VIGÉSIMO QUINTO CAPÍTULO

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      Eu não fazia ideia de onde eu estava, e estranhamente aquilo parecia comum nos últimos dias. Era um lugar bastante branco, talvez eu estivesse encarando o teto, mas o que eu mais percebi foi o peso de meu corpo, parecendo que um elefante estava deitado sobre mim. Peguei um fôlego entrecortado, sentindo o mau hálito de minha boca, além de um bolo de saliva em minha garganta que parecia arranhar como cascalho.

      Tossi audível e dolorosamente ao tentar pegar mais ar, mas não consegui levar minhas mãos aos lábios. Um gemido saiu sôfrego quando o ataque de tosse parou, mas eu consegui respirar bem melhor. Pisquei minhas pálpebras bem devagar, desejando poder tirar as remelas endurecidas dos cantos de meus olhos. Soltei um bocejo, ainda que o gosto ruim fosse acentuado, antes de obrigar-me a forçar meu pescoço e conseguir olhar para os lados.

      Demorou um tempo até eu perceber que era um quarto de hospital. Chique, aliás, porque apenas pela estética eu sabia que não era o hospital da periferia que Niall e eu costumávamos ir. Não tinha ninguém no quarto comigo, mas não me importei muito com aquilo; eu só queria saber o que tinha acontecido. Minha voz ainda parecia estar meio falha, além do cansaço tremendo que eu sentia, então fechei meus olhos mais uma vez, apenas para descansá-los. Acabei por pegar no sono.














      Acredito ter dormido por algumas horas, porque quando acordei, o quarto estava mais claro do que antes. Haviam vozes, também, mas eu não fui capaz de reconhecê-las em um primeiro instante, levando um tempo até eu conseguir sequer abrir consideravelmente os olhos. Meu corpo estava melhor, não tão pesado quanto antes, mas minhas mãos ainda conseguiam mexer só os dedos.

      — Ele teve uma instabilidade durante a madrugada — ouvi um homem dizer. — Nós analisamos o frequencímetro e o oxímetro, que são os aparelhos essenciais para isso. Parece até que ele…

      — Louis! — Alguém exclamou, e então os incríveis olhos verdes entraram no meu campo de visão.

      Uma sensação de calmaria acertou-me com tudo, trazendo vibrações maravilhosas de amor e carinho para todo meu interior. Aquelas emoções boas trouxeram lágrimas para pinicarem meus olhos. Eu estava tão aliviado de vê-lo bem.

      — Oi, Hazz — falei com dificuldade, rouco e num fio ardido de voz.

      Meu alfa soltou um riso estrangulado, começando a derramar várias lágrimas sobre minhas bochechas e meu pescoço, mas não me importei, decidindo fazer um certo esforço para arrastar minha mão direita pelo colchão até a barra de suas calças, encostando na grade da cama. Era o máximo de carinho físico que eu conseguia dar naquele momento, porém torci para ser o bastante. Acredito ter sido, porque Harry chiou antes de se inclinar para me beijar na testa.

      O médico não tardou em aparecer, sorrindo simpático para mim ao lado contrário de Harry na cama. Era um homem de meia-idade, e eu não o conhecia.

      — É bom tê-lo acordado, senhor Tomlinson. Você nos deu um baita susto.

      — Sinto muito — eu estava odiando o quão fraca minha voz soava.

      — Não sinta — meu alfa interveio. — Agora que está acordado, será possível cuidar melhor de você.

      — Harry está certo. Será bem mais fácil te ajudar a ter uma recuperação mais efetiva.

      Sorri para eles, sentindo uma imensa vontade de berrar de gratidão por finalmente ter pessoas que se importavam comigo. O médico, que se apresentou como Zach, disse que precisaria fazer alguns exames extras e algumas perguntas para mim, então Harry ficou sentado na poltrona ao lado do leito. Foram coisas básicas como histórico familiar, de doenças e sobre minhas atividades sexuais e físicas. Notei a aura de meu alfa bastante agitada, ansiosa possivelmente pelo momento em que poderíamos ficar um pouco sozinhos.

The Way You Love Me | L. S.Where stories live. Discover now