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Retornei para o interior quente do meu apartamento e deparei com Lilly lavando as louças sujas

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Retornei para o interior quente do meu apartamento e deparei com Lilly lavando as louças sujas. Aproximei para secá-las e guardá-las, assim começando um trabalho silencioso. Ainda estava pensando sobre William. Sobre seu comportamento sério e quieto, mas aparentemente abatido. Não sabia se o problema era no trabalho. Tinha o receio de que talvez ele estivesse se exaurindo mentalmente com os casos que pegava. Sempre achei todos os casos pesados demais, envolvendo crimes violentos. Não sabia como meu amigo ainda se mantinha inabalável — ou apenas aparentava estar —, se fosse eu, certamente já teria desmoronado.

Sabia que o silêncio iria se manter por pouco tempo. Lilly poderia até fingir, mas estava incomodada com o comportamento de Will. E eu sabia que ela ainda tinha sentimentos por ele.

— Você acha que o Will está bem? Achei ele tão estranho hoje. — Sua pergunta soou baixa, constrangida por demonstrar a preocupação por nosso melhor amigo.

— Ele está bem — afirmei, tentando deixá-la menos preocupada. Não queria Lilly com a cabeça cheia. Talvez não houvesse nada para se preocupar a respeito de Will.

Entretanto, sua dúvida estava diretamente ligada à outra coisa. E eu deveria imaginar que se tratasse daquilo.

— Você acha que o Will... — Ela hesitou por alguns segundos, provavelmente formulando se devia ou não supuser tal questionamento. — Está com alguém?

Consegui interpretar sua pergunta instantaneamente. Senti toda a insegurança por trás daquelas poucas palavras. Mesmo com o passar dos anos, aqueles sentimentos permaneceram ali. Eu poderia até mesmo achar impossível, mas compreendia o que era amar alguém mesmo que anos se passassem. E como esse sentimento dificilmente desaparecia.

— Se ele está namorando alguém? — Ela balançou a cabeça rapidamente e terminou de lavar o prato. Eu o sequei e coloquei sobre o balcão, junto às outras louças. — Eu acho que não, pois se estivesse contaria, certo?

Lilly assentiu, mas supus que não estivesse tão convicta da própria resposta. Ela achava que ele poderia estar tendo um relacionamento e não ter nos contado. E mesmo que eu me negasse a pensar nisso, também acreditava na possibilidade de isso acontecer.

— Não se preocupe com Will — continuei, colocando a mão sobre seu ombro. — Se algo tiver acontecendo com ele, certamente vai contar.

Ela acreditou em minhas palavras. Mas eu não acreditava. Fosse o que estivesse acontecendo com Will, eu descobriria. Não poderia deixar meu amigo sofrendo sem meu apoio.

Elizabeth decidiu ir tomar um banho, pois estava cansada do dia cheio. Avisei que não demorasse, já que eu também estava necessitada de um. Ela partiu, deixando-me sozinha na cozinha. Aproveitei para guardar as louças limpas em seus respectivos lugares e depois fui para o quarto.

Aquele cômodo permaneceu como eu havia deixado dois dias antes. Mais cedo naquele dia passei brevemente por ali, sem observar com detalhes a aparência do recinto. Minha mala de viagem estava jogada no chão e o urso de pelúcia encontrava-se sobre a cama. Sentei-me sobre o colchão e o peguei, pensando no significado que havia por trás daquele presente.

Sete Clichês em Minha Vida ✓Where stories live. Discover now