3. bashful creatures, i don't give a shit.

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— Acorda, princesinha. — uma voz distante e suave sussurrou em seu ouvido. Lisa se agarrou mais ao cobertor e esfregou a bochecha no tecido macio. — Levanta, sua idiota, vai perder o almoço... Vamos lá, Pakkie... Tá bom, você pediu por isso.

E, antes que a tailandesa pudesse recobrar a consciência do mundo dos sonhos, uma luz forte o suficiente para seus olhos enxergarem vermelho por trás das pálpebras se fez no quarto, junto com o barulho das molas do colchão ao balançarem insistentemente como se ela estivesse em uma cama elástica. Lisa abriu os olhos e grunhiu pela luz forte do sol vindo pela janela, fitando com raiva Jisoo que pulava em pé com força ao seu lado no colchão e a fazia balançar atordoada. 

— Argh, estou acordada, para.

Pediu manhosa, tateando pelos óculos no criado-mudo e os colocando no rosto por cima da franja desordenada.

Jisoo parou ao perceber que finalmente havia conseguido acordá-la e se sentou de volta na cama, revirando os olhos enquanto observava a melhor amiga fitar um ponto desconexo do quarto como se ainda estivesse dormindo acordada, com os olhos inchados por trás dos óculos e os cabelos loiros revoltos como se tivessem sido puxados por unhas de gatos. 

— O tio fez waffles no café da manhã. Você perdeu.

Lisa grunhiu mais uma vez e esfregou o rosto com as mãos, passando os dedos pelas sobrancelhas.

— Legal. — deitou de volta no travesseiro em um baque silencioso.

Depois de um longo banho que a despertou de vez, Lisa ficou um pouco menos insuportável. Mesmo que Jisoo não tenha ajudado nem um pouco ao literalmente jogar Luca em cima dela enquanto saia pela porta do banheiro, o que a fez quase morrer de susto e perseguir a coreana vermelha de tanto rir por todo o andar de cima, dando gritos de raiva e segurando a toalha no corpo.

Ambas assinalaram um acordo de paz rápido, pois Lisa era muito bobinha para machucá-la de qualquer forma, e se sentiu mal quando ela fingiu chorar ao ser capturada. Portanto, Jisoo recompensou isso fazendo sua tarefa e cortando as batatas sozinha para o almoço. Paz.

Lisa tentou se distrair ao máximo para não pensar que visitaria a casa de Chaeyoung depois de comer. E não foi muito difícil, sua ficha geralmente só caía quando a coisa já estava acontecendo, e o fato de aquilo ser surreal demais para sua vida ajudou bastante.

Depois de escovar os dentes e mais algumas rodadas de Mortal Kombat, elas decidiram ir logo.

Ironicamente ou não, a casa de Chaeyoung ficava a apenas dois quarteirões de distância da sua, e era a caminho da casa de Jisoo, então elas decidiram ir andando juntas. Lisa arrumou sua mochila com o caderno, o livro de filosofia e umas canetas coloridas de vários tipos — ela era um pouco viciada em itens de papelaria — e elas saíram.

O tempo estava relativamente quente e as árvores desabrochando em cores pela primavera enquanto Lisa e Jisoo caminhavam pela calçada do bairro lado a lado.

— Por que você não está, tipo, surtando agora? — Jisoo perguntou, fitando a tailandesa segurando nas alças da mochila com as duas mãos enquanto olhava para o chão. — Já estava me preparando para te arrastar pelo chão até lá caso amarelasse.

— Eu estou. Internamente. Meus ossos estão tremendo. — ergueu sua mão trêmula para provar. — Mas eu não vou amarelar, não posso ser assim para sempre, vou me arrepender no futuro quando olhar para trás. Até porque, de que adianta a vida se eu não, sabe, viver ela? 

Jisoo riu da forma pilhada que Lisa dizia as palavras, como se fosse um mantra para si mesma. Mas deu tapinhas em seu braço em forma de apoio e concordância.

Polaroids & Stereos | ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora