02 - Eu sei o que você fez com Maria Madalena.

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#GSTQfic

Quando Harry disse que queria que 1989 fosse um ano diferente dos outros, ele não esperava que seu primo viesse ocupar o quarto da sua irmã e estudar no mesmo colégio que ele depois de seis anos sem se verem, mas, hey, a vida funciona de maneiras misteriosas, e aqui estamos nós.

Louis Tomlinson. Há quanto tempo Harry não ouvia falar deste nome?

Eles haviam parado de falar sobre Louis e a mãe dele (Johannah) depois de toda a merda que havia acontecido entre 1983 e 1984. Por isso foi uma surpresa tão grande para Harry quando Anne apareceu contando que estava planejando a mudança do seu primo junto com sua tia há mais de um mês. Aparentemente, elas esperavam que Gemma terminasse de se ajustar em Londres antes de garantir qualquer coisa. 

Então, na quinta-feira, quando a menina se despediu novamente, pois queria aproveitar o resto do recesso natalino com o namorado na capital, Anne fez uma rápida ligação para avisar que estava tudo pronto para recebê-lo.

No sábado, seu primo estava pegando um trem diretamente de Doncaster para Holmes Chapel. Eram três horas inteiras de viagem, com direito a bundas achatadas, biscoitos integrais com gosto de árvore e uma passagem de preço salgado demais para ser desconsiderado. Devia ser para valer, então. Eles não pegariam um caminho daqueles se não tivessem certeza que Louis iria permanecer ao menos um bom tempo naquele vilarejo.

E Harry não poderia estar menos interessado.

Na manhã do dia sete, ele estava retirando cravos e espinhas das costas com suas unhas, enquanto permanecia sentado na cama, e seu cérebro virava geléia. Não é tão ruim quanto parece, sério. Talvez essa não seja a atividade que a maioria das pessoas escolhe fazer para começar o dia, mas, por mais nojento que seja, até que é um pouco terapêutico. Talvez funcionasse da mesma forma para aqueles monges que caminham em cima de brasa quente para relaxar ou sei lá o quê.

Harry está meio deprimido, na verdade. A noite anterior tinha sido péssima, porque seu pai resolveu aparecer na casa deles pedindo por dinheiro, e aquilo nunca terminava bem.

De qualquer forma, Anne não parecia disposta a apenas deixar seu filho afundar na cama em paz, fingindo que faz parte da decoração. Ela era cruel demais para isso, então logo marcou presença, esmurrando a porta do seu quarto.

— Se você não sair daí ainda hoje juro por Deus que vou arrombar essa porta! — avisou, batendo na madeira igual a um gorila. — O Louis vai chegar hoje! Preciso da sua ajuda na cozinha pra manter tudo em ordem, e você precisa tomar um banho pra ficar com menos cara de tacho. — bateu com mais força, e dessa vez até os cadernos em cima da sua escrivaninha tremeram. — Anda logo!

— Já tô acordado, caramba! — respondeu com raiva, retirando o edredom de cima do corpo.

Iniciou seu ritual matinal, que consistia basicamente em: olhar a pia para ter certeza que não tem formiguinhas por ali que podem morrer afogadas, salvar duas formiguinhas com seu polegar e deixar elas em algum lugar seguro, escovar os dentes, tentar escovar a língua sem vomitar (ele vomitou uma vez), depois puxar o enxaguante bucal de cima da bancada da pia com cuidado, para não assustar tanto a pequena aranha que vive debaixo do seu espelho (o nome dela é Margareth), assistir ela se escondendo atrás do espelho, usar o enxaguante, tirar os resquícios de água com o mini rodo da pia, cuspir na pia, abrir a torneira por três segundos pra tirar o cheiro enjoativo de menta do banheiro, e enxugar o rosto com a camisa (Harry precisa trocá-la, já faz três dias que usa a mesma e ela está começando a feder).

Sua mãe estava cortando alguns pedaços de tomate numa bandeja quando finalmente desceu.

— Ótimo, resolveu dar o ar da graça. — ela largou a faca na mesa, indo agitar o que quer que fosse na panela — Termine de cortar os tomates. Estou preparando um risoto especial de camarão.

God Save The Queer • l.s (HIATUS)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora