04 - Um álbum de fotos pornográficas da Céline Dion.

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N\a: quem é vivo sempre aparece, né.

#GSTQfic

Ser responsável era uma merda.

Louis sempre odiou responsabilidade. Aos onze anos, sua mãe pediu que ele pagasse uma conta de luz no lugar dela, e entregou um envelope com mais de cinquenta libras nas mãos dele. Era muita coisa. E é claro que ele perdeu.

E é claro que ele levou uma surra.

Ele era um bosta com isso; se esquecia de datas, de trabalhos, e até mesmo de buscar sua irmã na escola. Teve que aprender na marra, depois de levar muito esporro da sua mãe. Aos quinze, começou a trabalhar na Vue Cinema, como jovem aprendiz, entregando baldes de pipoca, e até durou à beça lá, só que fez dezoito anos e resolveram chutar sua bunda para contratar outro de quinze. Eles não queriam ter que pagar um salário justo, mas inventaram que a culpa era da sua aparência, que estava ficando "cada vez pior" e assustando os clientes.

Mas, pensando bem, talvez tenha sido sincero. Louis se vestia como "um drogado". Era o que a maioria das pessoas dizia. Incluindo seus professores, que pareciam ter superado a fase de ter pena dele, e passado a ter ódio. Tipo, ódio de verdade. Ódio de adulto. E Louis os entendia. Ele era um puto.

Seu coordenador, Sr. Edmund, que lembrava muito o diretor Ed Rooney de Curtindo a Vida Adoidado, era quem mais o odiava, porque Louis adorava pregar peças nele, embora, em sua opinião, nunca tenham sido nada demais, sério.

— Você nunca vai ser nada na vida! — o sujeito gritou uma vez, depois de Louis ter grudado sua bunda na cadeira com uma cola de móveis que roubou da aula de trabalhos manuais. — Nada! Eu juro!

Ele provavelmente tinha razão.

Às vezes, porém, Louis conseguia ser responsável. Ou, ao menos, tinha que ser. Quando ele se importava, sabe? que nem no seu último dia em Doncaster, antes de se mudar para casa dos Styles em Holmes Chapel.

Louis olhou o relógio pregado na parede da estação de trem. Eram oito e quarenta sete da manhã. Ele estava grilado com o horário desde que acordou. — Tem certeza que não chegamos muito cedo?

— Tenho. Fique de olho na mala e na Lottie, vou pegar um café. — respondeu Johannah.

Martha (ou "Mamá" como todos a chamam por ser uma imigrante brasileira, e pensarem que falava espanhol, ao invés de português), vizinha de porta deles que havia vindo com a família para que Charlotte pudesse se despedir do irmão, encarou Louis como se fosse um coronel lidando com um soldado rebelde.

— Cuidado na vida. Se você perder a Lottie eu te dou uma surra de cipó. — avisou em inglês, quase sem nenhum sotaque, antes de se levantar para acompanhar a mãe dele.

— Também te amo! — gritou de volta, com um sorrisinho de filha da puta.

Mamá apenas resmungou.

Ela era uma vizinha bacana pra cacete. Havia se mudado com sua família fazia alguns anos, e apesar de seus vizinhos normalmente o odiarem, Louis conseguiu ganhar algum respeito quando gastou uma grana preta no boteco que Mamá era dona, o qual ela tinha conseguido estabelecer humildemente no final da rua. Era um lugar pequeno, que contava com a ajuda de toda família. E tinha uma comida boa pra desgraça; nunca cansaria de elogiar. Foi lá, inclusive, que conheceu o filho mais novo de Mamá, Guilherme, que tinha a mesma idade de Louis e estudava no mesmo colégio que o dele.

Mas nada se comparava com a relação quase familiar que havia entre Mamá e Lottie. A mulher era muito gente fina com a garotinha. Sempre a convidava para comer na sua casa, fazia maria-chiquinhas cafonas no seu cabelo antes da escola, e a dava lápis de cor para colorir alguns desenhos imbecis de castelos e princesas. Basicamente a tratava como se fosse sua filha, talvez por nunca ter tido uma menina antes, e Louis apreciava isso.

God Save The Queer • l.s (HIATUS)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora