato de um ser humano ser imune a epidemia. É como se houvesse esperança.

- Esperança – ele diz como se saboreasse cada sílaba da palavra.

- Sim – eu finalizo fechando o livro e me virando para deitar. Queria conversar mais, mas estou na mesma posição há horas e eu não consigo manter meus olhos abertos por mais tempo.

Ele percebe minha atitude e se levanta. Eu quero dizer para ficar, mas não encontro a minha voz. Estou desesperada pela sua companhia, passo o dia a esperar que ele chegue e depois, conto as horas para ele voltar. Mas não sei mais o que fazer para o manter aqui:

- Você dorme aonde? É tudo que consigo dizer quando recupero minha voz.

- Na casa – ele diz apenas.

- Ah! Achei que teria algum quarto ou coisa assim.

- Tenho – novamente ele está se fechando para as minhas perguntas e já alcançou a maçaneta da porta.

- E fica? Eu sorrio timidamente pra ele, tentando puxar dele mais do que costuma me contar.

- Aqui.

Não sei se a verdade das palavras dele ou o impacto de estar exatamente onde ele costumava dormir, mas eu saio da cama no mesmo momento e me sinto como se tivesse extremamente acordada, e não com o sono que eu estava há segundos.

Ele percebe o que eu estou pensando e antes que eu posso pensar em algo, se aproxima de mim, segura meu rosto com as mãos. É o suficiente para me paralisar da cabeça aos pés e me fazer segurar a minha respiração para o que ele vai falar. Sem saber o que fazer com as minhas mãos caídas na minha lateral, eu as deslizo pela sua cintura, no mero impulso de tentar sentir a proximidade de alguém. E como reação, ele abre a sua boca e solta um longo suspiro.

Mas não fala. Absolutamente nada.

Volta-se novamente para a porta e sai. Como sempre, sem olhar pra trás.

RipperWhere stories live. Discover now