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Pintura, retalho e colado
Oculto, reparado e alterado.Após calçar-se Mirela bateu à porta do irmão e abriu, como esperado ele estava recostado e conversando com Patrícia pelo WhatsApp, e sequer a olhou entrar, fingindo dar atenção à namorada.
— Ouviu a conversa? — perguntou Mirela.
— É, eu ouvi. — Oscar respondeu de mau humor.
— Então... trará Patrícia?
— Eu não sei o que vou fazer.
— Pela conversa percebeu ser sério, não é? Digo, para toda a nossa sociedade local, e preciso saber como as coisas se encaminharão.
— Certo.
— Sério, Os... Baixa esse celular e olha pra mim...
Precisou sentar-se na cama e tocar seu braço para que o convencesse a baixar o aparelho e dar a devida atenção.
— Se gosta mesmo dela, sabe que ela é bem vinda. E acho que a casa dela não tem todo o sistema de segurança que tem aqui. — destacou Mirela.
— Está dizendo isso para me convencer a estar em casa. — Oscar falou.
— Sim, e você sabe disso. — confessou. — Eu não sei a dimensão que isso vai tomar. Se ela estiver assustada não precisa nem sair do seu quarto, e Débora e eu prometemos ter cuidado com a presença dela.
— Mas eu... não quero que ela tenha que conviver com isso. Que ela tenha de lidar com isso!
— Entendo. Pode não parecer, mas entendo completamente. São universos diferentes demais, frustrante tentar superar, ainda que superável... Nós somos isso.
— Acha que podemos dar certo?
— Acho que sim. Mas não será possível se estiverem mortos.
— O que? Acha que terá mortes?
Ela levantou-se com um suspiro, voltando-se pra ele com seriedade.
— Sabemos que estão acontecendo mortes. Sabemos que estão matando a própria espécie e que quebraram o pacto de não se alimentar ou afetar diretamente os humanos. Eu preciso ir. Débora está dormindo no meu quarto, deve ter passado o dia em claro novamente. Não a deixe sozinha, certo? — pediu Mirela.
— Diz isso para que eu fique sob supervisão, como um neófito... — Oscar resmungou.
— Não. Eu digo isso para que, caso ela tenha problemas tenha alguém que a ajude. E se você tiver algum problema, que também tenha ajuda. Uma ajuda que não vai se acovardar e fugir deixando o outro.
— Qualquer um me ajudaria, embora eu duvide que vá precisar. — protestou. — Conhecem a nossa família. Está pegando pesado.
— Não, não estou. — afirmou. — Não ajudaram nossos pais, e é por eles que conhecem nossa família... Quando as coisas ficam loucas pensam primeiramente na sobrevivência, e partem para o mais distante possível. Aconteceu diversas vezes ao longo da história, e não agora que mudaria. Estou saindo.
— Atenda o telefone e esteja em casa duas horas antes do amanhecer. — provocou.— Leve a minha moto, vai poder chegar mais rápido. — sugeriu.
Mirela sorriu para ele, reconhecendo suas regras entendidas pelo irmão, e pegou a chave que lhe fora arremessada.
— Valeu. — agradeceu antes de sair.
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As reuniões eram à céu aberto, de modo que nenhum deles se sentisse intimidado confinado em um local de maior controle, como animais. O que deixava àqueles de fora uma estranha visão em que os mais tradicionais, em seus ternos e roupas cerimoniais se mesclavam aos casuais, ou extremos quando pareciam ter alguns grupos de motociclistas entre eles, enquanto outros levavam bicicletas.
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Sob as Presas
VampireSeus olhos não ousam brilhar à claridade, quebrados sobre joelhos. Mas, ao ocultar-se o sol a cidade é daqueles que jamais se rendem. Versos de capa e de epigrafes retirados de poemas de Icel263, em SpiritFanfiction.com