4. Vila dos Sineiros

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Foi preciso quatro dias para que chegassem ao tal vilarejo

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Foi preciso quatro dias para que chegassem ao tal vilarejo. Os pés de Fíbia já estavam pedindo arrego quando finalmente pisaram os paralelepípedos de Amedoína. Ela fez uma cara feia, erguendo uma sobrancelha para a paisagem. Após tanto tempo andando, a garota tinha uma expectativa diferente do que ia encontrar.

Estava tão quente ali quanto em Enseada, mas havia mais nuvens no céu, que não parecia mais tão azul de repente. Durante o último dia, Fíbia reparou que as plantas iam avermelhando no caminho até que tudo que desse para ver fosse um mundaréu carmesim correndo até onde ficava o vilarejo, rodeado por mata fechada. A única estrada que passava perto dali dava um desvio até desembocar na avenida principal, que era uma reta de paralelepípedos mal colocados terminando em uma grande torre, onde ficava o palácio tenente. O ar era fétido e seco, como se fedesse a cadáver.

O estômago da garota dava voltas.

— Que lugar mais depressivo, viu — disse ela, quando passaram na praça principal. No centro, havia um chafariz cuja água verde estava imóvel. Um silêncio pairava e não havia ninguém ao redor. — Parece até que morreu alguém, cruz-credo.

Petris, que caminhava quieto ao lado da irmã, fez uma careta.

— Num fala assim, Fi. 'Cê tá sendo rude com o lugar.

Ela deu de ombros.

— Só tô sendo sincera. — Então fez um sorriso jocoso. — Mas peço desculpas se eu tiver magoado os sentimentos dos cidadãos de Amedoína.

Olhou na direção de Bogeis, que estava parado perto do chafariz, perscrutando através das casas. Como sempre, compenetrado com seus deveres.

— Que que tu tá procurando, hein, Bogeis? — a menina perguntou. — É o tal do cara que queria a adaga?

Ele não a encarou.

— Nos encontraremos mais tarde, mas vocês num precisa se preocupar com isso. Eu quero me lembrar onde é que... — Suas sobrancelhas subiram. — Ah, sim! Era ali que ficava.

Fíbia balançava a bolsa com uma das mãos, girando-a no ar. Petris estava parado com as mãos atrás das costas.

— Venham comigo — disse o tutor.

Andaram mais um pouco, entrando por uma rua a noroeste.

O vilarejo era maior do que Enseada, repleto de casinhas com teto de palha, mas tudo era estranhamente vazio. A garota contava nos dedos as pessoas que surgiam na rua, e a maioria das portas e janelas estavam fechadas. Era como se todos tivessem medo de alguma coisa.

Petris, que estava andando com a cabeça virada para cima, tropeçou na irmã.

— Olha por onde anda, seu toupeira! — ela resmungou, empurrando-o para o lado.

O garoto levantou as mãos.

— Desculpa, Fi! É que eu tavo olhando aqueles pássaros e num vi onde eu tava andando.

O Presságio do Sineiro: Rastro de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora