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Passei o resto do dia trancafiada no quarto, porque não me senti bem para descer e jantar, meus pensamentos voaram longe e ainda não voltaram, receio que meus dias serão assim a partir de agora. Gusman disse que minha vida seria como antes, mas não é o que eu sinto, eu sei bem que não é o que acontecerá. Não derramei uma gota de lágrima sequer e pretendo não derramar, preciso ser forte e chorar é sinal de fraqueza, mamãe me ensinou isso.

Termino de enviar uma mensagem para minha mãe, pela 5° vez hoje e escuto batidas na porta, permito a entrada de quem quer que seja. Uma garota de lindos cabelos loiros ondulados adentra o lugar com um sorriso nos lábios, seus olhos cor de mel expressa sua inocência e sua pele parece ser macia, como se fosse de porcelana.

- Eu não acredito que você existe mesmo – Sua voz denuncia sua pouca idade.

- Bom, pode acreditar.

- Desculpe minha indelicadeza, meu nome é Rita, eu sou prima do seu noivo – Ela diz animada demais, sua alegria é contagiante – Não precisa se apresentar, eu já sei tudo de você.

- Deveria me preocupar?

- O que? Não! Claro que não. Jamais faria algum mal a você, não quero morrer ainda.

- Eu estava brincando – A tranquilizo observando seu repentino nervosismo.

- Eu não tinha percebido. Enfim, conta sobre seu curso de moda, eu simplesmente amo moda, faz um vestido para mim? Um dia estava no colégio... – Rita é divertida e tem várias histórias engraçadas, mas não para de falar.

Gostei de escutar tudo o que ela tinha para dizer, ela antes não tinha ninguém para conversar e eu quero ter uma boa estadia aqui, então não irei me importar de escuta-la. Rita saiu tarde do quarto, o que me fez dormir tarde demais e isso vai ser ruim para eu acordar amanhã.

Os barulhos no andar de baixo me acordaram, foi então que eu percebi, após acordar, que nada disso era sonho. Eu realmente vou casar com o futuro Don da máfia e eu nem ao menos o conheço. Foi difícil levantar, meus olhos pesaram com a vontade de chorar, mas não o fiz, não posso, não quero. Completei minha rotina matinal e sai do quarto, os barulhos aumentaram. Eu odeio acordar cedo aos domingos.

O vestido leve me acompanha enquanto ando e me perdi nos seus movimentos até chocar com um outro corpo, claramente maior que o meu. Olho para frente, logo para cima e encontro o rosto do homem a minha frente, ele me trouxe ontem, se eu não estiver enganada.

- Que bom que já está de pé, senhorita Antonella. Sou Hernanez, a proposito e o senhor Gusman quer vê-la, acompanhe-me por favor.

Quanta formalidade.

Me viro e acompanho o brutamontes. Sorri ao perceber o movimento de meu vestido, mas me diverti com isso por pouco tempo.

- Tenha um ótimo dia – Ele diz e abre a porta do escritório que estive ontem, empurrando-me local adentro.

- Bom dia, Antonella – Gusman diz, levantando-se de sua cadeira, com um sorriso de orelha a orelha, percebo um homem sentado à sua frente.

- Bom dia, senhor Cambonelli – Digo receosa.

- Gostaria de te apresentar ao seu futuro marido.

- Christovan Cambonelli – A voz rouca do homem invade meus ouvidos, logo ele levanta e enfim se vira. As fotos que tinha visto na internet não aumentaram nem um pouco sua beleza. Seu porte atlético, seu corte de cabelo e barba, seus olhos penetrantes e bonitos, tudo nele é um conjunto para safado cafajeste – Posso me apresentar sozinho, papai.

- Antonella Bucci – Digo pegando em sua mão estendida e encaro seu sorriso safado, mereço.

- Espero que vocês se deem bem – Gusman diz batendo delicadamente no ombro do filho, ele realmente parece ser um bom pai.

A máfiaKde žijí příběhy. Začni objevovat