10 anos antes
Papai e mamãe estão cada vez mais distantes um do outro. Eles nunca me deixam saber das coisas, mas escuto suas brigas, meu irmão também comenta comigo às vezes que estamos endividados. Precisei me mudar de escola e não gastamos mais como fazíamos, papai chega em casa tarde e mamãe não sai mais com as amigas. E é nessa nossa situação que percebo o quão o dinheiro é necessário em nossas vidas.
Peguei mamãe chorando diversas vezes pela casa, ainda não sei o porquê de ainda estarmos morando aqui, deveríamos procurar um lugar mais barato. Mamãe tenta ser forte ao máximo, mas ela é compulsiva e não poder comprar está a deixando louca. Outro dia consegui escutar sua conversa com papai, os dois estavam brigando tanto, tenho certeza que papai bateu nela naquele dia e em vários outros também.
Meu irmão não aguentou escutar a covardia todas as noites e fugiu de casa, me deixando só. Ainda não consigo suportar a ideia de Alexandro ter me abandonado, ele era o único que me mantinha sã e agora que ele foi, levou junto minha sanidade. Durou bons meses o desespero de meus pais, mas como mágica pude voltar a minha antiga escola, mamãe voltou a sair com as amigas e papai voltou a ser mais tranquilo.
Não entendi o que aconteceu, meus pais não falam comigo sobre nossa condição financeira, 10 anos de idade ainda é muito pouco para se aborrecer com as coisas de adultos, eles diziam. Se pensam assim deveriam deixar suas frustrações longe de casa, longe de minha visão. Na escola, os professores me encaravam com pena, como se soubessem algo que apenas eu não sabia, pelo menos não sentia esses olhares da parte das crianças.
- Filha, a mama te ama – Mamãe diz alisando meus fios com sua mão macia, amo quando ela faz isso antes de eu ir dormir.
- Também te amo, mamãe – Respondo e sinto uma gota cair sob minha cabeça, logo mamãe se levanta, escuto-a fechando a porta de meu quarto.
Apesar de sentir que os problemas financeiros não sejam mais um problema, mamãe e papai estão cada vez mais distantes, mas ainda assim perto demais. É como se quisessem provar seu amor por mim, por eu estar partindo. Preciso rir de meus pensamentos, seria impossível. Não irei a lugar algum.
Ainda não entendo como as coisas funcionam e gostaria muito de entender, gostaria de ter ajudado minha família há alguns meses atrás, mas não pude, por ser considerada nova demais.
Alimentava a esperança de que quando nossa situação se estabelecesse Alexandro voltaria, mas não foi o que aconteceu, já se passaram meses, mas continuo esperando. Ele não deveria ter ido embora quando mais precisávamos, mas me conheço e sei que o odiaria se ele voltasse agora que está tudo bem. Sinto falta de meu irmão mais velho e não sei se um dia voltarei a ter contato com ele, o que me resta agora é a esperança, a saudade e a vontade de crescer. Porque tenho certeza, assim que eu crescer tudo estará explicado. Tudo precisa estar explicado.
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Então, feliz natal, gente!
Apesar de estar postando o prólogo já, não estou garantindo que começarei de fato a postar, ainda estou fazendo alterações e terminando tudo, gosto de deixar tudo pronto para então começar a postar, sou enrolada e sei que se eu não fizer tudo, nunca vou terminar de postar as coisas por aqui.
Foi mais um presente de natal kkkk, me sentindo estou. A louca eu kkkkk. Espero que gostem e é isso.
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A máfia
RomanceUma dívida. Uma máfia. Alguém que possa ajudar. Uma cobrança futura. A vida não é feita por nossas próprias escolhas, principalmente a de Antonella, que pagou pelos defeitos da família. Sendo forçada pelos familiares a se entregar para Gusman Campon...