Duologia Homens Implacáveis [ L 1 ]

3 • Imprevisto

Comecei o dia bem cedo, fui o primeiro a chegar na empresa. Estudei alguns casos pro bono e cogitei a possibilidade de representar alguns para manter a mente ocupada. Além disso, observei as últimas decisões tomadas nas empresas em que sou sócio, também tenho que analisar os possíveis investidores para a Pearson e ficar atento a qualquer risco de perder algum cliente. Cada detalhe deve ser minimamente analisado.

Quem eu quero enganar, caso nenhum vai conseguir tirar a imagem de Olívia com aquele jornalista avarento da minha mente.

Quase as seis da manhã Madison chega. Hoje pela primeira vez, em anos, eu cheguei primeiro que ela. Sorrio com o pensamento irônico.

— Começou bem cedo hoje. Está tudo bem?

Me pergunta encostando na beirada da porta da minha sala observando as caixas de documentos espalhadas por todo lado.

— Acho que não tive muita opção. Mas estou bem, se quer mesmo saber.

Madison revira os olhos, entra na minha sala e se acomoda na poltrona.

— Você é muito orgulhoso, Cris.

— Ela realmente ficou com o jornalista, o tal do Fernando Scobar, queria que eu fizesse o que ? A tomasse dele feito um homem das cavernas ?

Madison expressa surpresa , não esperava por menos pois também me surpreendi com minha reação, preciso me controlar.

Ela coloca sua bolsa em cima da mesa de madeira escura e olha para um ponto cego pensando em algo para falar.

— Sabe Cris, nós lidamos com esse tipo de coisa todos os dias, uma traição não é o fim de um relacionamento e você sabe muito bem disso. — Olho para ela atento para as próximas palavras, pois no fundo eu sei que ela está certa. — Você deveria lutar por ela ao invés de continuar negligenciando o relacionamento. Não a amava o suficiente para lutar por ela? 

Eu queria mandar a Madison ir pro inferno, mas respeito a empresa na qual trabalhamos e não quero desavenças.
Porém, ela acertou em cheio em um ponto específico, eu não amava o suficiente para abandonar tudo por ela, não era loucamente apaixonado ao ponto de abrir mão de tudo o que conquistei por ela. Pensando bem, eu acho que nunca amei ela. Não desse forma, com tamanha intensidade.

— Não importa mais. Já acabou.

Digo sério, até um pouco rude.

— Já tenho a resposta então. Eu vou para minha sala cuidar da minha vida e se precisar de ajuda, sabe onde me encontrar.

Não respondo.

Espero que ela deixe minha sala para voltar a revisar alguns contratos, logo recebo uma ligação de Sarah dizendo que não vai poder trabalhar hoje, pois a mãe sofreu um acidente pela manhã em seu trajeto para o trabalho, ao que parece o estado é muito grave.