SEGUNDO CAPÍTULO

5.9K 728 1K
                                    

      Eu não sei exatamente que horas o relógio marcava quando acordei com Niall falando ao telefone, mas o dia estava claro. O cheiro de café invadiu as minhas narinas como se alguém tivesse me dado um tapa na cara, então presumi que ainda fosse cedo. Enterrei meu rosto no travesseiro e suspirei.

      — Louis, você está acordado?

      — Não — resmunguei.

      Senti algo bater contra as minhas costas, e pela maciez, deduzi ser o travesseiro de Niall.

      — Levante, bonitão. Temos uma proposta de trabalho.

      — Nós poderíamos cogitar ter folga de vez em quando, não é? — Talvez, fosse a preguiça falando por mim, mas a ideia não me pareceu má.

      — Você está me zoando? — Niall riu. — Se quiser continuar dormindo em paz, é melhor me ajudar a manter o nosso ganha-pão.

      Muito a contragosto, apoiei-me penosamente sobre meus braços para sentar na cama. O vento frio atingiu meu peito nu e eu estremeci, e espreguicei-me ao coçar meus olhos. O quarto estava à meia-luz pela cortina estar fechada e minha visão sensível agradeceu por isso. Não notei quando Niall chegou perto, sentando-se na cama e sorrindo para mim, feliz e alegre como sempre. Ele estendeu as seis cartelas de meus remédios — dois anticoncepcionais e quatro suplementos para minha anemia — e também um copo d’água.

      — Quem propôs o trabalho? E quanto vale? — Indaguei enquanto separava os comprimidos. Joguei-os em minha boca e os engoli de uma só vez.

      — Um conhecido meu de Mullingar — Niall fez uma careta pelo meu jeito de tomar os remédios. — Ele se chama Bartley O’Neill. Tem a ver com cocaína, pelo visto, e ele disse algo sobre cinco mil libras.

      Eu assobiei em surpresa e passei as mãos pelo rosto, depois de colocar o copo, agora vazio, sobre a mesinha ao lado da cama. Era bastante dinheiro, sem dúvidas. Poderíamos colocar uma boa quantia na poupança que tínhamos — o plano era nos mudar de Londres — e o resto nos manteria por algumas semanas tranquilamente. Haveria somente os gastos para contratar dois peões para averiguar a situação com a Contenção e então seria possível ficarmos tranquilos.

      — Compensa? Ele disse a quantidade?

      — Cerca de dois quilos e meio.

      Acenei, concordando. Valia a pena.

      — Certo, diga que aceitamos, então.

      — Bartley pediu para que o procurássemos caso resolvêssemos pegar o bico. Ele está num hotel na zona sul. Disse que temos três dias para pensar sobre.

      — Bom, ele te deu o endereço, não é? — Niall assentiu. — Vamos lá, então. Quanto antes acabarmos com isso, melhor.

      Saltei da cama para esticar e estralar todo o meu corpo. Era uma habilidade que me acompanhava desde que eu entrara para o acampamento de treinamento para Impuros, pois nós conseguíamos alinhar nossos ossos sem nos transformarmos. Era satisfatório e bom para manter o corpo preparado caso precisássemos virarmos lobos inesperadamente.

      Fui ao banheiro, fiz minhas necessidades e higiene matinal para então selecionar uma roupa. Estaríamos lidando com um traficante, portanto optei por peças discretas e que eu pudesse usar para esconder uma arma.

      — Esse tal de Bartley deve ser rico, não é? Ele está em que hotel da zona sul?

      — Egerton House.

      — Caralho — ri em descrença. — Eu com certeza vou levar a Glock.

      Niall sorriu e disse que iria pegar as chaves da picape. No canto do quarto tínhamos uma cômoda que usávamos para guardar documentos e alguns artigos pessoais, mas a última gaveta tinha um fundo falso bloqueado por digital, e era ali que guardávamos nossas armas e munições. Tínhamos três pistolas Glock G25 e um rifle Winchester. Apesar de antigo e até mesmo rústico, gostávamos de mantê-lo porque alguns trabalhos exigiam que fôssemos para áreas isoladas e de mata alta; a força do disparo do rifle era apropriado para abater um alfa Impuro grande.

The Way You Love Me | L. S.Where stories live. Discover now