If I Could Fly

Hey Angel

I come alive when I hear your voice

It's a beatiful sound, It's a beautiful noise

(Eu ganho vida quando ouço sua voz

É um lindo som, é um lindo ruído)

-BREZZE! – Minha chefe gritou o mais alto que podia.

-Ay, Ay, Captain! – Cheguei correndo

-A senhorita Jones está indisposta, - ela apontou para a senhora ao lado dela. – você vai limpar um quarto pra ela.

-Yes, Captain! – Bati continência e minha chefe saiu bufando.

Minha chefe, com seus 50 anos, é igual uma general. No nosso campo de trabalho não são tolerados erros. Trabalhamos num dos melhores hotéis de New York, aqui só ficam hospedadas pessoas importantes. Senhorita Jones é uma senhora que agora vive indisposta.

-Martha, onde é o quarto? – Perguntei para senhorita Jones que estava me encarando

-Último andar Amanda, último andar... – Ela respondeu baixo.

Eu já estava sem uniforme, meu horário tinha acabado, mas não me importei. Peguei um carrinho com toalha e lençóis limpos e segui para o último andar. Fiquei nervosa, eu só poderia estar ali quando completasse dois anos de hotel. E aqui estou eu, com apenas 6 meses no último andar. Esse andar é onde geralmente ficam os artistas internacionais. "Entre, limpe e saia sem ser vista." Esse é o nosso lema. Respirei fundo e segui em frente, se somos enviadas para limpar os quartos é porque estão vazios. A probabilidade de ser vista é pouca, os artistas estão sempre em shows, entrevistas e eventos.

Troquei a roupa de cama, peguei as toalhas jogadas pelo quarto e segui para o banheiro. Peguei a roupas para a lavanderia. Terminei de limpar o banheiro e tirei o lixo. Voltei ao banheiro e conferi se estava tudo correto e ouvi a porta do quarto abrir. O ar me faltou por um segundo, se eu tiver sorte, é só outro funcionário do hotel. Se eu tiver muito azar é o cliente do hotel e eu vou receber uma advertência ou posso até ser mandada embora. Saí do banheiro e paralisei, não era nenhum funcionário.

-Desculpe! – Minha voz soou estridente e assustada

-AH! – Ele se assustou. O garoto estava visivelmente cansado e irritado, a minha presença só piorava a situação. – Como você entrou aqui?

-Eu trabalho aqui, me desculpe. – me direcionei a porta

-Eu te dou um autografo e você sai, tudo bem? – Ele procurou uma caneta

Eu estou sem uniforme e tenho a idade das fãs dele, é natural que ele faça essa confusão. Harry Styles está na minha frente, quão inacreditável é isso? De sapatos marrons, calça justa, uma regata colorida e os cabelos presos num coque. Não sou fã de One Direction, mas o cara faz o coração bater mais rápido. Ele ainda procurava por algo para assinar e me entregar, eu precisava sair e bem rápido.

-Por favor, senhor Styles, não faça nenhuma reclamação de mim. Eu não posso ser demitida!

Corri para fora do quarto com o saco do lixo na mão. Respirei fundo e me apoiei na parede. "Isso vai ser inesquecível.". Me senti burra, não esperei um autógrafo, não o abracei, não fiz nada. Talvez tenha sido inteligente da minha parte, melhor meu emprego ou UM abraço? Se bem que ele não teria como saber que eu trabalho aqui, poderia muito bem ser uma fã. Eu não merecia um abraço dele, conheço tipo 5 músicas dos caras...

-Hey! – Uma voz masculina soou e eu dei um pulo

-Sim? – Virei e me deparei com Harry.

-Eu achei um CD, você quer? – Ele estava sorrindo, maravilhoso. Meu coração estava agitado, o estômago embrulhou.

-Sim! – Estava tão nervosa que acabei gritando. Ele riu, estava acostumado com garotas histéricas.

-Você trabalha no hotel, de verdade? – Ah... O sotaque britânico somado com a voz dele... Minha cabeça não conseguia funcionar direito.

-Sim, faz seis meses. – Respondi meio abobalhada.

-Qual seu nome? – Ele se apoiou na porta do quarto.

-Amanda. – Ele não iria reclamar de mim, não é mesmo?

-De Harry, para Amanda. – Ele falou vagarosamente enquanto assinava a capa do CD. – Vocês fazem um trabalho muito bom, obrigada. – Ele sorria e me estendeu o CD.

-Obrigada. – Engoli em seco e peguei o CD. As minhas mãos tremiam e quase deixei o CD cair. Não conseguia tirar os olhos dele.

-Se cuida. – Ele piscou e voltou ao quarto, fechando a porta.

Meus joelhos falharam e eu voltei a me apoiar na parede. Escorreguei até ficar sentada no chão. Respirei fundo diversas vezes até conseguir acalmar minha respiração e meu coração descompassado.

Já tinha passado tempo demais no último andar. Corri para devolver o carrinho e colocar as roupas e toalhas na lavandeira. Sai antes que a general percebesse, se ela me visse saberia que eu tinha demorado demais em um dos quartos e checaria as câmeras. Seria demissão na hora.

Estava um clima agradável fora do hotel. Era verão e o sol estava raiando forte, em dias como esse a saudade de casa só aumentava. Já estava em NY por 2 anos. Todo esse tempo sem ver minha família, sem sentir o verão brasileiro... Trabalhando como garçonete, como empregada e agora como camareira, não era fácil, mas era a realização de um sonho. Afinal, quem nunca sonhou em morar em Nova Iorque, não interessando as condições.

Cheguei em casa e ela estava silenciosa, todas as garotas estavam trabalhando. Dividia casa com 8 garotas, todas brasileiras, dava pra matar a saudade do idioma e do jeitinho brasileiro de ser. Um apartamento de 3 quartos para nove garotas pode ser bem intenso algumas vezes, porém, todas trabalhamos muito e é muito difícil estarmos todas juntas em casa.

Deitei em minha cama e puxei o notebook, coloquei o CD do One Direction e deixei tocar. As lembranças do sorriso de Harry não seriam apagadas tão facilmente, minha respiração ainda falhava ao reviver o momento. Dava ora entender muito bem o motivo das fãs serem tão obcecadas.

-Alguém em casa? – Sarah gritou entrando no apartamento.

-Amanda! – Gritei de volta em resposta e corri até ela.

-Olá Amy. – Sarah sorria

-Você não vai acreditar no que me aconteceu hoje! – Eu estava visivelmente radiante.

Depois de contar para Sarah tudo o que tinha acontecido com todos os detalhes, ela estava chocada. Era de se imaginar que um dia eu conheceria algum famoso, é impossível de nunca esbarrar com ninguém. Mas, eles raramente olham pra nossa cara e nunca, nunca mesmo, nos dão coisas. Então você soma o cara da boyband mais famosa do mundo, não só olhando na minha cara, mas me dando um CD. Eu sonharia acordada por semanas, hipnotizada por seu sorriso e seus olhos brilhantes.