Third

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Harry não pôde se lembrar de já ter sentido tanto medo em sua vida como sentia agora.

A mando de seu pai subiu para pegar sua mala, não era muita coisa, mas foi difícil tirar do sótão.

Entrou na sala quieto ao ouvir uma voz desconhecida, falando com seus pais. Abaixou a cabeça antes mesmo de poder ver quem era, mas sabia que era um alfa ao sentir o cheiro característico.

Apertou a alça da mala ao ouvir uma movimentação, ele provavelmente tinha ficado em pé.

— Harry, seja educado e cumprimente seu alfa. - sua mãe disse exasperada - Ele é um bom menino, apenas está tímido.

— Nos desculpe por isso, Senhor Tomlinson. - seu pai pediu, ficando de pé e indo até o ômega acuado, que deixou sua mala cair ao ter seu braço agarrado e ser sacudido pelo beta. - Não nos envergonhe!

Harry se encolheu mais, não queria erguer os olhos, mas também não queria acabar sendo castigado na frente de um estranho.

Levantou o rosto mesmo sentindo lágrimas escorrerem por ele, dando ao alfa visão de sua face.

O homem parecia sério, seus traços eram fortes e bonitos. Usava um terno que deveria valer mais que sua casa e se alinhava bem ao corpo forte e atlético.

Os olhos azuis o olhavam intensamente, por isso acabou abaixando a cabeça novamente.

Não sabe o que fazer perante um alfa?

Abaixe a cabeça. Ainda mais se for um ômega sem valor com era.

— O dinheiro está dentro do envelope que lhes entreguei, obrigado por cooperarem. - a voz dele vez Harry segurar um soluço, parecendo expelir autoridade a cada palavra.

— Nós que agradecemos! Passe o ômega logo para ele, Desmond! - Anne apressou.

O beta pôs o menino para frente, entregando a mala de volta em suas mãos.

— Papai por favor... - tentou sussurrar, uma última vez.

— Cale a boca, fique quietinho como o ômega que te ensinamos a ser. - foi tudo o que conseguiu.

— Vamos. - o alfa falou novamente, andando na frente.

Harry não olhou para seus pais uma última vez, partiria seu coração ver o quão dispensável era para eles.

Seguiu o alfa, tentando chorar o mais silencioso possível. Ele pegou sua mala e a colocou no porta malas do que devia ser seu carro, depois voltando ao seu lado e abrindo a porta para que entrasse.

Ele deu a volta e entrou no lado do motorista. Não falou uma palavra até que alguns minutos já tinham se passado e já estavam longe da ex-casa do cacheado.

— Não chore. - a voz dele o assustou, fazendo-o olhar para si. - Eu não vou te machucar.

— M-me perdoe, a-alfa... - gaguejou temendo ter irritado ele.

— Meu nome é Louis, pode me chamar assim quando estivermos sozinhos, do contrário me chame de Senhor, entendeu? - todo o cheiro de medo que vinha do ômega estava começando a incomodar o mais velho.

— S-sim, Senhor.

— Está com medo de mim? Suas mãos estão tremendo.

Harry hesitou um pouco antes de acenar positivamente. Se retraiu no banco quando o braço dele se moveu próximo a suas pernas, mas sua mão apenas alcançou o porta luvas, retirando um lenço dali.

— Pode usar.

— Obrigado... - agradeceu quase inaudível, secando o rosto com o lenço mesmo que ainda quisesse chorar.

Um curto silêncio se fez presente.

— Sinto muito por isso.

Harry não soube como responder. Por que ele sentiria compaixão por si?

O alfa não falou mais nada, então continuou em silêncio também.

∆∆

Louis suspirou quando chegou em casa depois de mais ou menos meia hora. O ômega parecia mais calmo, mas ainda sentia o cheiro do medo dele. Diminuiu a velocidade enquanto cruzava o caminho de pedras até a frente da mansão, vendo um empregado já esperando para levar o carro para garagem.

Desceu sem desligar o motor, dando a volta e abrindo a porta para Harry e estendendo a mão para ele. A mão dele tocou timidamente a sua, menor e quentinha, mas nem tão macia quanto a de ômega devia ser.

— Já trabalhou antes, Harry? - gostou de como o nome dele soou em sua voz.

— Não... Mas eu sempre cuidei da minha casa. Fazia as refeições e limpava tudo, minha mãe não gosta de fazer essas coisas... - tentou parecer prestativo para o alfa.

Ele apenas assentiu, o guiando para dentro daquela enorme casa. Sorriu mínimo vendo os olhos verdes olharem tudo de modo curioso, mas o mais discreto possível.

— Seja bem vindo a sua nova casa. - disse logo se virando para outro empregado que entrava segurando a mala do ômega. - Leve para o quarto dele.

Se virou para o cacheado novamente.

Tinha que admitir, aquele ômega era ainda mais lindo de perto.

— Está com fome? Sede?

— Não, senhor.

— Se quiser posso te mostrar a casa, é grande, mas temos tempo para isso. - ofereceu, mas antes que o menor pudesse responder uma mulher entrou na sala.

Seus saltos faziam barulho conforme andava. Harry se perguntou porque ela usaria aqueles sapatos em casa.

— Finalmente voltou, estava preocupada. Os bairros do outro lado da cidade não são seguros.

Louis suspirou.

— Esta é minha mãe, Harry. Johannah Tomlinson.

— É um prazer conhecê-la. - murmurou intimidado pelos olhos afiados da mulher, azuis como os de Louis.

— Me chame de Senhora Tomlinson, e fale mais alto garoto, sua mãe não lhe ensinou a conversar civilizadamente?

— Mãe! - o alfa franziu o cenho.

— Perdão, Senhora Tomlinson. - o ômega tentou ser mais audível.

— Hey, você! - ela chamou uma empregada, que carregava uma pilha de toalhas - Leve-o logo para o quarto dele, quanto mais cedo ele começar a trabalhar melhor.

— Sim, Senhora. Me siga por favor.

Louis cruzou os braços ao olhar para sua mãe, depois de Harry ter obedientemente seguido a empregada.

— Por que falou com ele daquele jeito?

— Ele é um empregado, seu servo, aliás, é como deve ser tratado. - ela deu de ombros. - Não quero nenhum folgado aqui achando que daremos moleza para fazerem o que quiserem.

— Ele deve estar cansado, começará a trabalhar amanhã.

— Nada disso, o dia mal começou. Aliás, ele começará por seu escritório, aquele lugar está uma bagunça.

Ela disse e saiu resmungando.

Obrigada pelos votos e comentários <3
Espero estar sendo boa o suficiente.

Poor OmegaWhere stories live. Discover now