El de Eleonor, por @Lindsay98AlRodges

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El sabe quando brigam por sua causa

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El sabe quando brigam por sua causa. Se esgueira pela casa quando percebe que seus pais cochicham, e odeia que façam isso porque, de qualquer maneira, não pode ouvi-los. Observa o mundo através de outros sentidos, que se apuram conforme cresce. Torna suas aptidões mais sensíveis e seu senso de realidade ampliado.

Sabe como ninguém ler as coisas, as situações e principalmente as pessoas.

Muitas vezes, conviver com seus pais é como ter as pernas fincadas na areia movediça: teme se mexer, se manifestar e só piorar tudo. Deslizar lentamente para um subterrâneo sufocante onde o mundo não tenha, além de sons, cores ou sabores. Ou beleza.

E não quer ser essa pessoa, não quer ser a pessoa que, no futuro, cresceu e percebeu tarde que não viveu como queria.

El sempre teve coragem. Muitos dizem que a adolescência é uma fase instável, que logo perderá o interesse pelo que é "exótico", como colocam. Mas não leva isso adiante, não pensa muito sobre o amanhã. O hoje tem cores atraentes, texturas confortáveis, sabores deliciosos.

Portanto, ao ver que uma nova disputa estremece a relação já atribulada de seus pais, suspira e se mantém firme, pois sabe bem o quão inevitável é o debate sobre a sua decisão. Senta-se à mesa para o jantar, quando tudo parece mais calmo, e fica feliz em ver que ao menos seu pai parece de bom humor, puxando assunto, sorrindo.

"O que foi, Águia Careca?", El pergunta ao pai, devolvendo seu sorriso.

O homem assente, respondendo com palavras, de maneira lenta, para que El leia seus lábios:

— Quando vamos até a loja que você falou?

El mal pode conter sua alegria. Algo que parece um sorriso simples brota em seu rosto, mas na verdade é uma manifestação genuína de contentamento. O significado por trás de seu sorriso bobo e doce é o que enfeita e transforma os dias de seu pai em uma vida do qual ele jamais abriria mão.

"Amanhã", El responde, voltando-se para seu jantar.

Sua mãe, ao lado, apenas come, quieta e sem erguer os olhos para ninguém. Ela sempre teve um temperamento instável, sempre foi muito rígida e séria, mas com um coração gentil e compassivo.

El sabe que um dia, talvez, sua mãe entenda que filhos não nascem para uma vida alheia, e ela entenda que saber quem somos no mundo é importante. Mas não será hoje, e está tudo bem.

— Pensei em algo amarelo — seu pai diz, esticando a mão e tocando o brinco dourado que apenas há alguns dias El começou a usar.

Um dia, acordou e quis ter cores nas orelhas. Não conseguiu reprimir o sentimento.

— Combina com a sua pele, hã?

El assente, e por um momento o clima é agradável de novo. Sempre lidou bem com a instabilidade de seus pais. Chegou a pensar, quando criança, que as discussões eram por sua causa, mas não. Agora sabe que talvez os dois não devessem estar juntos, mas prosseguem assim por causa da comodidade.

Contando um Conto | Young Adult LPWhere stories live. Discover now