Sanguis Lunam - Taekook

capítulo 04

Desmaterializei-me para longe dali, aquela dor no peito me atingiu novamente, batidas de coração. Havia sido a primeira vez em anos que me aproximou de Taehyung, notei o desespero em seus olhos dourados quando descobriu quem eu realmente sou. Ficar tão próximo dele, ouvindo seu coração bombear sangue, fez todo meu corpo arrepiar, sim eu sentia sede do seu sangue, mas não era nada parecido com a forma que eu desejava grudar na jugular das minhas vítimas. Eu desejava seu sangue e a sua proteção e esse conflito corroia meu ser. Por quanto tempo eu ainda continuaria a fugir?

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Minhas patas grandes e fortes corriam pela terra úmida da floresta, respiração ofegante e coração acelerado. Vampiro...
Vampiro...

A lua brilhava no céu negro e naquela noite gélida meu sangue fervia como fogo. Entrei as pressas pela varanda do quarto, aquela altura todos já deveriam estar a minha procura e meu cheiro já teria me incriminado ao chegar em casa.

— Taehyung? Onde voc... — Imediatamente me joguei contra a porta pesada de madeira e impedi minha mãe de continuar abrindo-a.

— Eu disse que não queria ir, por favor me deixe sozinho.

— Não é assim que funciona, filho... Que cheiro... Esse cheiro... VAMPIRO! — Sua voz soou horrorizada e eu soube que estava completamente fodido.

Meu quarto foi invadido não somente por ela, mas meu pai e grande parte dos lobos mais velhos arrombaram a porta como se está fosse feita do material mais frágil existente. Os olhos dourados, esverdeados, azulados e lilás brilhavam no bréu do meu quarto, os olhares preocupados vasculharam cada canto e pararam em mim, arregalados, narizes franzidos e enojados.

— O cheiro vem dele. Está impregnado no Taehy...

— SIM! — Assenti quase num grito. — Eu... Eu estive com um vampiro, perto dele, mas estou bem, eu estou bem, estou vivo, não estou?

Os olhares ainda carregavam preocupação, nojo e agora, descrença.

— Você matou o vampiro? Não... Não está com sangue em nenhuma parte do corpo. Deixou o maldito FUGIR?!

O alfa, meu pai, esbravejou, seus caninos pareciam laminas que cortariam uma rocha com facilidade.

— Não compareceu ao ritual, esbarrou com um vampiro e não o matou... Onde esse maldito estava? Em nossas terras?

— Não, eu fui até a cachoeira que divide nossas terras das deles, eu sei que fui idiota e eu... Não vai se repetir, eu estou bem.

O peso de todos aqueles olhares carregados de decepção cortavam minha pele, minha carne e minha alma, todos esperavam muito de mim, mas eu não era nada, eu não era nada do que esperavam que eu fosse.

—Não irá mesmo, VOCÊ NÃO DEVE SAIR DA NOSSA PROTEÇÃO! VOCÊ NÃO ESTÁ PRONTO KIM TAEHYUNG! SE VOCÊ MORRER... SERÁ O FIM DE TODOS NÓS. Olhe nos meus olhos, garoto!

O dourado dos meus orbes encontraram os seus, igualmente dourados, mas carregados de fúria, diferente dos meus que estavam carregados de angústia. Meu coração doía, desiludido, desolado, ferido, quebrado.

— Deixe-o, Kim Gong Yu. Ele está assustado, querido...

Sua voz doce soava longe como se estivesse nublada, tão nublada como minha visão entre as lágrimas traíras que escorriam por minhas bochechas. Meu pai ecoou um grunhido alto e se retirou do meu quarto junto com todo os outros lobos que estavam ali somente presenciando minhas fraquezas. A porta bateu.

— Meu filho, seu pai é rude com você, mas ele se preocupa verdadeiramente com o seu bem e filho...

— Ele não acredita no meu potêncial, ninguém acredita, nem mesmo você mãe. Todos vocês me tratam como se eu fosse quebrar a qualquer momento, não me deixam tentar lutar de verdade, até quando vão controlar meus passos com a desculpa de que ainda não estou pronto? Vocês não me permitem estar pronto.