2. Quem Sou Eu ?

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6 MESES ANTES ...

DEREK

Passo por um banco cinza, ainda molhado por causa da chuva que caiu sobre a cidade, há alguns minutos atrás.

O céu continuava nublado, carregado de nuvens que deixavam claro que poderia chover novamente, há qualquer momento.

Corro pela orla, usando um casaco cinza que me fazia suar mais rápido, mesmo com o clima frio.

Um dos fones estava no meu ouvido, mas eu ignorava a música.

Eu apenas corria.
Sem nenhuma direção.
Sem saber aonde estava indo.

Esse sentimento era constante na minha vida.

Para onde eu estava indo ?

O que eu queria alcançar, afinal ?

Ou do que eu estava fugindo ?

Eu queria que houvesse uma forma de fugir. De mim mesmo.

Mas isso era impossível.

E então, eu apenas continuava seguindo em frente.

Eu não vivia.
Apenas existia.

Suspiro.

Esses pensamentos atrapalhavam o meu foco. Então, deixo eles pra lá.

Duas mulheres, com roupas apertadas de caminhada, passam por mim, olhando para mim com o mesmo tipo de desejo que eu vejo nos olhares de qualquer mulher.

Olho para elas, querendo retribuir da mesma forma ... mas não conseguindo.

Por que eu simplesmente não consigo ? Tudo seria muito mais fácil se eu conseguisse.

Elas passam e eu continuo correndo, até que noto um homem, um pouco mais novo que eu, vindo na minha direção.

Resmungo por dentro quando sinto os meus olhos me traindo e me obrigo a continuar olhando para frente, mesmo quando o homem continua chegando perto.

E ainda sinto dificuldade de manter os meus olhos fixos no que estava à frente, mesmo depois de ele ter passado.

Começo a correr mais rápido, forçando os limites do meu corpo, como uma forma de punição.

. . .

Deixo as roupas suadas no chão do banheiro e entro no box, deixando a água do chuveiro cair sobre o meu corpo.

Esfrego bastante o rosto, querendo esquecer que eu cheguei a PENSAR em olhar para o homem que passou por mim, na orla.

Passo as mãos no cabelo e encosto a cabeça na parede, sentindo a água do chuveiro cair pela minha nuca.

Todo dia.
Todo dia era uma luta.
Uma maldita luta.

Desligo o chuveiro e seco parte do corpo, enrolando a toalha em volta da minha cintura, em seguida.

Pego a gilete na gaveta, passo o creme de barbear no rosto e me olho no espelho.

Contorno a barba, tirando apenas o excesso e definindo o resto, enquanto contemplo os meus olhos verdes, sempre exaustos e tristes, por algum motivo.

O meu corpo era musculoso e definido, praticamente impecável, do tipo que todos queriam ter.

Malhar era uma distração que nunca deixava de ser útil.

Jogo água no rosto, após terminar, e ando até o meu quarto.

Deixo a toalha cair e coloco uma cueca box preta, assim como uma calça preta.

O Garoto dos Olhos Castanhos (STEREK)Место, где живут истории. Откройте их для себя