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- Você pode parar com isso? – Christovan pede impaciente, paro o batuque dos meus dedos e encaro seu olhar repreensivo – Obrigado.

- Você não queria conversar? O que estamos esperando?

- Você age assim na frente do meu pai? – Penso sobre o que ele quer dizer com isso, balanço a cabeça em negativa – Age assim comigo por causa de que, então?

- Porque você não é seu pai.

- Aqui está, senhor Cambonelli – O garçom enfim chega com os nossos pedidos, começo a comer, ainda encarando a carranca de Christovan.

- Se algum paparazzo tirar fotos nossa, achará que você está muito muito bravo comigo, vai gerar boatos.

- Eu estou muito bravo com você, Antonella.

- Por que mesmo?

- Por causa desse seu jeito, prometi pra papai que faria isso dar certo, mas você está complicando as coisas.

- Sinto muito, mas se vocês querem uma submissa, pegaram a garota errada.

- Não, nós pegamos a garota certa. Eu só preciso te mostrar agora que é a mim que você deve submissão, não ao meu pai.

A conversa é estressante, mas tento não mostrar, não quero discutir o resto do dia. Continuo a comer agora em silêncio, sendo acompanhada por Christovan, seu sorriso debochado toma o lugar da carranca, reviro os olhos, ignorando-o.

Eu posso até ser um pouco submissa, mas tenho meu limite, devo respeito ao Don, por ele ter ajudado minha família, mas não passa disso. E nunca passará.

Encaro a cicatriz na mão direita de Chris e me pergunto o que aconteceu ali, ainda bem que aquele ditado 'a curiosidade matou o gato' não é real, afinal se fosse, eu já estaria morta e enterrada. Volto o olhar para a comida quando percebo que a atenção de Christovan voltou pra mim.

- Onde estamos indo agora, mesmo? – Pergunto olhando pela janela, esse definitivamente não é caminho de volta para a casa do pai dele.

- Shopping – Ele diz simplista.

Mantenho-me calada, estou esgotada já, será que vai ser assim todos os dias após eu me mudar? Espero que eu o veja poucas vezes no dia. Christovan pega minha mão e tira a carranca da cara, ele é um bom ator.

- Vamos escolher seu vestido de quarta e como sei que você gosta de desenhar, reservei um tempo com o estilista Loruzzo, ele deixa as clientes desenharem também.

Encaro-o surpresa – Obrigada – Não sou orgulhosa ao ponto de não agradecer quando são legais comigo, mesmo sendo ele.

- Não há de que – Ele diz e entra comigo numa galeria, algumas roupas estão a mostra, tudo muito bonito e a maioria bem delicada.

- Pois não? – Uma ruiva vem até nós, encara Christovan com um sorriso nos lábios.

- Christovan Cambonelli – Ele diz e a mulher assente e se vira para mim, ainda com o sorriso nos lábios – Tenho que resolver algumas coisas, quando terminar as coisas por aqui me manda uma mensagem – Ele diz e beija minha testa, saindo em seguida.

- Está pronta? – A alegria da ruiva é forçada, mas sua simpatia é natural – Loruzzo está a sua espera.

Subimos e encontro vestidos de noivas e vários desenhos em papeis espalhados por todo o lugar, sorrio encarando tudo, eu quero isso um dia. Assusto quando um grito histérico invade meus ouvidos, viro e vejo um homem estiloso me encarando.

- Finalmente eles mandaram uma modelo realmente bonita e com o corpo proporcional. Ela é perfeita – Ele diz, rodeando-me.

- Não, Loruzzo, essa é Antonella Bucci, noiva do senhor Cambonelli, a modelo vem só amanhã.

- Então cancela, quero esta daqui – Encaro a ruiva confusa, o olhar dela é de incredulidade enquanto me analisa de cima a baixo, o que me incomodou.

- Desculpa, mas eu não sou modelo e não quero ser.

- Como não? Todas querem ser.

- Bom, eu não. Só quero escolher uma roupa para quarta e começar a desenhar contigo meu vestido de noiva.

- Se mudar de ideia, sabe onde me encontrar, tudo bem?

Confirmo e sorrio com seus olhos brilhantes. Foi fácil escolher o macacão brilhante para a festa de noivado e divertido desenhar com outra pessoa, principalmente por ser um especialista, e dos bons.

Meu coração se acalmou e meus pensamentos deram um tempo, pelo menos só enquanto estou na galeria. O vestido ficou realmente lindo, nunca sonhei com meu casamento, mas se eu tivesse sonhado, definitivamente esse seria o vestido dos meus sonhos.

Mando mensagem para Christovan e os 5 minutos que fiquei esperando, ocupei-me em recusar as ofertas de Loruzzo.

- Deu tudo certo? – Ele pergunta juntando nossas mãos, acho que posso me acostumar com esse ato.

- Deu tudo ótimo, obrigada Chris – O apelido saiu naturalmente e o beijo que deixei em seu rosto mais natural ainda, a vergonha veio após tudo, mas não posso deixar abalar-me.

- Bom, de nada – Ele diz sorrindo, seu típico sorriso debochado. Ele já tem um típico, sendo que o conheci ontem, está tudo indo rápido demais, só queria que o tempo parasse, para eu raciocinar tudo o que está acontecendo, mas é melhor que isso não aconteça, pois se acontecer, vou enlouquecer.

Christovan estaciona na casa do pai e sai do carro, ele vai passar a noite aqui? Isso não é da minha conta. Entro no quarto, deparando-me com Rita e Silvia em cima da cama, as duas são bem amigas. Tento não me irritar por elas terem pegado meu portfólio, sem minha permissão, e vou ao banheiro tomar um banho.

- O que estão fazendo aqui? Cadê Antonella? Ela deixou vocês tocarem nas coisas dela? – Escuto a voz de Christovan, continuo penteando meu cabelo, já com o pijama no corpo, não pretendo sair do quarto para mais nada hoje.

Não consigo escutar a resposta das meninas, mas consigo escutar Christovan xingando elas por pegarem meu portfólio e sei que ele expulsou as duas do meu quarto, o sorriso invadiu meu rosto sem eu realmente querer. A porta do banheiro é aberta brutalmente e meu sorriso morre.

- Eu poderia estar pelada, idiota – Digo ríspida.

- Era pra estar – Ele diz safado – Sabia que as duas pirralhas estavam aqui mexendo nas suas coisas?

- Sabia.

- E por que deixou? Você não gosta que ninguém mexa no seu portfólio.

- Como você sabe disso? – Pergunto, apoiada na bancada da pia, encarando-o.

- Eu sei muito de você – Ele diz se aproximando, próximo até demais.

- Pirralha – Digo rindo do termo que ele usou para se referir a Silvia, sua feição de confusão é engraçada – Uma pirralha que você tirou a virgindade, isso é pedofilia, sabe né?

- Eu vou só ignorar – Ele diz próximo o bastante para eu sentir seu hálito de hortelã.

Encaro seus olhos verdes, continuo a petear meus cabelos, fazendo meu cotovelo raspar em seu peito, umedeço meus lábios e me surpreendo com suas mãos invadindo minha blusa. Não deu tempo de perguntar o que ele pensava que estava fazendo. Porque o maluco simplesmente me beijou e eu não entendo o porquê de ter retribuído.


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A máfiaWhere stories live. Discover now