54

1.6K 228 155
                                    

Fiz a primeira coisa que passou por minha mente

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Fiz a primeira coisa que passou por minha mente. Eu me sentia sufocada, incapaz de raciocinar direito.

— Por favor, me deixem sozinha, agora! — Minha voz soou alta no recinto, deixando todos surpresos pelo meu súbito pedido. Ninguém moveu um passo, por isso insisti novamente. — Por favor!

— Srta. Fontoura, você está sentindo algo? — indagou o médico, preocupado.

— Eu só quero ficar a sós... — argumentei. Olhei para Elizabeth, que estava ao meu lado, e envolvi minha mão em volta do seu pulso. —... Com Lilly.

Eu não sabia o que fazer no momento, muito menos encarar os sete homens presentes. Como eu lidaria com eles? Melhor dizendo, se realmente os meus pedidos tivessem realizado, o que eu deveria fazer? Eu estava completamente confusa!

Por fim todos os homens aceitaram se retirar. Um a um eles saíram do quarto de hospital, me deixando a sós com Elizabeth. Minha amiga parecia tão confusa quanto eles, mas não tanto quanto eu. Quando finalmente ficamos sozinhas comecei a reformular as coisas em minha mente.

No meu aniversário de dezessete anos eu assoprei as velas e fiz um pedido. Naquela época eu não tinha nenhuma expectativa para minha vida e queria viver algo maravilhoso, como nos livros que sempre li. E nos filmes que sempre assisti. Eu também sempre fui uma adolescente iludida, cheia de expectativa sobre meu futuro e acreditei que um dia viveria um romance como os dos contos de fada — ou como os dos livros de comédia romântica. Pra mim, desde que fosse um romance, eu estaria satisfeita. Naquele momento eu estava cheia de frustrações, um coração partido e muitas decepções. E, claro, sem ideia de qual pedido fazer no dia do meu aniversário.

Talvez eu tenha feito isso por estar sob pressão ou por não saber o que pedir exatamente. Porém, eu nunca pensei que realmente fosse acontecer. Eu queria que acontecesse, mas quanto mais velha fiquei, mais cética me tornei. Nunca tinha dado certo nos anos em fiz tal pedido, contudo, já desacreditada de tudo, não deixei de fazê-lo. Já que meus pedidos de aniversário não se tornavam reais, por qual motivo eu tentaria fazer outro diferente? Honestamente, eu não me tornaria uma escritora de sucesso somente por causa de um desejo feito no meu aniversário quando fosse apagar as velas. Para me tornar isso eu deveria me esforçar muito. E talvez fosse por isso que não me tornei até hoje uma escritora de sucesso.

Mesmo assim continuei com os pedidos, durante sete anos. Sempre que chegava o momento de assoprar as velas eu me questionava se deveria fazer esse mesmo pedido, porém, já desacreditada, eu o repetia. Apenas porque sabia que jamais se realizaria — mesmo que no fundo eu esperava que se tornasse real. E, bem, aparentemente tinha se tornado real. O que não poderia ser!

Lembra-se que eu disse que eu nunca tive sorte? Que nada que eu pedia se tornava real? Que tudo dava errado na minha vida? Por isso tal coisa não poderia ser verdade, pois as coisas não funcionavam assim comigo.

Senti um aperto em minha mão e finalmente voltei-me para Lilly. Ela me encarava com os olhos aflitos, aguardando que eu me manifestasse. Minha amiga não disse nada, mas sabia que estava curiosa para saber o motivo daquele meu súbito pedido.

Sete Clichês em Minha Vida ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora