Alguns dias se passaram desde a entrevista, aliás, para alívio e tranquilidade de Elizabeth, a resposta chegara ainda naquela manhã. Estava contratada.
Só precisaria realizar alguns testes práticos de conversação, agendados para àquele mesmo dia. E provavelmente iniciaria na manhã seguinte. Pois, foi informada de que haveria uma reunião; portanto, ela seria a intérprete que ficaria ao lado do CEO, que Lizzie prontamente descobriu ser Fitzwilliam Darcy. Aquele mesmo individuo um tanto soberbo e frio que conhecera na ocasião da entrevista.
Suspirou pesadamente e com exímio resigno, aceitou os termos. Teria de tolerá-lo para o bem da experiência profissional que tal emprego lhe atribuíria.
As horas correram rápido, Jane estava no trabalho, era caixa no banco do Brasil, mas nutria em seu coração uma imensa paixão por história da arte. Elizabeth não entendia o porquê de a irmã não cursar outra faculdade e mudar de área. Visto que o banco mais a estressava do que lhe dava alegrias. Em suma, Jane vivia fissurada em documentários de história e, em seu tempo livre, sempre frequentava museus. Agora ainda mais, pois Charles era professor de história da arte na universidade Mackenzie de São Paulo. Talvez fosse por isso que os dois se deram tão bem.
Elizabeth meneou a cabeça, estava ansiosa, por algum motivo, sentia-se intimidada pelo tal de Darcy. Porquanto, ao saber que trabalharia lado a lado com ele, cogitou, só por um momento, desistir da vaga. Entretanto, logo reconsiderou sua decisão, não fugiria apenas por não ir com a cara de um homem, que era CEO da empresa, por sinal. Elizabeth não ligava, Darcy poderia ser o papa, ela não voltaria atrás. Não era e nunca fora covarde, não seria agora que daria para trás frente a um desafio.
Tomou seu banho demoradamente, vestiu uma saia lápis, com uma fina meia por baixo, já que o tempo estava duvidoso. Escolhera uma camiseta social feminina e por cima, jogou um blazer que era seu xodó. Aliás, Lizzie fez uma nota mental: precisava comprar roupas novas com urgência, já que não dava aulas tão formalmente, dispunha de poucas peças naquele estilo. Resolvera, então, passar pelo shopping na volta. Como iniciaria pela manhã, queria causar uma boa impressão.
Fitou-se no espelho e mandou um beijo para si mesma, estava linda, cabelos presos em um rabo de cavalo alto. Olhos levemente maquiados, os lábios carnudos, por sua vez, eram levemente realçados por uma camada de batom mate. Pois, ainda que a cor fosse discreta, seria impossível não os notar. Em outras ocasiões, quando Elizabeth queria chamar atenção para eles, abusava do batom vermelho. Não era o caso, ela estava indo para um teste, não para a balada.
Borrifou um pouco de perfume, pegou a bolsa e saiu. Daria o seu melhor, como sempre fizera. Elizabeth entrou no carro e rumou para a Avenida Paulista, onde ficava o escritório da empresa em questão. Até que sua ficha caiu, Fitzwilliam Darcy. Darcy's company. Obvio que ele era o CEO, o dono, aliás. Como Elizabeth não se tocou antes?
Ela riu de si mesma, tamanha a falta de atenção, ainda assim, manteve o bom humor. Pelo menos recebera a confirmação de que era qualificada para tal. Se até mesmo alguém aparentemente tão soberbo a contratara, não restava dúvidas. Tanto que até teve seu ego momentaneamente massageado pela constatação. Quanto maior o desafio melhor. Elizabeth gostava de desafios.
Ao chegar, Lizzie cumprimentou e se apresentou à recepcionista simpática da empresa. Sendo direcionada à uma sala reservada, no qual, aparentemente ela iniciaria os testes de conversação por videoconferência pelo Skype, com a intérprete de licença. Elizabeth receberia dela o aval final.
Todavia, mal se acomodara, quando uma outra mulher, mais alta e extremamente bem vestida, irrompeu pela sala. Um tanto pálida e bastante alterada.
— Olá, Elizabeth. Meu nome é Beatriz, eu sou assistente da diretoria, tudo bem? — ela tentou soar o mais natural possível, apesar da visível perturbação interior. — Acho que seu teste será adiado, tivemos um contratempo e precisamos de você na sala de reuniões urgentemente. Pode me acompanhar?
Elizabeth assentiu, um pouco nervosa, não estava preparada para iniciar ainda. Contudo, permanecia segura de si, conhecia suas habilidades e, no mesmo instante, colocou-se de pé para acompanhar Beatriz.
Seguiram por um longo corredor, com algumas portas fechadas e vários retratos pendurados estrategicamente pelas paredes. Alguns, Elizabeth notou, eram de Darcy, mas ao mesmo tempo não eram dele. Ela pensou ser seu pai, obviamente. A semelhança era gritante; no entanto, o olhar dos retratos era mais caloroso, comparado aos olhos azuis oceânicos e frios que ela encarou no dia da entrevista. Abstraiu-se de suas divagações e seguiu, parando em frente à uma porta, com uma plaquinha sinalizando DIRETORIA.
Beatriz bateu duas vezes e abriu a porta delicadamente, então vários pares de olhos recaíram sobre ela. Elizabeth que quase riu vendo os acionistas a encarando com ar de curiosidade.
— Senhor Darcy, com licença. — Beatriz pediu, educada; e na sequência acrescentou. — Elizabeth é... — Porém, não pôde concluir a frase.
Ouviram, imediatamente, àquela língua tão conhecida por Elizabeth — e que era tão fascinante para ela; por sinal —, soar na voz de um chinês aparentemente atarracado e muito bem vestido, na ponta da mesa retangular de vidro. Onde acomodavam-se mais uns sete executivos. Já Darcy, mantinha-se de pé, próximo à porta. Demonstrando certo grau de nervosismo, o que Elizabeth estranhou.
Entretanto, aquela cena, de imediato, não foi sua maior surpresa. E sim, as palavras que Darcy proferiu a seguir, cortando Beatriz:
— Minha noiva.
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Oe oe oe, a mão pra cima, a cintura solta da meia volta, dança Kuduro hahahaha e agora, José?
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Procura-se uma esposa
FanfictionO jovem empresário bonito e bem sucedido, Darcy; está prestes a firmar um contrato milionário que pode expandir ainda mais seus negócios. Só tem um problema, para isso, ele precisa encontrar uma esposa o quanto antes. Pois, um homem solteiro, ainda...