CAPÍTULO 09

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Marianny Fontes Callegari

Com o passar dos seis meses, uma coisa me deixa triste em acabar o ensino médio

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Com o passar dos seis meses, uma coisa me deixa triste em acabar o ensino médio.

Eu tinha desculpa para sair de casa, agora não tenho mais.

Periodicamente, Ruan me enviava até a casa da minha mãe e elas estão realmente melhores sem mim.

Lanie está com a vaga de menor aprendiz e de manhã vende docinhos e a minha mãe começou faxinando, mas está crescendo hierarquicamente em seu serviço.

Bem José, está na escola e não entende muito as coisas de adulto.

Já é um ano sem o papai e quando volto pra favela, minha casa eu sempre choro.

Tentei negociar inúmeras vezes com Ruan sobre trabalhar, mas ele me parece inflexível em relação a isso.

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É o último dia de aula e Ruan me diz que não poderá ir porque provavelmente seu lado Panelinha precisa dele.

------Olha ela toda linda e solta hoje.

Babi a minha única amiga da escola sempre aproveita as faltas de Ruan para conversar comigo.

-----Mesmo eu passando mal até a alma?

-----Ihhhh o que está sentindo?

-----Tontura, enjoo, dor de cabeça!

-----Uai será que tá prenhe?

-----Não pelo menos eu acho que não.

-----Esta tomando seus remédios direitinho?

Bato com a mão na minha testa porque esqueci de pedir a Ruan para comprar.

Babi sempre me dava porque eu contei a ela sobre a virgindade e meu desespero só aumenta, já que nunca conversei com Ruan sobre nosso futuro.

-----Depois da aula vamos ao shopping e você faz o teste.

Babi sabia que eu tinha me casado, mas não sabia as condições e se eu dissesse que não ia, Ela questionaria o porque até acabar dando merda.

Tento ligar para Ruan na hora do intervalo e só da caixa postal.

Decido que vou e ele que se resolva com o celular dele que não pegou.

Pela minha cara, ficou muito óbvio que nunca tinha colocado os pés em um shopping para passear, já que quando papai não levava comida, era Lanie que ia digamos sempre.

Babi me levava de escada rolante pelos vários andares do shopping, entrávamos em loja e ofereciam suco de laranja pra gente enquanto experimentavamos várias roupa que nem tínhamos dinheiro para pagar.

As seis da tarde, entramos em uma drogaria e Babi compra o teste.

Fico olhando para o teste até que crio coragem de faze -lo.

Babi aguarda do lado de fora quando eu saio sem ter olhado o teste.

-----E aí?

-----Nao consegui ver. Eu estou tão desesperada.

-----Por que? Ruan parece tão incrível.

-----Eu só tenho dezoito.

Omito a verdade.

-----Eu tenho certeza que ele ficará feliz se for isso mesmo.

Babi me pede o teste e entrego a ela.

-----Viu só? POSITIVO. Em vermelho gritante.

Começo a chorar sem forças para lutar mais contra o meu desespero.

Babi chama um táxi pra gente e peço pra me deixar na casa da minha mãe.

Quando olho pro meu celular está sem bateria.

Quando me vê mamãe me da um abraço tão forte e apertado que me sinto ainda mais culpada.

-----Melanie está estudando a noite agora. Eu acho perigoso, mas ela e teimosa.

-----Ela vai se dar bem mãe, é uma boa menina.

Coloco o celular pra carregar e mamãe faz sopa.

Quanta saudade eu tinha dessa sopa.

Tomo um banho rápido e fico vendo televisão com a minha mãe até que acabo dormindo.

 

             ************

Quando volto a acordar já sao cinco da manhã e Melanie está embrulhando bombons junto de mamãe.

-----Essa e uma encomenda grande Melanie, deveríamos ter acordado ainda mais cedo para darmos conta.

-----Eu ajudo.

As duas pulam de susto com a mão no coração e eu ignoro lavando as mãos.

------Os que são  pra vender, vão.  para uma outra bandeja e a encomenda elas colocavam em uma forminha. ____Me explica Lanie.

------Ainda acho que não deveria confiar que esse menino do morro vai vir buscar. Sem contar que ele pode acabar com diabetes.

-----Acho que é para uma festinha mamãe e ele nunca me desrespeitou. Apenas compra os doces e vai embora. Tanto que nem sei seu nome. Eu só sei que mora na favela porque ele sempre vem da esquerda.

----Rum.

Quando terminamos já sao quase sete e minha mãe retira o avental pronta para ir trabalhar.

Dona Maria é bem magrinha por causa de seu problema de saúde é sei que só se faz de forte por causa da situação.

-----Mamae está tomando os medicamentos eu mesma me encarrego disso todo dia.

Olho para Melanie a minha frente e vejo o quanto ela cresceu.

-----'Pode ficar a vontade viu Mari e se quiser eu arrumo um serviço junto comigo pra você.

-----Ta bom mamae.

Com medo de voltar para casa eu fico por ali mais três dias e só então arrisco olhar o celular.

"MARIANNY ONDE VOCÊ ESTÁ?"

Essa era a última mensagem. Me torturo indo para a primeira.

"Não vou almoçar hoje. Beijo te amo"

"MARY o carro foi te buscar e não te achou. Aconteceu algo?"

"MARY não sabemos onde mais te procurar e ninguém viu você entrar na sua mãe ."

"MARY PELO AMOR DE DEUS ATENDE ESSE TELEFONE PELO AMOR DE DEUS"

Quando ia responder a mensagem, Uma outra chega.

"Ok. VOCÊ ESTÁ NA SUA MÃE, ENTÃO OU TU VOLTA PRA CASA EM DEZ MINUTOS, OU SEREI OBRIGADO A IR TE BUSCAR. FUI CLARO?"

"pode mandar ."

Coloco minhas coisas de volta na mochila e o teste está pesando ela mais do que qualquer outra coisa.

Não sei como enfrentar isso, na verdade eu deveria ter aprontado de verdade já que provavelmente terei que enfrentar sua fúria agora.

(Completo)Desafio-A História De Ruan CallegariWhere stories live. Discover now