Sob as Presas

[09]

♣♦♣

Em sua forma bruta,
podem para o fundo nos arrastar.

Red sentia a respiração de Oscar no seu pescoço mesmo que não estivesse alie caminhasse de um lado ao outro da sala, de braços cruzados e impaciente. As teclas do computador ecoavam, e por mais que Rebeca tivesse a audição aguçada dormia no sofá sem incômodo algum, com o ambiente escuro após o amanhecer quando todas as janelas estavam bloqueadas pelas abas de segurança, ativados remotamente pela programação predial.

— Quanto tempo mais vai demorar? — Oscar cobrou.

Ouviu mais teclas pressionadas sucessivamente, até Red cruzar os braços com um dedo nos lábios enquanto analisava os códigos recém inseridos na simulação que tinha. A cada momento que os incisivos inferiores surgiam pela metade, eram empurrados para baixo pelo indicador, deixando-o saborear o próprio sangue e sentir a agradável dor que antecede a refeição.

Apenas então ouviu o outro, ainda mais irritado. Todavia estava cansado demais para aquilo e levantou-se ainda sem responder, antes de ser seguro pelo ombro e pressionado contra a parede. De olheiras por tantas horas de trabalho Red sequer deu-se ao trabalho de tentar soltar-se ou atacar.

— Quando soltará a minha irmã? — exigiu.

— Com fome é que nunca conseguirei fazer algo... — resmungou o outro. — Eu apenas ia comer algo, na cozinha. Quer alguma coisa?

— Débora está presa e faminta, e enquanto isso você se alimenta? Acha que eu tenho algum apetite com isso?

— Bem, ficar com fome não vai ajudá-la mais. A irracionalidade e tudo mais... — divagou. — E talvez a sua protegida também esteja com fome.

— Pode apostar que estou. — afirmou Rebeca sentando-se.

— Volte a dormir. — Oscar mandou.

— Com todo esse barulho? Impossível.

— Olha, me deixa fazer uma pausa de dois minutos e me alimentar, então eu volto a trabalhar de boas. — Red pediu.

— Talvez se ele descansar...

— Descansar? Não. — Oscar recusou. — Se Débora não descansa, eu não descanso ou deixarei ele descansar.

— Como quiser. Apenas comer, e então volto ao trabalho. — jurou Red. — Sabe, por causa da fome que não nos deixa pensar direito, e tudo mais...

— Apenas uma bolsa! — exigiu.

Soltou-o, e à um gesto de cabeça convidou Rebeca que o acompanhou antes de Oscar também ir à espaçosa cozinha, observando-os.

— Há quanto tempo está trabalhando? — Rebeca perguntou.

— Há quanto tempo minha bunda está pregada naquela cadeira? — suspirou Red. — Há um dia, uma noite, aparentemente outroo dia, e talvez outra noite...

— E se não terminar eu vou arrancar essa cabeça ruiva de cima dos seus ombros. — Oscar ameaçou.

— Você pode tentar, se isso for ajudar sua irmã. Estimando em 50% de chances pode até conseguir. — desafiou. — Mas não acredito que vá te ajudar no que quer.

— Seu... desgraçado! Farei o conselho rever suas atividades.

— Ah, qual é... Meu trabalho é inofensivo.

Afastou-se dele, retornando para sua mesa de trabalho ingnorando o que Oscar tivesse a dizer.

— Inof...