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Niall POV

O som irritante do despertador ecoou em minha mente me fazendo puxar antecipadamente o cobertor para cobrir a cabeça para evitar a claridade da manhã que irá invadir meu quarto em poucos segundos graças a maravilhosa e deliciosa tecnologia, cortinas inteligentes foi o nome dado a elas, na verdade eles colocam a palavra inteligente em tudo como se não fossem capazes de criar outro nome para tal coisa, seu mecanismo funciona juntamente com o despertador que ao tocar faz com que elas se abram lentamente, para pessoas sensíveis como eu e que são relativamente preguiçosas é uma excelente ajuda pois a claridade não me permite continuar dormindo e principalmente não me deixa chegar atrasado no trabalho. Eu as coloquei a exatos três meses e desde então não preciso ouvir do meu chefe o quão atrasado eu estou e como eu deveria ter um pouco mais de responsabilidade com meus alunos, tudo uma grande baboseira diga-se de passagem, meus alunos me amam e amam a forma como me atraso pois podem ficar papeando ou vidrados em seus celulares.

Ser professor de música nunca esteve nos meus planos, eu queria me formar em direito e ser um grande e importante advogado mas meus pais achavam que a música combinava mais comigo e que eu seria mais feliz se levasse-a para minha vida adulta e na época eu os idolatrava demais para não dar ouvidos aos seus conselhos, não que hoje em dia eu não os idolatro, isso ainda acontece porém agora eu sou um adulto e tenho que tomar minhas próprias decisões sem a interferência deles, então eu fiz música na renomada Academia Music Star de Londres, me formei sendo um dos melhores da minha turma e depois disso não soube muito bem o que fazer até encontrar com o Harry em um concerto da cidade, nós conversamos por um tempo sobre o incrível espetáculo que havia acabado de acontecer, ele dissera animado que havia se formado em artes e que conseguiu um emprego para lecionar sobre e quando comentei que não fazia a menor ideia do que faria da minha vida depois de formado, ele foi muito gentil em me dizer que a escola em que trabalhava estava a procura de um professor de música, e eu mesmo relutante fui em busca da responsabilidade de ensinar aquilo que aprendi.

E deu certo, acabei por tomar gosto pela coisa e hoje não me vejo em outro lugar a não ser na Music&Art, na sala de aula com meus irritantes porém incríveis alunos. E ele também se tornara meu melhor amigo, visto que estamos trabalhando no mesmo lugar e nos vemos o tempo todo, ele é um cara divertido, excêntrico, gosta da maioria das coisas que eu gosto e seus alunos lhe veneram graças a sua habilidade de ser gentil e estar sempre disposto a ouvi-los sobre seus problemas. Não é algo recomendado para que um professor faça mas ninguém realmente vê malícia nisso, já que ele faz o que muitos pais não fazem, ouve e aconselha um jovem.

O caminho até o trabalho é curto graças aos meus pais que me presentearam com um apartamento bem próximo a ele, e mesmo sendo tão rápido, o caminho é sempre muito divertido, ainda me lembro da primeira vez que vi um aerotaxi sobrevoando as ruas de Londres, eu tinha cerca de 14 anos e ele foi exposto para todos pelo governante que dizia orgulhoso que aquele veículo seria um marco na história de Londres. O carro era exatamente igual aos carros de táxi comuns mas esses flutuavam pelo ar com certa facilidade, naquela época eles não possuíam um par de turbinas em sua traseira como possuem hoje mas ainda assim era a coisa mais impressionante que a alta tecnologia poderia ter criado. Depois de um tempo carros comuns, motocicletas, ônibus e até metrôs também flutuavam pelas ruas de Londres e eu me lembro de implorar aos meus pais por um quando completei 16 anos mas eles achavam aquilo perigoso demais, eles ainda acham tudo perigoso demais.

São grandes adeptos da tecnologia mas não quando isso envolve um dos seus filhos, tudo é perigoso demais para nós, posso dizer que eles são um pouco super protetores conosco o que as vezes é irritante demais mas eu não posso reclamar tanto já que essa super proteção está como tradição da minha família a séculos. Uma das coisas que mais me agrada são os prédios da cidade, são sempre tão enormes e cheios de suas surpresas, pelo lado de fora é possível ver que são movidos a tecnologia, ainda me lembro como foi divertido entrar no prédio em que trabalho pela primeira vez, havia um elevador totalmente divertido, somente uma grande e redonda prancha de ferro que lhe perguntava gentilmente pelo andar e subia com certa graça pela parede de vidro, fiquei totalmente atônito aquilo e também maravilhado por conseguir ver todo o prédio enquanto me concentrava em não cair. Um tempo depois Harry me disse que é praticamente impossível cair de uma daquelas coisas pois elas possuem um sensor altamente sensitivo para expandir e evitar quedas "alta tecnologia darling" ele me dissera quando se jogou para o lado para provar sua teoria.

Uma das melhores coisas que foi inventada para o laser de todos e que agora as pessoas usam como meio de se locomover entre locais relativamente perto uns dos outros, são as pranchas flutuantes, uma pequena placa de ferro redonda que se adapta e expandi e é capaz de suportar o peso de até três pessoas, a intenção era um divertida corrida entre irmãos ou entres amigos e afins já que além de possuir controle de voz para regular a velocidade, ela fica a poucos centímetros quase metros de distância do chão para que em um acaso em que você venha se desequilibrar você simplesmente não se mate ao cair, as pessoas normalmente ficam sentadas apenas observando a vista e controlando-o, e eles são usados para ir em lugares curtos pois fora feito para corridas, possuem um tempo estimado para funcionar e com certeza não é possível atravessar a cidade com um desses.

— está atrasado senhor Horan — arregalei meus olhos assim que adentrei o andar da minha sala e ouvi a voz grossa do meu chefe, olhei para meu relógio com o coração quase por sair pela minha boca e assim que constatei as horas me virei curioso para a figura atrás de mim que possuía um sorriso travesso nos lábios, eu estava mais do que adiantado.
— isso não tem graça Harry — murmurei ajeitando minha mochila nas costas pousando minha mão no coração para tentar inutilmente conter meus batimentos, ele sempre faz isso e eu sempre acredito, foi divertido quando ele me mostrou como sabia imitar a voz do nosso chefe perfeitamente mas agora, isso não tem graça nenhuma, ainda mais quando seu emprego está por um fio.
— você precisava ver sua cara Niall, foi hilário — Harry levantou seu braço mostrando o bracelete que usamos para nos comunicarmos quando por um descuido perdemos o celular ou quando estamos com preguiça de usar o celular, apertou um dos comandos reproduzindo o holograma do vídeo que fizera segundos atrás.
— isso não tem graça Harry, apaga agora —pedi impaciente vendo-o negar e sair correndo corredor a fora, corri meio desajeitado rindo das gargalhadas que ele soltava ao me ver atrás de si e só paramos quando levamos a maior bronca por estarmos agindo feitos nossos alunos adolescentes.

Foi um dia de trabalho divertido, eu particularmente gosto quando meus alunos são prestativos e me obedecem durante todas as aulas é claro que eles tem seus dias ruins pois são adolescentes e se rebelam por quaisquer motivos e que nesses dias eu falto puxar todos os meus cabelos loiros para fora da minha cabeça mas eles são relativamente obedientes a maior parte dos dias.
Assim que entrei em meu prédio, Joe o robô que recepciona e cuida de tudo ali me entregou uma caixa, provavelmente algo no qual eu havia comprado e saiu se colocando de prontidão na recepção, eu gosto dele, tudo nele é programado mas ele faz parecer que não, que é apenas mais um em um longo dia de trabalho.
Já havia revisado meu trabalho para o próximo dia, quando meu celular tocou em algum lugar do apartamento, olhei para meu braço na esperança de estar com meu bracelete mas eu sou preguiçoso até para isso, me levantei contrariado gritando pelo corredor para que o identificador de voz me indicasse a localização do celular, algo que eu posso me gabar por possuir.

É algo relativamente fácil, um controle de voz ativado ao reconhecer minha voz e que usa a localização precisa para me indicar onde diabos eu deixei meu celular, é incrível.
Quando eu o encontrei caído debaixo da cama vi que a ligação era da minha mãe e mesmo que eu não estivesse muito afim de toda a aflição que ela passa sempre que me liga, eu retornei a ligação, mamãe é protetora demais sempre acha que vou ser sequestrado por morar sozinho, ela mora a trinta minutos daqui, não estou sozinho, não com toda essa tecnologia. Embora eu saiba que esse lance de segurança vem de família.

Ouvi mamãe se lamentar por motivos fúteis e também reclamei como sempre faço, de todo o drama que ela faz sempre que me liga mas o que mais me irritou foi a forma autoritária em que ela disse "vamos a uma festa importante no fim de semana" e por Deus, o que eu menos quero é ir em uma dessas festas que ela e o papai são convidados por fazerem parte da alta classe, é simplesmente ridículo ver todas aquelas pessoas agindo como se fossem donas do mundo embora alguns deles poderiam ser se quisessem, por conta de todo o dinheiro acumulado.
— mãe eu não tenho tempo para isso, preciso fazer minhas aulas você sabe — murmurei ainda indignado com ela que estava firme quanto a sua decisão.
— Niall James Horan, nós já conversamos sobre isso, você virá e irá participar da festa conosco, em família me ouviu ? — suspirei pesado revirando os olhos, quase por me jogar prédio abaixo por saber que essa luta eu havia perdido, eu odeio essas festas, simplesmente odeio.

Obsession (Niam Horayne) [mpreg] Onde histórias criam vida. Descubra agora