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SMILE! | TODOROKI S.
CAPÍTULO UM

YASU NATSU

ÀS PRESSAS, TERMINO DE desembaraçar meu cabelo desgrenhado e rebelde. Não deixo de encarar meu reflexo pelo espelho retrovisor do carro. Eu sou a mistura perfeita de meu pai e minha mãe. Olhos dourados, cabelos ondulados, castanhos claros, acobreados e cortados na altura dos ombros, com algumas mechas mais desgastadas e desbotadas que as outras, além de, é claro, uma porção considerável de pontas duplas, pele pálida e bochechas rosadas.

Eu estava muito, muito ansiosa. Meu coração batia acelerado contra o peito e milhares de perguntas martelavam contra minha cabeça.

━ Chegamos! ━ A voz de minha mãe me tira dos meus devaneios, trazendo-me de volta a realidade. 

━ Tchau mãe. ━ Digo, dando um beijo estalado em sua bochecha pouco antes de fechar a porta do carro.

Me virei em direção ao enorme edifício a minha frente. Respirando fundo, ajeitei a mochila sobre o ombro enquanto andava pelo campus da escola, meus cachos castanhos dançavam com o vento forte daquela manhã. Eu estava atrasada, então, às pressas, corro pela imensidão de corredores a procura da sala de aula ━ 1A.

Abro a porta, tropeçando em meus cadarços no meio do caminho. Um gemido baixo deixa meus lábios sujos de gloss ao atingir o chão em um baque surdo.

Ótimo. Apenas mais um dia começando para Yasu Natsu.

━ Existe uma razão para você interromper minha aula, Yasu? ━ Um homem de cabelos escuros e rosto marcado pelo cansaço diz. O professor, suponho. Sinto minhas bochechas arderem, eu estava morrendo de vergonha.

━ D-desculpa. ━ Eu me encolhi um pouco. ━ N-não vai a-acontecer novamente, sensei. ━ Ele revirou os olhos.

━ Apenas se apresente.

━ Uh… B-bem, meu nome é Yasu Natsu, mas podem me chamar pelo primeiro nome. É-é um prazer conhecê-los. ━ Disse, com as bochechas corados enquanto encarava meus próprios sapatos.

E então, fui em direção a última e única mesa disponível, esta que se encontrava ao lado da de um garoto com olhos heterocromáticos e cabelos perfeitamente divididos entre o branco e o vermelho. 

━ Bem, como estava dizendo, vocês escolherão seus nomes de heróis. Eu não me importo com o que façam, apenas terminem antes da aula acabar. ━ Declarou, sua voz marcado pelo cansaço ecoava pela sala silenciosa.

Mordi o lábio, xingando-me silenciosamente. Considerando que havia entrado na Yuuei no meio do ano letivo, ainda não havia nem ao menos pensado em um nome de herói.

Burra, burra, burra!

A maioria dos alunos conversavam e trocavam ideias entre si, já outros preferiram ficar em silêncio. O garoto sentado ao meu lado era um deles. 

Passei a maior parte da aula em silêncio, pensando em como poderia criar um nome de herói não-tosco e único. Mas havia um pequeno problema: minha criatividade era nula. 

Sentada de maneira preguiçosa, observava os ponteiros do relógio. Faltavam poucos minutos para o almoço, notei. Suspiro, estava cansada e muito, muito frustrada comigo mesma. Distraída, mal percebo o som barulhento e irritante do sinal ecoar pelos corredores e salas de aulas, completamente perdida em meus pensamentos. 

Burra, burra, burra!

Irritada comigo mesma, me levanto, seguindo meu próprio caminho rm direção ao refeitório. Vejo mesas lotadas e alunos sorridentes sentados em grupos de amigos. Respiro fundo, numa tentativa falha de ignorar o pânico crescente em meu peito.

Eu consigo. Consigo ir até lá e começar uma conversa, assim como todos aqui.

Finjo que sou apenas um número. Não há emoções em meu rosto. Lábios perfeitamente imóveis, costas eretas, mãos que apertavam a bandeja de comida com força. Apenas mais um fantasma deslizando em meio às multidões.

Seis passos para frente. Quinze mesas pelas quais passar. Quarenta e dois, quarenta e três, quarenta e quatro segundos e assim a contagem continua.

Argh! Quem eu estou querendo enganar? Não conseguiria nem ao menos murmurar uma palavra com eles, provavelmente gaguejeria e faria papel de boba em frente de todos. Dou meia volta e me dirijo a uma mesa vazia, isolada das demais.

Ignoro as lágrimas que ameaçavam deixar meus olhos, visivelmente tristonha. Me vejo surpresa quando vejo o mesmo garoto de cabelos bicolores se sentar à minha frente.

━ Você se importa? ━ Eu apenas neguei com a cabeça, limpando os olhos marejados.

━ Uh… e-eu gostei do seu cabelo, é tingido? ━ As palavras simplesmente deixam minha boca.

━ Não. ━ Ele simplesmente diz, seus olhos heterocromáticos encaravam o horizonte. Reviro os olhos mentalmente enquanto me afogava em sua pequena palavra monossílaba. Eu estava me esforçando para tentar conversar com o bicolor e era isso que recebia em troca?

━ Você poderia se esforçar um pouco mais para continuar uma conversa. ━ Resmunguei, cruzando os braços sobre os seios. Ele revira os olhos.

━ Todoroki Shouto. ━ Suspirou.

━ Yasu Natsu. ━ Ele não responde. Apesar de suas tentativas de me ignorar, agarro uma de suas mãos gentilmente e a aperto, a soltando logo em seguida. ━ Você é pior do que eu em se socializar, isso é quase inacreditável. 

━ Por que?

━ Bem, porque talvez eu tenha ansiedade. ━ Eu mergulho um rolinho primavera no recipiente de molho. Noto que ele me observava com um misto de curiosidade e atenção. Com a boca ainda cheia, pergunto: ━ Quer? 

Ele olha para os rolinhos e então para mim, quase como se pedisse autorização. Ergo uma sobrancelha em sua direção.

━ Seja feliz. 

━ Você tem certeza? Eu não gostaria de deixar você sem comida. ━ Eu apenas concordo com a cabeça. ━ Obrigado.

Compartilhamos a comida e continuamos conversando, uma pequena risada deixava meus lábios aqui e ali e, notei, um sorriso ameaçava deixar os lábios rosados e finos de Todoroki. Por algum motivo, me sentia à vontade com ele.

 Por algum motivo, me sentia à vontade com ele

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