Capitulo 2

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Fiquei em silêncio engolindo o choro, como era possível que a simples voz dele me pudesse afetar tanto?
Levei a mão à barriga ao sentir um ligeiro movimento, eu tinha sentido o meu filho, o nosso filho.
Eu ouvia a respiração acelerada dele, eu tinha tantas saudades, dava tudo o que tinha, que naquele momento não era muito para estar perto de Liam de novo.
- Emily? - eu fiquei gelada naquele momento, ele sabia que era eu? - Por favor Baby volta, eu estou exausto, não tenho mais forças. Procurei por ti, eu juro que tentei te encontrar. Mas estou a falhar, não sei mais o que fazer, eu estou vazio, completamente fodido e vazio.
Ele fez uma pausa, e ouvi ele a chorar.
- Perdoa-me Emily, eu fui um idiota. E já paguei um preço muito alto por isso. Fui a Philadelphia, tentei te encontrar. Dói muito, nunca senti uma dor assim e não estou a conseguir suportá-la. Não te escondas mais de mim, se quiseres eu me escondo contigo, mas não me faças ficar sem ti. Eu sei que sou frio, e que piso a linha, aliás eu nunca respeitei a linha.
Eu comecei a chorar, tentando ficar em silêncio.
- Eu já pedi tanto um milagre Emily, já estive de joelhos no chão até eles ficarem dormentes. Não sei mais o que fazer. Volta.
Eu inspirei desligando a chamada.
Não conseguia fazer aquilo, eu não podia voltar, por mais que quisesse.
Dominic estava lá, e enquanto ele andasse no mundo eu não poderia voltar.
Levantei me e fui até à cozinha, eu não suportava mais a raiva que sentia dentro de mim.
Soltei tudo, as lágrimas, os gritos e o desespero. Eu tinha que manter a calma, não por mim. Mas pela criança eu carregava.
Mas eu não conseguia, tinha acabado tudo, a minha força e a minha coragem tinha-se esgotado.
Atirei a jarra que estava em cima da mesa ao chão, deslizando o meu corpo até sentar-me ao lado dos estilhaços, lavada em lágrimas.
Senti uma dor forte na barriga e pedi baixinho para mim mesma.
- Por favor não.
Abracei a minha barriga tentando respirar ao sentir facas a atravessar o meu útero.
A minha respiração estava acelerada, cada dor fina e aguda levava um pedaço de mim.
Agarrei-me ao balcão, fazendo um esforço para levantar-me.
Caminhei com dificuldade até ao telefone, e contorcendo-me com a dor digitei 911.
Pedi ajuda sem fôlego e deixei cair-me no chão, derrotada, sem forças, e vendo as minhas esperanças a se desvanecer.
Fechei os olhos, perdendo os sentidos com a imagem de Liam na minha mente.
Abri os olhos confusa e atordoada, pestanejei até me habituar à luz branca do hospital.
Olhei para a minha barriga e vi um monitor ligado a ela, olhei para o monitor e respirei aliviada ao observar as batidas do bebê.
Olhei em frente para a minha médica que sorria para mim. Um sorriso que me garantiu que estava tudo bem.
- Olá princesa. - ela sorriu para mim. - Já passou, foi só um susto.
- O que aconteceu? - eu perguntei atordoada.
- O stress Emily, eu avisei tens que ter mais cuidado.
Eu pestanejei novamente sentindo dor de cabeça.
- Mas o bebê está bem? Por favor diga-me que está tudo bem. - eu perguntei desesperada.
- Está tudo ótimo querida, como podes ver pelo coraçãozinho dele no monitor. Agora tenta descansar, logo já deves poder voltar para casa.
Eu assenti agradecendo.
- De certeza que não queres avisar o pai do bebê? - ela perguntou em tom doce.
- Não. - eu abanei a cabeça negativamente. - Está tudo bem. Obrigada por tudo.
- Não precisas agradecer, eu só fiz o meu trabalho. Agora descansa.
Eu assenti e ela saiu do quarto deixando-me sozinha.
Não tirei o olhar do monitor nem durante um segundo, tinha medo que se me distraísse pudesse acontecer algo ao meu filho.
- Já estamos a começar mal meu amor. - eu falei para a minha barriga. - Desculpa, vou ter mais cuidado. Não te queria magoar, eu ainda não te conheço, é estranho mas eu dava a minha vida por ti. Ser mãe deve ser exatamente isso, esse instinto de proteção que se apoderou de mim desde o momento em que o teu pai queria que eu abortasse.
Eu engoli em seco, tentando descansar e acima de tudo manter a calma.
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- O quê? - eu perguntei furioso ao ouvir as palavras de Jonh.
- Foi isso que o Sr. Clark ouviu, eles não conseguiram rastrear a chamada porque o telemóvel estava bloqueado. Bloqueado pelo sistema da Clark Enterprises.
Eu passei a mão no cabelo cerrando o maxilar até deixar de senti-lo.
Isso só podia ser uma brincadeira, uma brincadeira de muito mau gosto.
- Eu vou matá-lo! - eu gritei entrando para o carro em direção à casa de Ben.
Respirei durante um segundo tocando freneticamente na campainha.
Assim que Ben abriu atirei-me ao pescoço dele, eu não suportava traição, ele devia saber disso.
- Onde ela está? - eu gritei furioso.
- Enlouqueceste? - a Aly tentou afastar-me gritando.
Soltei o pescoço dele e perguntei novamente.
- Onde está a Emily porra! Não me façam perder a cabeça. Vocês souberam onde ela estava este tempo todo!
- Tu não estás bem Liam. - Ben falou e eu dei um soco na parede.
- Vocês não estão bem! Vocês são loucos, sabem da história toda e deixaram ela se afastar de mim! Vocês tiraram a Emily de mim. O sistema da minha empresa está a bloquear o Gps do telemóvel dela. Qual é a explicação? Porque eu não vejo nenhuma a não ser o facto de que vocês a ajudaram.
- Já viste como estas a agir! Eu não a julgo por se ter afastado de ti Liam! És um idiota, egoísta e sem princípios! - fechei os punhos com as palavras de Aly.
- Achas que eu me importo com o que pensas ou não de mim? Eu juro, se acontece alguma coisa à Emily, eu mato vocês os dois! Andei dois meses à procura de respostas e vocês as tinham debaixo do meu nariz.
- Liam ela está bem!
- Eu não quero saber Ben! Percebeste? Eu quero vê-lá! Quero tocar nela, sentir o cheiro dela. Só aí vou acreditar.
- Liam eu não vou nada contra a vontade da Emily, mais que nunca ela precisa de calma na vida dela!
- Acho que vocês não entenderam! Ela só está bem do meu lado! Tou-me a foder para o que ela precisa ou não! Eu prometi que cuidaria dela, e vou fazê-lo!
Eu sai antes que eles pudessem responder, eu precisava de Emily, só ela podia afastar a minha mente do abismo.
Fui até ao carro que estava no parque exterior, e senti o meu telemóvel a tocar.
Atendi sem olhar para o visor.
- Bem, se não é o fantasma Liam Clark.
- Dominic. - eu cerrei os dentes, o meu estômago ferveu de raiva, era a primeira vez que ouvia a voz dele, e já o queria desfazer em pedaços. - O que queres?
- Primeiro quero respeito, segundo quero que não tentes nada estúpido e terceiro estou na janela do prédio que está à tua frente com uma Intervention apontada à tua cabeça. Caso precisas que te refresque a memória essa é nada mais nada menos que uma das snipers mais potentes do mundo.
Eu engoli em seco desfazendo o nó que se formara na minha traqueia.
- Atira. - eu falei secamente. - É um favor que me fazes. Acaba com a minha vida miserável. Já me tiraste o mais importante, não faz muita diferença se estiver vivo ou não.
Ele deu uma gargalhada, a mais fria e psicopata que já tinha ouvido.
- Eu realmente adorava fazer isso, mas tenho planos melhores para a tua vidinha de merda. Isso é só para perceberes que eu estou em todo o lado, sei cada passo teu.
- Nem para acabar com o meu sofrimento serves, fazias um favor a nós os dois. - eu falei e desliguei a chamada entrando no carro, e indo embora com o pé a fundo no pedal.

Luxúria Dominada - Volume Dois da Série LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora