1- Eu não sou todo mundo !

306 42 89
                                    


Sabe aquela velha frase: "Por que as outras meninas podem e eu não?" Pois é, eu faço essa pergunta pelo menos cinco vezes ao dia.

Sou uma garota de dezesseis anos cheia de planos e objetivos. Moro em São Paulo, a cidade das mil e uma oportunidades e das supostas lendas urbanas mais estranhas que existem - na minha opinião, é claro!

É difícil me assustar. Sinceramente, poucas coisas me abalam, a não ser quando saio da minha rotina. Tenho TOC, e mudanças me deixam extremamente irritada. Perguntas idiotas? Nem se fala!

Na escola eu era a esquisita e antissocial, e não me encaixava em padrões físicos e comportamentais. Na família eu era a ovelha negra, pois ninguém conseguia me compreender. Bom, se nem eu conseguia, quanto mais minha mãe, que apesar do todos os esforços pra me tornar uma pessoa normal vivia se frustrando.

Meu pai eu nunca conheci. A única coisa que sei é que ele era

No mais, nenhuma foto, nenhum contato.

Absolutamente nada.

Minha mãe disse que ele era muito atraente, mas por motivos que ela diz que não preciso saber, terminou a vida num sanatório.

O nosso relacionamento sempre foi conturbado justamente por mamãe não gostar de falar sobre o dela com meu pai.

Minha mãe sempre foi super protetora, mas as vezes literalmente ela passa dos limites. Ela quase nunca me deixava sair com os amigos e quando deixava me ligava de dez em dez minutos, desconfiava de todos, ninguém era bom o bastante pra ela e nem pra mim.

Por guardar segredos, acabei ficando como ela. Também guardo os meus exatamente pra poupá-la de sofrimentos que provavelmente me dariam o mesmo destino do meu pai.

Nunca fui romântica. Odiava bonecas. Princesas, então? Um porre!

Gosto de boa música, bons livros e amizades sinceras, que, aliás, tenho poucas; e faço questão, pois assim posso cuidar e dar atenção pra todos. Dá menos trabalho, sabe?

Desde pequena sou meio estranha, não conseguia me agradar com as brincadeiras das outras meninas ou dos meninos - o que fazia eu sempre ficar de fora.

Mas tudo bem, eu tinha um amigo que só eu via.Estranho, né? Minha mãe dizia que era fruto da minha imaginação, e outros afirmavam que era um "amigo imaginário"... Nem vou falar daquelas pessoas que o chamavam de "anjo da guarda", "entidade", "obsessor" - e que eu podia ser médium... Putz! Eu ser médium? Essa foi a pior!

Certa vez , não me lembro muito bem,tinha uns oito anos, houve uma enchente em São Paulo e eu estava na casa da minha amiga pra uma festa do pijama. Me lembro como se fosse hoje, a chuva que caiu por mais de uma hora causou um estrago enorme.A água começou entrar na casa e invadir os cômodos, em poucos minutos tivemos que sair da casa, faltou energia elétrica e estava muito escuro. Quando saímos achamos que ficaríamos mais seguros fora, mas uma enxurrada me carregou pra longe e eu não sabia nadar. Eu apaguei quando bati a cabeça em algo e acordei nos braços de Luz . Não sei como mas, eu estava salva e o ferimento na minha cabeça tinha sido curado. Ele sorria pra mim e dizia que tudo iria ficar bem.

Foi assim que fui percebendo que Luz não era meu amigo imaginário, ele era MUITO MAIS, era meu anjo da guarda!

Essa pode até parecer uma história de romance adolescente cheia de clichês, mas não se engane!

Abra a sua mente e pegue um crucifixo.

Você pode precisar!

Meu nome é Constancy e eu vejo coisas... E não, eu não uso drogas. Apenas não sou como todo mundo!

Constancy, O Despertar ! (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora