Duologia Homens Implacáveis [ L 1 ]

7 • Sem omissões

— Desde quando está sendo perseguida e ameaçada de morte ?

Pergunto um pouco irritado pelo fato de não ter sido informado sobre, só me disseram que ele queria tomar a empresa e difamar o nome da minha cliente, em nenhum momento fui informado de uma perseguição mortal!

— Eu não queria te contar, porque até o momento, eram apenas ameaças fajutas. Não estava levando em consideração.

— Como não levou em consideração, Alysson? Seu ex-marido te perseguindo e te ameaçando e você não levou a sério? Eu estou todo sujo de sangue e poderia ter sido você. Tem que aceitar a realidade, ele é um maluco, lunático e ele quer matar você.  Entende isso?

Ela engole seco e depois me encara com medo estampado no olhar.

— Eu... eu não reconheço esse homem. Como pode me pedir para esperar coisas horríveis de alguém que eu amei tanto? Foram cinco anos ao meu lado, uma conduta impecável. Como poderia acreditar que um ser humano incrivelmente gentil e carinhoso seria capaz de querer  me matar?!

— Eu sei ! - Digo em tom de voz mais alto-  Eu sei. 

— Então não espere que eu saiba o que ele quer, porque eu não sei! Eu não conseguiria imaginar  nem a metade das coisas que ele fez hoje. Pelo amor de Deus, ele quer me matar!

Limpo o sangue que escorria pelo nariz na camisa branca, mas que droga!

— Você ainda vai pegar o caso?

Paro ao lado do carro preto, abro a porta para ela em silêncio. Essa é uma pergunta que não posso responder agora. Não é apenas pelo fato de ser um caso extremamente perigoso onde minha vida também é posta em risco, é pelo fato das omissões. Me esconder algo de tamanha relevância é uma atitude que vai contra a confiabilidade entre advogado e cliente.

Alysson entra, fecho a porta e dou a volta entrando pelo outro lado.

— Preciso analisar com calma.

— Eu tentei dizer a verdade para outros advogados e ninguém aceitou minha proposta, se eu tivesse dito sobre as ameaças você também não ...

— Eu aceitaria! Não sou qualquer advogado e você soube muito bem disso quando pesquisou sobre mim e sobre os casos que já venci. Não venha me dizer que não. Escolheu omitir detalhes de suma importância para o caso por escolha própria, não me use como justificativa para o seu erro.

Altero um pouco o tom de voz, estou um pouco nervoso.

— Eu... eu não esperava que ele fosse tornar as ameaças reais Cristhoper. 

Alysson coloca a mão sobre meu braço e aperta levemente, me deixando tenso. Olhando na profundidade daqueles olhos fiquei em silêncio encarando aquele abismo na minha frente.

Observo a boca semiaberta, os lábios rosados ...

Retiro sua mão do meu braço e respondo:

— Toda ameaça tem que ser levada à sério. Se me quer na sua defesa não pode me esconder mais nada Alysson. Quando sairmos desse carro você terá que me esclarecer toda essa história, sem omitir nem o detalhe mais insignificante. Está pronta?

Concorda recompondo a postura e fixando seu olhar na janela. Seguimos o resto do trajeto em silêncio.

Assim que chegamos, ela me ofereceu chá para acalmar os ânimos e nos sentamos à mesa da sala de jantar.

— Pode começar, o que mais me escondeu Alysson?

Indago com o maxilar enrijecido.

— Bom, depois que descobri a traição ele mudou completamente a personalidade. Ficou agressivo e muito impaciente, não estava ficando em casa por muito tempo e quando ficava por mais de cinco horas precisava manter distância pois não sabia o que ele tinha em mente.

— Agressivo em que sentido?

— Bom, quando fui tirar satisfações sobre a traição ele jogou o copo que segurava na minha direção, mas desviei e me distanciei dele, deixei os cacos no chão e fui para o meu quarto. Ficamos quinze dias sem nos vermos, morando na mesma casa, depois disso o convidei para um almoço em um restaurante francês que frequentávamos  para avisar que queria o divórcio, porém ele pensou que eu queria me desculpar ou algo relativo. Depois disso começaram as ameaças, meu pai recebia todas pelo correio na casa dele. Eu não estava as levando em consideração, até hoje.

Imagino toda a situação que ela teve que enfrentar.

— Podemos vencer, eu vou continuar com seu caso, Alysson. Porém, se eu pegar você mentindo para mim mais uma única vez, eu abro mão sem pensar duas vezes. 

Bebo um pouco do chá quente, meu celular toca, peço licença para atender e me distancio.

— Brown.

— Dr. Brown, temos um problema urgente na empresa, pode comparecer ?

— Já estou indo.

Volto para sala para me despedir da Alysson.

— Era da empresa, preciso ir.  Marcamos outra data ?

— Sim, marcaremos.

Ela me estende a mão em seguida sai na frente para abrir a porta.

— Seu caso será uma prioridade a partir de agora, senhorita Hill.

— Obrigada, por tudo.