3. Nenhuma Dor Tão Grande

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Alguém pediu uma nova atualização quentinha nesse sábado? Saindo do forno para os meus clientes favoritos e recorrentes. Obrigada pelas votações e comentários, isso valoriza muito o produto ;)

Boa leitura, survivors!

~o~

O sol parece extremamente insuportável hoje. Suor continua escorrendo pelas costas de Harry, esfriando só por um momento antes de se tornar pegajoso e quente. Quase duas semanas se passaram. E a cada dia, ele se sente um pouco mais forte e um pouco mais sábio.

Harry e Louis criaram uma rotina. Toda manhã, o menor sai para uma varredura e volta para casa com uma mochila pesada para jantar com o maior. Quando Louis não sai ou conserta seus escombros, ele alinha latas vazias lá fora e ensina Harry a atirar. A sensação da arma do mais velho em sua mão não é mais tão inquietante ou estranho.Mas hoje é o primeiro dia desde a fábrica que Louis o convidou numa saída a trabalho.

É uma boa mudança, exceto pelo calor insuportável. Eles andam já faz um tempo agora, os longos passos do mais velho o mantendo sempre levemente a frente, um galão de água vazio pendurado inexplicavelmente nas costas. Depois de quase 10 minutos de silencio, Louis se vira e começa a andar de costas, finalmente pronto para falar.

- Se anime, lindo! Eu te mostrarei algo especial hoje.

- Você vai me dizer o que é?

- Olha, tem que ser uma surpresa, okay? Da primeira vez que encontrei esse lugar, meu coração quase parou. Cara, mal posso esperar para ver a expressão no seu rosto.

Em certo ponto, Harry passa por um monte de entulho que antes deve ter sido algum tipo de abrigo no solo. Potes, panelas, e outros sinais de vida humana estão espalhados, enferrujando ao ar livre, abandonado. Louis nem sequer dá uma olhada. Ele já deve ter esvaziado este marco de qualquer coisa valiosa algum tempo atrás.

Algo chama a atenção de Harry, que olha bem na hora que uma barata desliza para baixo de um pedaço de detrito. Era maior que qualquer inseto que já tinha visto.

- Parece que tudo que vejo são só ratos e baratas.

- Isso mesmo. Eu, os ratos e baratas; somos sobreviventes.

- Sobreviventes? Eles estão se desenvolvendo. Nunca vi animais tão grandes.

- Sim, bem, a comida não é tão limitada quando você está disposto a comer qualquer coisa. Eu já passei por matilhas de ratos mastigando mudinos mortos várias vezes. Eu mesmo ainda não cheguei nesse ponto.

- Graças a Deus.

Por um momento Louis parece um pouco...Desconfortável?

- Não que eu esteja exatamente orgulhoso de algumas coisa que eu acabei— nah, esquece.

No silencio que se segue, ele toma uma respiração longa e funda. Depois, sem mais uma palavra, se vira e recupera o ritmo. Finalmente, a paisagem plana começa a se transformar, e Harry se depara com o pedaço de terra mais bizarro no meio do deserto pós apocalíptico. Uma vez que a mente do rapaz consegue assimilar o que está vendo, não pode evitar de soltar um suspiro incrédulo. Isso é...A versão da Tigela Empoeirada de um oásis?

O riacho é um pouco mais que um gotejamento. Mas só de ver uma fonte natural de água - não importa quão fraca - conseguindo sobreviver nesse terreno baldio, é como a mais profunda manifestação de esperança. Para não mencionar a vegetação brotando ao longo de sua margem. As pequenas árvores delgadas são coisinhas feias, diferente de qualquer outra que Harry já viu. Cinzas e de aparência doentia...Mas vivas. E qualquer coisa forte o suficiente de sobreviver por aqui, não importa sua aparência exterior, com toda certeza possui seu próprio tipo de beleza.

Aloners || l.s. (post-apocalyptic AU)Where stories live. Discover now