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Ver Lee partindo doeu muito, e eu só havia o visto virando as costas para mim e indo embora

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Ver Lee partindo doeu muito, e eu só havia o visto virando as costas para mim e indo embora. Ainda sabia que ele estava na cidade, contudo, não sabia com exatidão quando iria embora do país. As férias de inverno já haviam começado, então não o veria na escola. Ansiei até mesmo acordar cedo, ir para o colégio e rezar para que fosse mentira. A ideia de provavelmente nunca mais ver Lee era absurdamente ruim. Me doía o peito, como se alguém estivesse tentando arrancar uma parte do meu coração. Recusei em pensar sobre ele e focar em meus próprios problemas.

Mamãe não estava melhor. Quando corri as escadas e fui em direção ao seu quarto, encontrei-a debulhando-se em lágrimas. Eu não sabia o motivo, mas não precisava ter. Nos últimos meses a levamos para o psiquiatra e foi lá que recebemos o diagnóstico. Depressão. Era uma palavra pequena, mas com um significado muito grande. Pensei que fosse fácil de resolver, mas meu pouco conhecimento sobre não compreendia o quanto seria complicado. Por isso, jurei estar ao lado dela em todos os momentos. Ir para a escola era difícil, pois temia que algo ruim acontecesse.

Na maior parte do meu tempo passava ao seu lado, conversando, tentando arrancar algum sorriso de seu rosto, mas não era o suficiente. Aprendi naquela época que sorrir não era sinônimo de estar feliz. Com o tempo, percebi que também havia sido afetada. Talvez por isso eu tivesse agido de maneira indiferente a notícia de Lee. Ele ir embora me machucava, mas não expressei minha tristeza inicialmente. Na verdade, não queria que ele me visse no estado que estaria pelos meses seguintes; então, às vezes me conformava com ideia de sua partida. Era melhor ele ter ido sem ter me visto sofrendo.

Mas também não era como se eu não tivesse sofrido. Depois de consolar minha mãe, fui para o meu quarto e deixei as lágrimas fugirem do abrigo seguro que eram meus olhos. Elas escorreram, manchando meu rosto e molhando minha blusa. Eu já havia chorado muito nas últimas semanas, então já estava acostumada. Todavia, àquele choro era diferente. Era o choro de perder uma das poucas alegrias que eu tinha.

Uma vez, na aula de Biologia, falaram que a paixão era apenas um efeito colateral da união dos hormônios dopamina e oxitocina e que o efeito durava entre 3 a 18 meses. Gostaria de afirmar que era verdade, mas comigo havia sido diferente. Estava apaixonada por Lee há muito tempo, então, segundo a ciência, já era para o maldito efeito da paixão ter acabado. Se existisse de fato um deus do amor, certamente ele havia atirado uma flecha bem potente em meu coração, com duração bem longa. Uma pena que não havia feito o mesmo com Lee.

Depois de algum tempo sequei as lágrimas e voltei a seguir com a minha vida normalmente, pelo menos até o dia seguinte.

Domingo era dia de ir para a missa, então eu e meus pais acordávamos bem cedo, tomávamos o café da manhã, nos arrumávamos e partíamos em direção à igreja. Eu até tentava usar um vestido. Dessa vez era um de cor verde musgo, com detalhes de rendas nas mangas e gola. Era simples, mas muito bonito. Eu usava aquilo mais por minha mãe do que por mim. Eu odiava saias, vestidos ou qualquer coisa que exibisse minhas pernas um pouco demais.

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