10 - Todo mundo fala que garotas são doidas, né... talvez sejam.

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N/a: Lugarzinho reservado para surtos com a att em 3... 2... 1

Dessa vez o capítulo ficou bastante focado na amizade entre o Liam e o Harry, espero esclarecer algumas coisas pra vocês. E espero também que não tenha ficado nada confuso. Mas se não entenderem algo, podem comentar e eu respondo às suas dúvidas, ok? É até bom pra eu ver se tive um bom desempenho na hora de escrever este capítulo, e sobre o que devo esclarecer melhor nos próximos.

Leiam as notas finais, e boa leitura!

P.s: foto do Liam meramente ilustrativa pra vocês verem ele fetus, pq não existia Toy Story até 1995, bjs.

#GSTQfic

Há algumas coisas que ficam marcadas na memória de uma criança, que ninguém sabe muito bem explicar o porquê.

Coisas como virar seus tênis de cabeça para baixo, após brincar por várias horas no parquinho da escola, e assistir a areia fina deslizar para fora dos seus sapatos. Ou então hambúrgueres que pareciam ter gosto melhor quando cortados em formato triangular. E uma babá fantasiada de bruxa, querendo te pegar no colo, na sua festa de aniversário de um ano.

São coisas pequenas e aleatórias. Algumas delas, às vezes, somente quando envelhecem, é que as crianças começam a perceber os pontos de vistas ruins que esses momentos carregam por trás.

Como o que sua mãe precisava limpar a sua farda suja todos os dias depois de você chegar da escola, porque não havia dinheiro para te comprar mais de um uniforme escolar, e isso era bastante cansativo e desanimador.

Ou que ela te dava hambúrguer no jantar todo dia, por não ter condições de preparar um jantar decente que custasse mais do tempo dela.

E a babá que estava fantasiada de bruxa no seu aniversário, te derrubou no chão quando você era bebê e te fez rachar a cabeça ao meio, mas ela continua cuidando de você, porque não há mais ninguém que possa cuidar.

Crianças geralmente não enxergam essas coisas, elas estão mais impressionadas e felizes, ou irritadas e birrentas, do que preocupadas em perceber o que há de errado. Mas, é melhor que seja assim, do que a outra opção; quando uma criança nota que há algo de errado, é aí que ela cresce. E, às vezes, você pode encontrar uma criança de dez anos que sabe mais sobre a morte do que uma pessoa de oitenta.

Liam era uma dessas crianças, enquanto, Harry, era a criança que perdia horas admirando até mesmo uma joaninha que pousou no seu dedo. Eles eram diferentes, e foi por isso que a amizade dos dois deu tão certo.

Uma vez, quando Harry tinha sete anos, ele escalou uma árvore, todo empolgado em subir cada vez mais alto como um macaco, e ele até conseguiu ir bem longe, mas seus minutos como macaco estavam contados, porque o destino achou mais interessante fazê-lo ser como uma fruta madura: direto ao chão.

E aí o pirralho abriu o berreiro, jurando que tinha quebrado o braço. Por sorte a vizinha era médica, e mostrou para sua mãe – seu pai estava num bar – que não tinha nenhum osso fora do lugar, mas mesmo assim ele chorou e chorou, durante quase uma eternidade, até que seu programa favorito do Looney Tunes passou na TV; um episódio que o Pernalonga era sequestrado por um marciano e acabava parando em Marte. Distraído por isso, Harry nem percebeu que havia parado de chorar, e muito menos se lembrou que havia caído de uma árvore. Seu braço ficou roxo e arranhado em algumas partes, mas sempre que sua mãe lhe perguntava sobre isso, Harry apenas dizia que não estava sentindo nada, e se distraía com seus desenhos.

Liam nunca quebrou um braço, ou achou que quebrou, mas ele não precisava disso para chorar durante uma hora inteira. Na verdade, ele precisava de motivos para não chorar durante um dia inteiro.

God Save The Queer • l.s (HIATUS)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora