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O despertador me acorda em segundos, mas demorei para abrir os olhos e desativa-lo, só queria dormir mais um pouco, é pedir demais?

Assim que sento na cama e me espreguiço a voz me falta e não consigo gritar pelo susto, mas minha cara certamente revela o quão assustada estou, subo a coberta, cobrindo-me. Encaro o homem sentado na cadeira, encarando-me profundamente.

- O que faz aqui? – Pergunto encarando seus olhos verdes e seu sorriso, agora debochado.

- Quanta doçura – Christovan diz, coçando o queixo – Vamos conversar.

Encaro meu celular e olho as horas, se eu ficar me atraso, se eu ir embora ele achará que não sei obedecer. Volto meu olhar para sua expressão de dúvida, levanto e sigo para o banheiro, realizando minha rotina matinal.

- Olha, eu gostaria muito de conversar com você, mas eu vou acabar me atrasando e isso é algo que eu não gosto de fazer – Digo abrindo a mala e procurando qualquer roupa.

- Eu não sei se você entendeu, mas não te dei uma opção.

- Eu entendi bem, mas estou me própria dando escolhas, escolho ir pra faculdade e conversar com você depois, tudo bem?

Volto ao banheiro sem dá-lo a chance de falar algo e coloco a roupa que escolhi, penteio meus cabelos e faço um rabo de cavalo no mesmo. Christovan continua no mesmo lugar, mas em seu rosto tem uma carranca bonita, forço um sorriso e pego minha bolsa, checo para ver se mamãe respondeu todas minhas mensagens e ligações, nada. Respiro fundo decepcionada e encaro o homem.

- A gente conversa quando eu chegar, preciso ir agora.

- Vou te buscar na sua faculdade – Ele diz e vai embora como um furacão raivoso, sem me dar a chance de recusar.

- Ele acha que é quem mesmo? – Pergunto para mim mesma e me recordo então, ele é simplesmente o filho do Don da máfia e o futuro Don e meu futuro marido. Droga.

- Senhorita Antonella – Hernanez diz assim que me encontra, descendo as escadas – Está pronta?

- Para o que? – Pergunto confusa.

- Para ir – Ele diz com obviedade na voz, minha confusão continua nítida – Vou leva-la para a faculdade.

- Desde quando?

- Desde que agora você mora aqui.

- Ah. Não precisa, obrigada.

- Sim, senhorita, precisa. Quer tomar café primeiro?

- Não, eu como alguma coisa por lá – Encaro sua mão estendida, mostrando-me o caminho.

A viagem até a universidade foi silenciosa, nem o rádio o carrancudo ligou, mas não me importei muito, meus pensamentos preencheram o vazio por mim, quando vi já estávamos no estacionamento e Hernanez olhando para mim como se eu fosse um extraterrestre.

Encaro seus olhos azuis e me perco ali por um tempo, parece o céu, ou será que é o mar? Hernanez é um homem bonito, sem dúvida alguma.

- Senhorita?

- Sim?

- Vai se atrasar – Ele avisa e eu encaro o relógio no pulso, droga ao quadrado.

- Tchau, Hernanez, obrigada.

Não tive tempo de comer algo, pela multidão e a lentidão da maioria não daria tempo de comprar e chegar a tempo na aula, era uma escolha, preferi passar fome por um tempo a perder algum minuto da aula de Giovanni.

Aqui, tudo passa rápido demais, ainda não consigo me acostumar. O intervalo chega e enfim posso suprir minha fome. Demorou, mas logo consigo ver os olhos castanhos de minha amiga, uma das minhas poucas amigas aqui, Lorena sorri para mim e sento ao seu lado, cumprimento-a e começo a comer.

A máfiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora